Tudo é superlativo: a maior região do país, a maior floresta tropical, a maior bacia hidrográfica do mundo. É essa grandeza que colocou o Norte como o lugar com menos conexões do Brasil, de dados e também de pessoas. Cruzar áreas alagadas e de mata densa realmente não é simples e essas dificuldades logísticas tornam os serviços escassos e caros. Mas, finalmente a paisagem começa a se transformar.
Aqui e ali, surgem antenas entre as árvores. No solo, as raízes encontram a fibra ótica, que acompanha os rios. A tecnologia vai discretamente permeando a Amazônia para tentar ultrapassar as barreiras. Para as pessoas que vivem na área, já não era sem tempo: só metade delas tem banda larga fixa, o índice mais baixo entre as regiões do Brasil, e quase 70% usam apenas o celular, como 3G ou 4G, para acessar a internet.
Desde 1994, quando alguém se conectou pela primeira vez na região amazônica, até hoje, muita coisa mudou. Os acessos feitos por wi-fi passaram de 134 mil, em 2007, para 1,5 milhão, neste ano, segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Mas, isso equivale a 10% da população que mora ali.
Enquanto o país se prepara para entrar na era do 5G, a maior parte dos nortistas não consegue usufruir de serviços básicos, como saúde e educação, ou mesmo se divertir —se você consegue maratonar séries na sua smart TV, todos os brasileiros deveriam ter esse direito também.