Guerra por talentos em inteligência artificial se acirra na Europa

Por Martin Coulter

LONDRES (Reuters) - Um fluxo de startups de inteligência artificial está esquentando a batalha por talentos técnicos na Europa, fazendo com que empresas como Google DeepMind tenham que escolher entre pagar muito ou perder as melhores mentes da região.

O sucesso estrondoso do ChatGPT, da OpenAI, animou investidores, que estão injetando dinheiro em startups de IA que avaliam como promissoras, ansiosos por descobrir o próximo sucesso da noite para o dia.

Aproveitando a onda de investimentos, um grupo de empresas estrangeiras de IA - incluindo a canadense Cohere e as norte-americanas Anthropic e OpenAI - abriu escritórios na Europa no ano passado, aumentando a pressão sobre as empresas de tecnologia que já estão tentando atrair e reter talentos na região.

Fundada em 2010 e adquirida pelo Google em 2014, a DeepMind, sediada em Londres, fez seu nome aplicando IA a tudo, desde jogos de tabuleiro até biologia estrutural.

Agora, a empresa enfrenta uma série de rivais bem financiados, enquanto um número crescente de seus funcionários se demitiu para lançar seus próprios negócios.

As recentes saídas incluem o cofundador Mustafa Suleyman, que saiu para criar a Inflection AI, sediada na Califórnia, ao lado do bilionário do LinkedIn Reid Hoffman, e o cientista pesquisador Arthur Mensch, agora presidente-executivo da Mistral AI. Ambas as empresas receberam avaliações de vários bilhões de dólares no curto período em que estiveram ativas.

Em um aparente esforço para desencorajar os funcionários a se juntarem a outras empresas ou abrirem suas próprias companhias, a DeepMind deu a um punhado de pesquisadores sêniores acesso a ações restritas, no valor de milhões de dólares, no início deste ano, de acordo com uma fonte familiarizada com o assunto.

"É um espaço competitivo, com certeza", disse um porta-voz da DeepMind à Reuters, acrescentando que a empresa "continua a se sair bem na atração e no desenvolvimento de talentos".

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DIFERENÇA DIMINUI

De acordo com a empresa de busca de executivos Avery Fairbank, houve um "aumento exponencial" na remuneração de funcionários de alto escalão das empresas de IA no Reino Unido no último ano.

"A entrada de gigantes estrangeiros de IA, como Anthropic e Cohere, no mercado londrino acirrará ainda mais a competição por talentos de IA", disse Charlie Fairbank, diretor administrativo da empresa.

Executivos com salários-base de cerca de 350 mil libras viram os pacotes salariais saltarem entre 50 mil e 100 mil libras, segundo ele.

A Cohere, que projeta chatbots e outras ferramentas para seus clientes, contratou Phil Blunsom, pesquisador líder da DeepMind por sete anos, como seu cientista-chefe em 2022. Sebastian Ruder também se juntou à Cohere vindo da DeepMind em janeiro.

"É raro encontrar uma empresa que esteja construindo um grande negócio do zero, com muitas das principais mentes do setor", disse ele à Reuters. "Quando esse tipo de chance aparece, você aproveita." Ruder se recusou a comentar quando questionado sobre seu salário.

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Ekaterina Almasque, sócia geral da empresa de capital de risco OpenOcean, disse que a DeepMind não é mais a "líder distante no campo".

"Todas essas empresas estão competindo pelo mesmo grupo de talentos e, com a escassez de habilidades em IA, isso é cada vez mais um lago do que um oceano."

Suleyman começou recentemente a recrutar uma equipe técnica baseada em Londres para a Inflection AI, enquanto a Mistral, de Mensch, tornou-se rapidamente uma das startups mais badaladas do continente, levantando 415 milhões de dólares em financiamento em dezembro.

A Mistral não quis comentar e a Inflection não respondeu a um pedido de comentário.

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