Tether lançará stablecoin atrelada à moeda dos Emirados Árabes Unidos
Por Federico Maccioni e Catherine Cartier
DUBAI (Reuters) - A empresa de criptomoedas Tether disse nesta quarta-feira que lançará uma stablecoin atrelada ao dirham dos Emirados Árabes Unidos (EAU), buscando aproveitar a demanda pela moeda do Golfo Pérsico e interesse de investidores por alternativas ao dólar norte-americano.
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Stablecoins são moedas digitais projetadas para manter um valor constante e que são lastreadas por moedas tradicionais, como o dólar norte-americano ou o euro. As stablecoins têm passado por rápido crescimento, tanto como forma de pagamento quanto entre operadores que querem comprar e vender criptomoedas, como o bitcoin, fora do sistema bancário regulamentado.
A Tether opera a maior stablecoin do mundo com seu token homônimo indexado ao dólar (USDT), projetado para manter o valor de 1 dólar.
"O principal objetivo é, na verdade, criar uma opcionalidade em relação ao dólar americano", disse o presidente-executivo da Tether, Paolo Ardoino, sobre a stablecoin atrelada ao dirham. O anúncio foi feito durante um evento em Dubai e Ardoino acrescentou que acredita que o dirham possa se tornar uma moeda preferida à medida que o comércio global mude.
"Vemos muito interesse em manter o AED (dirham) fora dos Emirados Árabes Unidos", disse ele, citando a estabilidade e a segurança do país e de suas contas públicas. O dirham, como a maioria das moedas do Golfo, está atrelado ao dólar.
Os Emirados Árabes Unidos estão se esforçando para se tornar um centro global para o setor de criptomoedas, à medida que a concorrência econômica se aquece na região do Golfo.
O país tem sido rápido em permitir pagamentos com criptomoedas em áreas como imóveis e mensalidades escolares, aumentando as taxas de adoção e os volumes de transações enquanto desenvolve a regulamentação de ativos virtuais tanto na capital Abu Dhabi quanto em Dubai.
A Tether também fornece stablecoins atreladas ao euro, ao iuan, ao peso mexicano e ao ouro.
Os órgãos reguladores temem que as crescentes reservas de stablecoins exponham o sistema financeiro mais amplo a riscos maiores. Os Estados Unidos afirmam que pode haver uma rápida saída de recursos se os detentores se apressarem em trocar os tokens por moedas tradicionais.
FOCO NOS MERCADOS EMERGENTES
Ardoino disse à Reuters em abril que o recente crescimento do Tether está sendo impulsionado por seu uso como alternativa ao dólar em mercados emergentes como Argentina, Brasil, Turquia, Vietnã e partes da África, onde o dólar às vezes pode ser escasso.
A Tether disse em comunicado nesta quarta-feira que o dirham stablecoin seria "totalmente apoiado" por reservas líquidas baseadas nos Emirados Árabes Unidos.
A stablecoin será lançada em colaboração com o conglomerado de criptomineração e blockchain listado em Abu Dhabi Phoenix Group e conta com apoio da empresa de investimentos Green Acorn, disseram a Tether e o Phoenix.
A nova stablecoin tem como objetivo "simplificar o comércio internacional e as remessas, reduzir as taxas de transação e fornecer uma proteção contra as flutuações da moeda", de acordo com o comunicado.
As duas empresas não informaram uma data de lançamento, mas Ardoino disse que o licenciamento pelo banco central dos Emirados Árabes Unidos levará alguns meses.
O cofundador e presidente-executivo do Phoenix Group, Seyed Mohammad Alizadehfard, também disse que a plataforma de blockchain que dará suporte à stablecoin ainda não foi selecionada.