Fósseis de fezes e vômitos podem explicar supremacia dos dinossauros

A maneira pela qual os dinossauros perderam o seu longo domínio na Terra é conhecida. Um asteroide atingiu o planeta 66 milhões de anos atrás, desencadeando uma extinção em massa terrível. Já como os dinossauros, inicialmente criaturas modestas, cresceram para se tornar supremas ainda não é algo tão bem compreendido.

Uma nova pesquisa, que se baseou muito na análise de fezes e vômitos fossilizados —evidências de quem se alimenta do quê e quem se alimenta de quem — trouxe novos esclarecimentos sobre como os dinossauros superaram a concorrência durante o Período Triássico. O estudo se concentrou em uma região da Polônia com fósseis extensos desse período crucial.

Aparecendo pela primeira vez há cerca de 230 milhões de anos, os dinossauros inicialmente eram ofuscados por outros animais, incluindo grandes parentes dos crocodilos — tanto terrestres quanto semiaquáticos — e vários herbívoros, incluindo alguns do tamanho de elefantes, relacionados aos mamíferos, além de répteis quadrúpedes com armadura. Por volta de 200 milhões de anos atrás, os dinossauros dominavam, com seus principais concorrentes extintos.

"Abordamos a ascensão dos dinossauros de uma forma completamente nova. Analisamos evidências de alimentação para deduzir o papel ecológico dos dinossauros ao longo de seus primeiros 30 milhões de anos de evolução", disse o paleontólogo Martin Qvarnström, da Universidade de Uppsala, na Suécia, autor principal do estudo publicado nesta quarta-feira na revista Nature.

Os primeiros dinossauros e seus parentes próximos eram oportunistas, consumindo alimentos como insetos, peixes e plantas. Posteriormente, evoluíram dinossauros predadores maiores e mais especializados, juntamente com dinossauros herbívoros aparentemente mais adaptados que seus concorrentes para explorar novas plantas que surgiram quando o clima se tornou mais úmido.

Fósseis de fezes são chamados de coprólitos. Fósseis de vômito são chamados de regurgitatos. Juntos, são denominados bromalitos. Mas por que estudar isso? Ao examinar restos de alimentos não digeridos — plantas e animais — em bromalitos, os pesquisadores podem identificar padrões alimentares de várias espécies e reconstruir as cadeias alimentares de um ecossistema.

Centenas de bromalitos foram examinados, principalmente coprólitos.

"Estudamos mais de 100 quilos de fezes fossilizadas", disse Grzegorz Niedzwiedzki, autor sênior do estudo, paleontólogo e geólogo da Universidade de Uppsala e do Instituto Geológico Polonês.

Como os pesquisadores identificam quem deixou as fezes ou o vômito? Fósseis esqueléticos e pegadas indicam quais animais estavam presentes em determinado período. Além disso, os pesquisadores deduzem quem produziu um dado coprólito com base em fatores como tamanho e formato, tipo de alimento não digerido e o funcionamento dos sistemas digestivos dos parentes vivos desses animais extintos.

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Os primeiros membros da linhagem evolutiva dos dinossauros eram onívoros, como o Silesaurus, de 2 metros de comprimento.

"O primeiro parente dos dinossauros na região, o Silesaurus, era um pequeno oportunista que comia insetos, peixes e plantas. Alguns dos insetos estavam incrivelmente bem preservados", disse Qvarnström.

Grandes dinossauros herbívoros e carnívoros começaram a aparecer no final do Triássico, que terminou há 201 milhões de anos.

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