Topo

Mercado Livre eleva investimento no Brasil a R$19 bi em 2023

16/03/2023 09h18

Por Andre Romani

SÃO PAULO (Reuters) - O Mercado Livre informou nesta quinta-feira que orçou investimento de 19 bilhões de reais para 2023 no Brasil, um crescimento de 11,5% sobre o injetado na operação no país no ano passado.

O maior portal de comércio eletrônico da América Latina, que em 2018 havia investido 1 bilhão de reais no país, escalou a aposta no Brasil nos últimos anos, em especial após a pandemia de Covid-19 acelerar a demanda no comércio eletrônico. O número de investimentos, como nos anos anteriores, inclui também certas linhas de gastos vistos como estratégicos.

Ainda que o patamar de investimento previsto para 2023 seja quase 20 vezes maior do que há cinco anos, a alta de 11,5% frente ao ano passado mostra uma desaceleração, uma vez que em 2022 os recursos empenhados haviam subido 70%.

"Teve um salto muito grande, por um momento de grande oportunidade", disse o vice-presidente sênior da área de comércio eletrônico do Mercado Livre e chefe da operação da companhia no Brasil, Fernando Yunes, à Reuters, acrescentando que a empresa projeta um crescimento de vendas e margens no país neste ano como resultado de aportes recentes.

Yunes afirmou que uma das avenidas de investimento será em logística, à medida que o Mercado Livre planeja aumentar sua capacidade com novos centros de distribuição e maior frota de aviões. O objetivo, segundo ele, é entrar em mais cidades e elevar as entregas feitas em até um dia - que atualmente representam cerca de 50% do total.

O executivo não detalhou a magnitude da ampliação de capacidade logística planejada e o Mercado Livre não divulga o quanto será investido em cada área da empresa.

Em Nova York, os papéis da empresa mostravam acréscimo de 0,3%, a 1.192,78 dólares.

MERCADO PAGO

No Mercado Pago, braço financeiro do Mercado Livre, a empresa quer avançar em novos produtos, como na parte de ofertas de investimentos, disse ele. Em meados do ano passado, a companhia lançou uma moeda digital chamada MercadoCoin.

Um outro foco dos investimentos é em tecnologia, área na qual a empresa espera adicionar cerca de 2 mil desenvolvedores neste ano, de acordo com ele. Atualmente, são cerca de 15 mil desenvolvedores na companhia.

"Vemos isso como um grande potencial competitivo, é como se fosse ao mesmo tempo nossa fábrica e nossa área de inovação", disse Yunes. Ele explica que a frente serve, por exemplo, para criar automações que ajudam o Mercado Livre a prever o nível de vendas por região e produto.

O Mercado Ads, plataforma para terceiros comprarem espaço de publicidade no Mercado Livre, e a área de marketing são outros segmentos a serem contemplados pelos investimentos, de acordo com Yunes, que também prevê contratações, sem detalhar.

Ele afirmou que, mesmo com o aumento dos investimentos, o Mercado Livre espera uma leve elevação na margem operacional deste ano no Brasil frente a 2022. "Não é um salto de margem, é um pouco maior."

Questionado sobre potencial ganho de participação de mercado diante da crise da rival Americanas, Yunes disse que "aumentou um pouco a velocidade no primeiro trimestre", já que "na hora que uma empresa muito grande desacelera de forma brusca os clientes acabam buscando outros locais".

No entanto, ele afirmou que, no longo prazo, o ganho de mercado dependerá muito de como a Americanas passará pela crise.

Yunes também voltou a reiterar que o Mercado Livre não tem exposição ao Silicon Valley Bank, banco norte-americano que financiava empresas de tecnologia e quebrou na última semana.