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Possível compra da Intel pela Qualcomm pode gerar preocupações antitruste

23/09/2024 14h02

Por Aditya Soni e Yuvraj Malik

(Reuters) - Um possível acordo para a compra da Intel pode acelerar a diversificação da Qualcomm, mas sobrecarregará a fabricante de chips para smartphones com uma unidade de fabricação de semicondutores deficitária, que ela poderá ter dificuldades para reestruturar ou vender, disseram analistas.

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Uma compra também enfrentará um duro exame por parte de autoridades de defesa da concorrência em todo o mundo, pois unirá duas grandes empresas, criando um gigante global com uma forte participação nos mercados de smartphones, computadores pessoais e servidores.

As ações da Intel subiam 2,5% nesta tarde, após publicações da mídia na sexta-feira sobre a abordagem em estágio inicial da Qualcomm pela empresa. As ações da Qualcomm caíam 2%.

"Os rumores de um acordo entre Qualcomm e Intel são intrigantes em muitos níveis e de uma perspectiva puramente de produto fazem certo sentido, já que elas têm várias linhas de produtos complementares", disse Bob O'Donnell, fundador da TECHnalysis Research.

"No entanto, a probabilidade de que isso realmente ocorra é muito baixa. Além disso, é improvável que a Qualcomm queira toda a Intel e tentar separar o negócio de produtos da divisão de fundição neste momento simplesmente não seria possível", disse ele.

Outrora a força dominante na indústria de chips, a Intel, com cinco décadas de existência, está enfrentando um de seus piores períodos, à medida que as perdas aumentam na unidade de fabricação por contrato que está construindo para competir com a taiuanesa TSMC.

O valor de mercado da Intel caiu abaixo de 100 bilhões de dólares pela primeira vez em três décadas, com a empresa perdendo o boom da inteligência artificial generativa depois de deixar passar um investimento na OpenAI, criadora do chatGPT A Qualcomm, enquanto isso, tem um valor de cerca de 190 bilhões de dólares.

Considerando que a Qualcomm tinha cerca de 7,77 bilhões de dólares em caixa e equivalentes em 23 de junho, analistas esperam que um negócio entre as duas seja financiado principalmente por meio de ações. Com isso, uma transação envolvendo Qualcomm e Intel seria altamente diluidora para os investidores da Qualcomm.

A Qualcomm, que também fornece para a Apple, acelerou esforços de expansão para além de seu principal negócio de smartphones, com chips para setores como automotivo e de PCs, sob o comando do presidente-executivo Cristiano Amon. No entanto, a empresa continua muito dependente do mercado de telefonia móvel, que enfrentou dificuldades nos últimos anos devido à queda na demanda por aparelhos no pós-pandemia.

Amon está pessoalmente envolvido nas negociações com a Intel e vem examinando várias opções para um acordo com a empresa, disseram fontes à Reuters.

Essa não é a primeira vez que a Qualcomm está buscando uma grande aquisição. A empresa tentou a compra da rival NXP Semiconductors por 44 bilhões de dólares em 2016, mas abandonou a oferta dois anos depois, após não conseguir obter a aprovação dos órgãos reguladores chineses.

Enquanto a Intel projeta e fabrica seus chips que equipam computadores pessoais e data centers, a Qualcomm nunca operou uma fábrica de chips. A empresa usa fabricantes contratados, como a TSMC, e projetos e outras tecnologias fornecidas pela Arm Holdings.

De acordo com os analistas, a Qualcomm não tem a experiência necessária para impulsionar o incipiente negócio de fundição da Intel, que recentemente nomeou a Amazon.com como seu primeiro grande cliente.

"Não sabemos por que a Qualcomm seria uma proprietária melhor para esses ativos", disse Stacy Rasgon, da Bernstein.

"Também não vemos um cenário sem esses ativos; não achamos que outra companhia queira realmente administrá-los e acreditamos que é improvável que o desmantelamento seja politicamente viável", acrescentou.

O negócio de fundição da Intel é considerado crucial para a meta de Washington de aumentar a fabricação de chips nos EUA. A Intel garantiu cerca de 19,5 bilhões de dólares em concessões e empréstimos federais sob a Lei CHIPS para construir e expandir fábricas em quatro Estados dos EUA.

Alguns analistas disseram que a Intel preferiria investimentos externos em vez de uma venda, apontando para um movimento recente para tornar o negócio de fundição mais independente.

A Qualcomm também poderia decidir comprar partes dos negócios da Intel, em vez de toda a empresa. A Reuters informou no início deste mês que a Qualcomm tinha interesse especial na unidade de design de PCs da Intel.

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