Custos da Microsoft ficam no foco à medida que aumentam temores sobre lento retorno da IA
Por Aditya Soni
(Reuters) - Os investidores da Microsoft terão uma grande dúvida quando a gigante da tecnologia divulgar seus lucros na terça-feira: o crescimento de seu negócio de computação em nuvem Azure aumentou o suficiente para justificar os bilhões de dólares gastos em infraestrutura de inteligência artificial?
Amplamente vista como a líder na corrida para ganhar dinheiro com a IA, graças à sua parceria com a OpenAI, fabricante do ChatGPT, a Microsoft deve informar que o crescimento do Azure permaneceu estável na comparação trimestral, em cerca de 31% entre abril e junho, de acordo com dados da Visible Alpha.
Isso estaria em linha com a previsão da empresa, mas os investidores estão esperando uma contribuição maior de seu negócio de IA no quarto trimestre fiscal, depois de ter sido responsável por 7 pontos percentuais do crescimento do Azure nos primeiros três meses do ano.
Os gastos de capital da Microsoft provavelmente aumentaram cerca de 53% em relação ao ano anterior, para 13,64 bilhões de dólares no período, de acordo com 16 analistas consultados pela LSEG. Um grande avanço em relação aos 10,95 bilhões de dólares em gastos registrados no trimestre anterior.
O temor de que os gastos excessivos dos gigantes da tecnologia com data centers produzam poucos resultados no curto prazo tem atormentado o mercado de ações dos Estados Unidos este mês, em meio a sinais de que Wall Street pode ter se tornado otimista demais em relação ao crescimento dos lucros.
As ações da Alphabet, controladora do Google, caíram mais de 5% na semana passada, depois que a empresa divulgou um gasto de capital trimestral que excedeu as estimativas em quase 1 bilhão de dólares, enquanto o aumento da receita das integrações de IA permaneceu modesto, provocando uma venda de ações das principais empresas de tecnologia.
A Alphabet disse que suas despesas de capital trimestrais permaneceriam altas até o final de 2024, em um valor igual ou superior a 12 bilhões de dólares.
"Os investidores estarão muito concentrados na capacidade da Microsoft de continuar a acelerar o crescimento da receita, especialmente a parte relacionada à IA. Se a aceleração da receita não se materializar e os aumentos no capex continuarem, os investidores podem ficar desapontados", disse Gil Luria, analista sênior da DA Davidson.
A Microsoft disse que precisa gastar em data centers agora para superar as restrições de capacidade que estão prejudicando sua capacidade de capitalizar a demanda de IA.
Sua visão ecoa a de outras empresas de tecnologia, incluindo a Alphabet. O presidente-executivo da empresa controladora do Google, Sundar Pichai, disse na semana passada que "o risco de subinvestir (em infraestrutura de IA) é dramaticamente maior do que o risco de investir demais".
O aumento dos gastos permitiu à Microsoft atrair mais negócios de sua grande base de clientes corporativos, oferecendo acesso ampliado ao seu serviço de nuvem de IA e lançando recursos como o assistente 365 Copilot para Word e Excel.
A Microsoft disse que o serviço Copilot de 30 dólares por mês, que pode resumir pilhas de e-mails em alguns pontos ou completar rapidamente linhas de código de computador, é usado por metade das empresas da Fortune 500.
No entanto, a gigante da tecnologia sediada em Redmond, Washington, ainda não divulgou a contribuição da receita do serviço, e os analistas acreditam que o impacto do Copilot será mais evidente na segunda metade do ano civil de 2024.
"Embora muito foco tenha sido dado a aplicativos voltados para o consumidor, como o ChatGPT, (IA generativa) é potencialmente uma oportunidade maior para empresas e a Microsoft está incrivelmente bem posicionada para capitalizar sua base de instalação", disse Igor Tishin, analista da Harding Loevner, uma gestora de ativos de 55 bilhões de dólares que conta com a Microsoft e a Alphabet entre suas maiores participações.
Newsletter
Um boletim com as novidades e lançamentos da semana e um papo sobre novas tecnologias. Toda sexta.
Quero receberAs ações da Microsoft subiram cerca de 13% este ano, acrescentando mais de 350 bilhões de dólares ao valor de mercado da empresa. As ações atingiram um recorde de alta em 5 de julho, mas caíram quase 9% na recente onde de vendas de ações do setor de tecnologia. Seu desempenho foi inferior ao aumento de 14,5% do S&P 500 este ano.
Espera-se que a empresa registre um aumento de 14,6% na receita geral para o período de abril a junho, em comparação com o crescimento de 17% no trimestre anterior.
Isso se deve principalmente ao crescimento mais lento em seu negócio de computação pessoal, que inclui o Windows e a divisão de jogos Xbox. O negócio de produtividade -- que abriga o pacote de aplicativos Office, o LinkedIn e o 365 Copilot -- deve registrar um crescimento de cerca de 10%.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.