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Facebook encara dilema para moderar conteúdo falso sobre vacina de covid-19

Estúdio Rebimboca/UOL
Imagem: Estúdio Rebimboca/UOL

Elizabeth Culliford e Gabriella Borter

Da Reuters, em Londres e Nova York

07/08/2020 11h40

Desde que a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou o novo coronavírus uma emergência internacional de saúde em janeiro, o Facebook removeu mais de 7 milhões de publicações com falsas alegações sobre o vírus que poderiam representar um risco imediato à saúde das pessoas que acreditam nelas.

Mas na maioria dos casos o Facebook não remove informações falsas sobre as vacinas de covid-19 que ainda estão em desenvolvimento, de acordo com o chefe de política de vacinas da empresa, Jason Hirsch, com o argumento de que tais alegações não atendem ao seu limite iminente de danos.

Hirsch disse à Reuters que a empresa está "enfrentando" o dilema de como policiar as reivindicações sobre novas vacinas ainda não comprovadas.

"Há um limite para o que podemos fazer até que os fatos se tornem mais concretos", disse Hirsch em entrevista à Reuters, falando publicamente pela primeira vez sobre o tema.

Traçar a linha entre verdadeiro e falso também é mais complexo para as vacinas do vírus do que com o conteúdo sobre vacinas com um histórico de segurança já estabelecido, disseram verificadores de fatos à Reuters.

Embora não se espere que as primeiras vacinas entrem no mercado por meses, as pesquisas mostram que muitos norte-americanos já estão preocupados em tomar uma nova vacina, que está sendo desenvolvida em um ritmo recorde.

Cerca de 28% dos norte-americanos dizem que não estão interessados em receber a vacina, de acordo com uma pesquisa da Reuters/Ipsos realizada entre 15 e 21 de julho. Entre eles, mais de 50% disseram estar nervosos com a velocidade do desenvolvimento. Mais de um terço disse que não confiava nas pessoas por trás do desenvolvimento da vacina.

Um grupo público do Facebook chamado "REFUSE CORONA V@X AND SCREW BILL GATES", referente ao bilionário cuja fundação está ajudando a financiar o desenvolvimento de vacinas, foi iniciado em abril por Michael Schneider, um homem de 42 anos de Waukesha, Wisconsin. O grupo foi um dos mais de uma dúzia criados nos últimos meses dedicados a fazer oposição à vacina, segundo a Reuters.

As publicações sobre a vacina de covid-19 que foram rotuladas no Facebook como contendo "informações falsas", mas não removidas, incluem uma de Schneider, vinculada a um vídeo do YouTube que alegava que a vacina alteraria o DNA das pessoas, além de outra que alegava que a vacina infectaria pessoas com coronavírus.

O Facebook disse que essas publicações não violam suas políticas relacionadas a danos iminentes. "Se simplesmente removêssemos todas as teorias da conspiração, elas existiriam em outros lugares da internet e em um ecossistema de mídia social mais amplo. Isso ajuda a dar mais contexto quando essas informações falsas aparecem em outros lugares", disse uma porta-voz.

O Facebook não rotula ou remove publicações ou anúncios que expressam oposição a vacinas caso elas não tenham alegações falsas. Hirsch disse que o Facebook acredita que os usuários devem expressar opiniões pessoais e que uma censura mais agressiva às opiniões contra a vacina também pode levar as pessoas hesitantes em relação ao tópico para o movimento antivacina.