EUA investigam Huawei por equipamentos perto de bases de mísseis
Por Alexandra Alper
WASHINGTON (Reuters) - O governo dos Estados Unidos está investigando a chinesa de Huawei por preocupações de que torres de celular no país que usam seus equipamentos de telecomunicações possam capturar informações confidenciais de bases militares e silos de mísseis que a empresa poderia transmitir para a China, disseram duas pessoas familiarizadas com o assunto.
As autoridades temem que a Huawei possa obter dados confidenciais sobre exercícios militares e o status de prontidão de bases e pessoal por meio do equipamento, disse uma das pessoas, pedindo anonimato porque a investigação é confidencial e envolve segurança nacional.
A investigação foi aberta pelo Departamento de Comércio no início do ano passado, disseram as fontes, após a implementação de regras para detalhar uma ordem executiva de maio de 2019 que deu à agência autoridade investigativa.
A agência intimou a Huawei em abril de 2021 para saber a política da empresa de compartilhar dados com estrangeiros que seu equipamento poderia capturar de telefones celulares, incluindo mensagens e dados de geolocalização, de acordo com o documento de 10 páginas visto pela Reuters.
O Departamento de Comércio disse que não poderia "confirmar ou negar investigações em andamento".
A Huawei não respondeu a um pedido de comentário. A empresa negou veementemente alegações do governo dos EUA de que espiona clientes dos EUA e representa uma ameaça à segurança nacional.
A embaixada chinesa em Washington não respondeu às alegações específicas, mas afirmou por e-mail: "O governo dos EUA abusa do conceito de segurança nacional e poder estatal para fazer tudo para suprimir a Huawei e outras empresas de telecomunicações chinesas sem fornecer nenhuma prova sólida de que constituem uma ameaça à segurança dos EUA e de outros países".
Oito atuais e ex-funcionários do governo dos EUA disseram que a investigação reflete preocupações persistentes de segurança nacional sobre a empresa, que já foi atingida por uma série de restrições dos EUA nos últimos anos.
Se o Departamento de Comércio determinar que a Huawei representa uma ameaça à segurança nacional, pode ir além das restrições impostas pela Federal Communications Commission (FCC), regulador de telecomunicações dos EUA.
Dotada de novos poderes criados no governo Donald Trump, a agência pode proibir todas as transações dos EUA com a Huawei, exigindo que as operadoras de telecomunicações no país que ainda dependem de seus equipamentos removam os mesmos rapidamente, ou enfrentem multas ou outras penalidades.
A Reuters não conseguiu determinar se o equipamento da Huawei é capaz de coletar esse tipo de informação sensível e fornecê-la à China.
"Se você pode colocar um receptor em uma torre (de celular), pode coletar sinais e obter inteligência. Nenhuma agência de inteligência deixaria passar uma oportunidade como essa", disse Jim Lewis, especialista em tecnologia e segurança cibernética do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais.
Um movimento para lidar com a ameaça foi uma lei de 2019 que proíbe empresas dos EUA de usar subsídios federais para comprar equipamentos de telecomunicações da Huawei.
Mas as proibições não entrarão em vigor até meados de 2023.
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