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Autopublicação de livro nunca foi tão fácil, mas fama e dinheiro são escassos

Em Frankfurt

13/10/2014 13h55

Para qualquer escritor frustrado por rejeições de editoras ou querendo cortar intermediários, nunca houve um momento mais fácil ou mais barato de ser um autor autopublicado.

Uma série de plataformas gratuitas de autopublicação oferecidas por Amazon, Apple e especialistas como Smashwords criaram novas oportunidades e um enorme mercado tanto para desconhecidos que galgam lugares mais altos quanto para alguns escritores estabelecidos.

Louvada por alguns pois teria democratizado o mercado, e criticada por outros pois teria banalizado a cultura literária, a autopublicação transformou o que significa ser um escritor. Simplesmente enviar um arquivo PDF e gastar um pouco com o design da capa pode transformar qualquer um em um autor publicado em uma plataforma de livros digitais como o Kindle, da Amazon, recebendo até 70 por cento do preço de capa.

O papel tradicional das editoras - fazer a seleção entre vários manuscritos, editar os selecionados e criar o pacote, fazer o marketing e distribuir o livro finalizado - foi eliminado. As editoras, no entanto, não estão muito preocupadas. A autopublicação pode funcionar a favor delas também.

A escritora E.L. James é um exemplo. Seu livro "Cinquenta Tons de Cinza" foi autopublicado. A obra foi então selecionada pela Random House e se tornou o livro de formato brochura, conhecido como "paperback" nos Estados Unidos, com vendas mais rápidas de todos os tempos, impulsionando Erika ao topo da lista da Forbes de autores mais bem pagos em 2013.

Poucos escritores autopublicados verão esse tipo de sucesso. Mas aqueles que promoverem ativamente seus próprios trabalhos e definirem preços com perspicácia - às vezes tão baixos quanto 99 centavos por cópia - podem conseguir uma audiência de massa.

"Muitos livros autopublicados, embora não atendam os padrões que editoras estabelecidas podem desejar, são bons o bastante", disse o editor-chefe da revista online Publishing Perspectives, Edward Nawotka.

"Eles tem preços em um ponto que atende a demanda do leitor", disse ele à Reuters durante a feira de livros de Frankfurt. "Acredito que isso tenha ampliado o mercado para livros."

Cerca de meio milhão de títulos foram autopublicados somente nos Estados Unidos, um aumento de 17 por cento na comparação anual e um salto de 400 por cento ante 2008, de acordo com relatório publicado na semana passada pela empresa de informações bibliográficas Bowker.

Para se conseguir viver da escrita é preciso uma sorte incrível, ou determinação e senso de negócios, afirma a escritora alemã de ficção Ina Koerner. Ele vendeu mais de 300 mil livros pela Amazon sob o nome Marah Woolf.

"Você tem que entregar um livro a cada meio ano, caso contrário será esquecido", disse a autora de 42 anos, mãe de três filhos, à Reuters durante a feira, maior do gênero no mundo. "Eu escrevo para um mercado e o livro é um produto."

Ina vende seus livros a 2,99 euros (3,79 dólares). Ela fica com dois euros e a Amazon com o restante.