TIM vê espaço grande para ampliar margem, vê fraquezas da Oi como oportunidade
SÃO PAULO (Reuters) - A operadora de telecomunicações TIM considera que ainda tem bastante espaço para elevar a margem de lucro de 37 por cento obtida no terceiro trimestre deste ano e pretende tornar um hábito da empresa o pagamento de juros sobre capital próprio a acionistas, disse o presidente da empresa, Stefano De Angelis, nesta quarta-feira.
O executivo não mencionou durante teleconferência com analistas e jornalistas que valor a margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) poderá atingir nos próximos trimestres, mas citou ações da empresa para reduzir custos. Entre as ações estão projetos para digitalização.
"Tem bastante espaço para continuar crescendo (a margem). Este ano vamos gastar cerca de 700 milhões de reais em gestão de base, com uma digitalização completa esse custo seria quase que zerado", disse Angelis, referindo-se a atividades de cobrança de clientes por exemplo.
"Temos projetos para que este valor possa se reduzir no médio prazo de forma expressiva e isso vai virar ganho puro de vários pontos percentuais no Ebitda", acrescentou.
Segundo o executivo, além das ações em gestão de base, a empresa deverá gastar este ano 600 milhões de reais em comissão para vendedores de recarga de clientes. "Pagamos 7 por cento aos distribuidores e com canais digitais isso poderia ser reduzido", afirmou Angelis.
No período de julho a setembro deste ano, a margem Ebitda da TIM cresceu pelo 16º trimestre consecutivo.
As ações da TIM estavam entre os principais destaques de alta do Ibovespa nesta quarta-feira, exibindo às 11:53 valorização de 3,2 por cento.
Angelis afirmou que a empresa vai pagar ainda em novembro 190 milhões de reais em juros sobre capital próprio e que o valor, não previsto no orçamento da empresa, representa um "aquecimento" sobre as próximas distribuições aos acionistas depois que a empresa conseguiu reverter este ano um fluxo de caixa líquido negativo registrado no ano passado.
Questionado sobre o quanto do crescimento da empresa deve-se à fraqueza da rival em recuperação judicial Oi, Angelis comentou que a Oi não tem investido em 4G e nos segmentos de mais alto valor do mercado e que isso é uma oportunidade para a TIM, que está buscando ampliar sua cobertura de banda larga móvel no país e também de fibra óptica.
"Temos hoje uma oportunidade no segmento de pós-pago e no segmento de alto valor, por outro lado a Oi está tendo estratégia bastante agressiva em serviços tradicionais e nas regiões mais fortes deles como Nordeste, onde estão aumentando participação de mercado", disse Angelis.
"Como somatório, estamos ganhando na parte de alto valor e em pós-pago e vemos a Oi como uma empresa muito ativa ainda em pré-pago", acrescentou.
O presidente da TIM afirmou que a empresa não tem estudos no momento sobre nenhuma fusão e aquisição e que os ativos da Oi, devido à situação incerta da operadora, não interessam. A Oi tem assembleia de credores marcada para o próximo dia 10 e ainda não conseguiu um entendimento prévio com a maior parte de seus principais detentores de títulos.
"Temos interesse em crescer em infraestrutura de rede, participação no mercado e queremos fazer isso de forma orgânica e, se houver oportunidade, de forma inorgânica", disse o presidente da TIM.
Sobre 2018, o executivo evitou fazer projeções, mas avaliou que o mercado de telecomunicações deverá crescer um dígito baixo.
(Por Alberto Alerigi Jr., edição Maria Pia Palermo)
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