Kristi Nicole está furiosa. Faz quatro dias que tenta receber um depósito pelo Moneygram, o serviço internacional de transferências bancárias, de mais uma de suas vítimas —um desavisado qualquer que foi convencido a enviar dinheiro após receber uma suposta oportunidade imperdível em seu email.
Ela quase consegue sentir o dinheiro nas mãos e tudo o que precisa é do número do depósito.
O problema é que toda vez que a chamada recita os dez dígitos de controle da transferência um chiado ensurdecedor interfere. Kristi não consegue ouvir e precisa repetir a operação outra vez. Que leva, no mínimo, meia hora.
Ela não sabe, mas nunca verá a cor do dinheiro desta vítima. Está há quatro dias falando com um bot que simula a operação bancária, sempre falha no mesmo ponto de propósito e coleta todos os dados que ela fornece. E, principalmente, grava suas crises de frustração.
Os ataques de raiva estão disponíveis para apreciação de um grupo de scambaiters — pessoas que se passam por vítima de golpes e, ao reverter a engenharia humana das fraudes, roubam dos cibercriminosos a única coisa que lhes é irrecuperável: o tempo.