Polícia Federal faz operação contra crimes envolvendo negociação de criptoativos
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira, com o apoio da Receita Federal, operação para reprimir crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro e associação criminosa envolvendo negociação de criptoativos, apurados de 2017 a 2021, mas que continuam acontecendo.
A "Operação Colossus" incluiu duas ordens judiciais de prisão preventiva e 37 pedidos de busca e apreensão - sendo 22 pessoas físicas e 15 pessoas jurídicas, incluindo seis exchanges, quatro instituições financeiras e três escritórios de contabilidade.
De acordo com a PF, também foi determinado o bloqueio de bens e valores dos investigados no valor aproximado de 1,25 bilhão de reais e o sequestro de ativos virtuais titularizados pelos investigados e que, eventualmente, estejam na posse de 28 exchanges, com atuação no Brasil e no exterior.
As autoridades não informaram os nomes das pessoas e empresas.
A PF afirmou que um dos grupos investigados é de arbitradores que eram responsáveis pela aquisição de grandes quantidades de ativos virtuais no exterior, em países como Estados Unidos, Cingapura e Hong Kong, e a sua venda no Brasil. Mais de 18 bilhões de reais foram enviados ao exterior, disse.
"As investigações apontaram que parte da documentação apresentada aos bancos possui indícios de desvio de finalidade", afirmou a PF.
Também sob apuração estão exchanges que compravam os ativos virtuais dos arbitradores e revendiam para pessoas físicas e jurídicas, "com fortes indícios de envolvimento em ilícitos antecedentes".
Um outro grupo sob investigação é formado por empresas de fachada que adquiriam os criptoativos das exchanges com a finalidade de lavagem de dinheiro.
"Chama atenção o fato de dentre os clientes dessas existirem pessoas mortas, beneficiários de programas assistenciais, idosos com mais de 90 anos de idade, doleiros, contrabandistas e comerciantes de bairros de comércio popular de diversas cidades do país, em especial do Brás e da 25 de Março em São Paulo."
A PF disse que foi possível apurar a conexão dos fatos investigados com operações já realizadas que miravam crimes relacionados ao tráfico internacional de drogas, organização criminosa, crimes contra o sistema financeiro nacional, pirâmides financeiras e lavagem de dinheiro.
Após cada operação policial realizada, disse o órgão, as empresas de fachada comprometidas eram fechadas e novas eram abertas, de modo a viabilizar a continuidade da movimentação dos valores de origem ilícita. Há casos de empresas de fachada que já estão na terceira geração.
"Levantou-se que em um período de quatro anos os investigados movimentaram mais de 61 bilhões de reais através do sistema bancário formal", segundo a PF, acrescentando que, ao todo, mais de 40 instituições financeiras movimentaram recursos dos investigados.
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