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Conselho de supervisão da Meta diz para empresa permitir mensagens de "morte a Khamenei"

09/01/2023 09h40

Por Katie Paul

PALO ALTO, Estados Unidos (Reuters) - O conselho de supervisão da Meta anulou nesta segunda-feira decisão da empresa de remover uma publicação do Facebook que usava o slogan "morte a Khamenei" para criticar o líder iraniano, dizendo que a mensagem não violou regra que proíbe ameaças violentas.

O conselho, que é financiado pela Meta, mas opera de forma independente, disse que a frase é frequentemente usada para significar "abaixo Khamenei" em referência ao líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, que vem liderando uma violenta repressão aos protestos em todo o país nos últimos meses.

O grupo também defendeu que a empresa desenvolva melhores maneiras de incluir esse contexto em suas políticas de conteúdo e defina claramente quando ameaças retóricas contra chefes de Estado são permitidas.

"No contexto do cargo e da situação social, política e linguística mais ampla no Irã, 'marg bar Khamenei' deve ser entendido como 'abaixo'. É um slogan retórico e político, não uma ameaça crível", disse o conselho de supervisão da Meta, dona do Facebook, do Instagram e do Whatsapp.

O Irã tem sido dominado por manifestações desde meados de setembro, após a morte de uma iraniana curda de 22 anos, presa por usar "trajes inadequados" sob o rígido código de vestimenta do país para mulheres.

A Meta proíbe linguagem que incita "violência grave", mas afirma que tenta evitar exageros, limitando a aplicação da regra a ameaças críveis e deixando, com isso, ambiguidade sobre quando, como e contra quem a norma se aplica.

Depois que a Rússia invadiu a Ucrânia no ano passado, por exemplo, a Meta introduziu uma isenção temporária para permitir pedidos de morte ao presidente russo, Vladimir Putin, com o objetivo de dar aos usuários da região espaço para expressar sua raiva pela guerra. No entanto, dias depois, reverteu a flexibilização depois que a Reuters publico sobre sua existência.

O conselho de supervisão da Meta afirmou que a decisão sobre as mensagens contra Khamenei difere da adotada sobre o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro do ano passado, pois, no entender do grupo, políticos norte-americanos ficaram sob "claro risco" diante do contexto pós-eleitoral dos Estados Unidos e "morte a", em inglês, não é um comentário retórico.

Nesta segunda-feira, a Meta disse que está removendo de suas plataformas conteúdo de apoio ou exaltação ao ataque contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília, perpetrado por golpistas bolsonaristas no domingo.