Nvidia revela tecnologia de treinamento de robôs, novos chips para jogos e acordo com Toyota

A companhia também apresentou o que a Nvidia chama de modelos de fundação Cosmos, que geram vídeos foto-realistas que podem ser usados para treinar robôs e carros autônomos a um custo muito menor do que com o uso de dados convencionais.

Ao criar os chamados dados de treinamento "sintéticos", os modelos ajudam os robôs e os carros a entenderem o mundo físico de forma semelhante à maneira como os modelos de linguagem grandes ajudaram os chatbots a gerar respostas em linguagem natural.

Os usuários poderão fornecer ao Cosmos uma descrição em texto que pode ser usada para gerar vídeos de um mundo que obedece às leis da física. Isso promete ser muito mais barato do que coletar dados como é feito atualmente, como colocar carros na estrada para coletar vídeos ou fazer com que os humanos ensinem tarefas repetitivas aos robôs.

O Cosmos será disponibilizado em uma "licença aberta", semelhante aos modelos de linguagem da Meta Llama 3 que se tornaram amplamente utilizados no setor de tecnologia.

"Esperamos realmente que (o Cosmos) faça pelo mundo da robótica e da IA industrial o que o Llama 3 fez pela IA empresarial", disse Huang.

O analista do Bank of America, Vivek Arya, disse que ainda não se sabe se o impulso da robótica aumentará significativamente as vendas da Nvidia.

"O desafio, em nossa opinião, é (...) tornar os produtos suficientemente confiáveis, baratos e difundidos para gerar modelos de negócios confiáveis", disse Arya em uma nota aos clientes. "A partir dessa perspectiva, a robótica pode continuar sendo outra oportunidade interessante, mas de nicho, como metaversos ou carros autônomos."

Huang também revelou novos chips para videogames que usam a tecnologia de IA 'Blackwell' da Nvidia, que ajudou a impulsionar as vendas da empresa em centros de dados.

Os novos microprocessadores para videogames, que a Nvidia chama de série RTX 50, têm como objetivo fornecer aos jogos gráficos semelhantes aos de filmes, especialmente em um campo conhecido como 'shaders', que pode ajudar imagens como um bule de cerâmica a parecerem mais realistas, adicionando imperfeições e manchas de impressões digitais à sua superfície.

Os novos chips também podem ajudar os desenvolvedores de jogos a gerar rostos humanos mais precisos, uma área em que os jogadores estão aptos a notar até mesmo características pouco realistas. O preço dos chips varia de US$ 549 a US$ 1.999, sendo que os modelos top de linha chegarão em 30 de janeiro e os modelos inferiores em fevereiro.

Ben Bajarin, presidente da consultoria de tecnologia Creative Strategies, disse que os novos chips para games devem ajudar a impulsionar as vendas da Nvidia no curto prazo.

Huang também mostrou seu primeiro computador de mesa, chamado Project DIGITS - embora seja um computador projetado para programadores e não para consumidores comuns.

Custando 3.000 dólares e executando um sistema operacional da Nvidia baseado em Linux, ele contará com o mesmo chip no centro das ofertas de data center da empresa, mas emparelhado com um processador central criado com a ajuda da MediaTek, de Taiwan.

Os chips virão em um pacote menor que pode ser usado por desenvolvedores de software individuais para testar seus sistemas de IA rapidamente. O desktop estará disponível em março.

A Nvidia também disse que a Toyota usará seus chips Orin e o sistema operacional automotivo para no sistema de assistência avançada ao motorista da montadora em vários modelos. A empresa não forneceu detalhes sobre os modelos.

Huang espera receita de hardware e software automotivo de 5 bilhões de dólares no ano fiscal de 2026, acima dos 4 bilhões previstos para este ano.

A CES, antiga Consumer Electronics Show, acontece de 7 a 10 de janeiro.

As ações da Nvidia fecharam em um recorde de 149,43 na segunda-feira, elevando seu valor de mercado para 3,66 trilhões de dólares, o que tornou companhia a segunda empresa de capital aberto mais valiosa do mundo, atrás apenas da Apple.