Olho no lance

Entenda como o VAR funciona para evitar injustiças no futebol

Rodrigo Lara

Uma das grandes novidades do futebol nos últimos anos foi a adoção do VAR, sigla para Video Assistant Referee (Árbitro Assistente por Vídeo). Esse sistema analisa imagens gravadas para ajudar o árbitro de campo a tomar decisões em lances polêmicos, como pênaltis, impedimentos e gols duvidosos.

Enquanto uns gostam dessa ferramenta e até consideram que ela chegou tarde, outros falam que ele mata a "alma polêmica" do futebol. Outra crítica é o tempo para a tomada de decisão, que pode variar de segundos a vários minutos.

Na Copa do Mundo do Catar, ele ganhou uma atualização, com respostas mais rápidas. Mas sua base tecnológica continua a mesma. Entenda como ela funciona.

Como funciona?

O VAR se divide em duas partes principais: a estrutura de campo e a central de controle.

A estrutura de campo aproveita todas as câmeras tradicionais já usadas na transmissão do jogo e ainda conta com câmeras exclusivas para o sistema. No total, são 42 (oito são capazes de gerar imagens em super câmera lenta e quatro conseguem em ultra-câmera lenta).

Essas imagens são enviadas em tempo real, via fibra ótica, à central de controle - que, na Copa do Mundo do Catar ficará localizada em Doha, capital do país. É uma sala com diversos monitores e uma equipe de pessoas com funções distintas.

Tudo começa com um grupo de três operadores de replay, que assistem ao lance polêmico e selecionam os melhores ângulos para analisá-lo.

Um árbitro-assistente confere a jogada em duas telas e é o responsável por fazer a comunicação entre a equipe do VAR e o árbitro de campo, por meio de um sistema de rádio sobre fibra, também de alta velocidade.

Há ainda mais três auxiliares com funções distintas. O primeiro se concentra na imagem principal da transmissão para checar se há algum incidente. O segundo fica responsável por detectar possíveis lances de impedimento. E o terceiro fica de olho na transmissão da TV e cuida da comunicação entre o responsável por detectar lances de impedimento e o árbitro assistente por vídeo principal.

Sempre que há algum lance polêmico que conta com a participação do VAR, o árbitro do jogo tem acesso às imagens selecionadas pela central de controle por meio de um monitor à beira do campo. A partir disso e das sugestões enviadas pela equipe de vídeo, o árbitro toma a decisão sobre o lance.

Dúvidas comuns

  • Quais outras tecnologias ajudam nas decisões dos árbitros na Copa do Mundo?

    O mundial do Qatar estreou um sistema semi-automático de impedimento. Ele usa 12 câmeras específicas montadas sob o teto do estádio para rastrear a bola e até 29 parâmetros relacionados a cada jogador (como partes do corpo que são relevantes para determinar se há ou não impedimento). Esses dados são coletados 50 vezes por segundo, determinando assim o exato posicionamento do atleta no campo. Em paralelo, a bola conta com sensores capazes de determinar exatamente a hora em que é tocada pelo jogador no início do lance. Algoritmos combinam esses dados e geram uma animação em 3D que é transmitida tanto para o telão do estádio quanto para as emissoras de TV, para deixar a decisão o mais clara possível.

  • E a Tecnologia da Linha do Gol (GLT, em inglês)?

    É outro sistema, que usa 14 câmeras de alta velocidade colocadas na parte superior do estádio, para medir se ?a bola entrou? ou não?. Caso seja detectado que a bola ultrapassou por inteira a linha de gol, os relógios usados pelos árbitros recebem essa informação um segundo depois. Além disso, com os dados captados, é possível criar uma animação em 3D para que os espectadores vejam o lance em detalhes.

  • É o VAR que decide sobre os lances?

    Não. A decisão final é do árbitro de campo, que utiliza o material de imagens e as informações fornecidas pela equipe da central do VAR para o seu veredicto.

  • Em caso de chuva ou fenômenos climáticos, o VAR pode parar de funcionar?

    Sim, mas é improvável. O fenômeno teria que ser extremo a ponto de inviabilizar a realização da partida. Fora isso, seja sob sol ou chuva, não há qualquer condição climática que atrapalhe o funcionamento do sistema.

Topo