Grupo europeu acusa Microsoft de transferir função de dados de crianças para escolas
Por Foo Yun Chee
BRUXELAS (Reuters) - A Microsoft está transferindo suas responsabilidades pelos dados pessoais das crianças para as escolas que não estão equipadas para lidar com isso, alega o grupo ativista NOYB em uma das duas reclamações apresentadas ao órgão de vigilância de privacidade da Áustria.
Relacionadas
As reclamações contra o software de educação online da Microsoft são as mais recentes queixas apresentadas contra a gigante da tecnologia por rivais e ativistas.
As queixas da NOYB (None of your business, cuja tradução ao português é "Não é da sua conta") se concentram no pacote de programas para estudantes 365 Education, da Microsoft , que incluem Word, Excel, Teams, PowerPoint e Outlook.
Em sua primeira reclamação, o grupo alega que a Microsoft transfere sua responsabilidade como controladora de dados, exigida para processar os dados pessoais dos usuários de acordo com as regras de privacidade da UE conhecidas como Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR, na sigla em inglês), para as escolas, que não possuem os recursos necessários.
"De acordo com o sistema atual que a Microsoft está impondo às escolas, sua escola teria que auditar a Microsoft ou dar a ela instruções sobre como processar os dados dos alunos. Todos sabem que tais acordos contratuais estão fora de contato com a realidade", disse o advogado da NOYB, Maartje de Graaf.
"Isso nada mais é do que uma tentativa de transferir a responsabilidade pelos dados das crianças para o mais longe possível da Microsoft", disse ela.
A Microsoft disse que ficaria feliz em responder a quaisquer perguntas das agências de proteção de dados com relação às reclamações da NOYB.
"O M365 for Education está em conformidade com o GDPR e outras leis de privacidade aplicáveis e protegemos completamente a privacidade de nossos jovens usuários", disse um porta-voz da Microsoft.
A segunda reclamação da NOYB se concentra nos cookies instalados no 365 Education. Os anunciantes usam cookies para rastrear as atividades dos consumidores.
"Nossa análise dos fluxos de dados é muito preocupante. O Microsoft 365 Education parece rastrear os usuários independentemente de sua idade. É provável que essa prática afete centenas de milhares de alunos e estudantes na UE e no EEE (Espaço Econômico Europeu)", disse o advogado da NOYB, Felix Mikolasch.