Cinco horas ou mais na escola todo dia, grade curricular engessada, provas em papel, apostilas, quadro negro, carteiras enfileiradas. Isso até funciona, mas não é de hoje que essa educação é questionada. Existem muitas iniciativas, dentro e fora do Brasil, que trabalham para traçar outros caminhos, mas nunca foi tão urgente aposentar, pelo menos em parte, velhos modelos.
O que vivemos agora, com aulas presenciais suspensas e distanciamento social provocado pelo coronavírus, é uma excepcionalidade. Não quer dizer que todas as escolas passarão por uma mudança profunda de método. Mas, fica uma lição: muitas tarefas escolares podem, sim, ser resolvidas online.
"Já faz tempo que o modelo de um professor transmitindo conteúdos que podem ser acessados em apenas um clique perdeu o sentido", diz Lilian Bacich, cofundadora da Tríade educacional, coordenadora de pós-graduação em metodologias ativas no Instituto Singularidades e especialista no "Movimento pela Base", que articula iniciativas pela melhora da qualidade e equidade da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Fica ainda mais evidente que a função do espaço de aprendizagem é outra: passa por desenvolver habilidades cognitivas mais complexas, exigir que os estudantes colaborem e interajam na produção do próprio conhecimento e construam ferramentas que só a sociabilidade pode trazer.
Especialistas ouvidos por Tilt defendem metodologias que colocam o aluno como protagonista, e não como expectador, uso inteligente do aparato tecnológico e um debate maior sobre quais habilidades serão valorizadas daqui para frente. "A tecnologia ajuda muito, não como fim em si mesma, mas como uma ferramenta para estimular investigação, colaboração e produção de conhecimentos, para engajar os estudantes e motivá-los a querer aprender", diz Bacich.