Uma das glórias de uma startup é virar um "unicórnio": atingir um valor de mercado acima de US$ 1 bilhão. Isso mostra que a empresa é vista com grande potencial pelos investidores.
Ainda que seja um símbolo de status, a Facily entrou neste seleto rol em meio a uma grave crise de imagem. A companhia, que vende itens direto de produtores a preços baixos para a classe CDE, acumulava mais de 150 mil reclamações no Procon-SP. A maioria, relacionada a produtos não entregues e reembolso.
Quando as queixas caíram (a última rodada de investimento ajudou a melhorar o atendimento e pagar reembolsos), veio outra bomba. Em abril, a Facily demitiu cerca de 300 funcionários (a companhia não especifica o número exato), quase 10% do efetivo.
Isso quer dizer que as queixas vão voltar? "Não, a equipe seguirá trabalhando incansavelmente para que nada volte a afetar a operação e a experiência dos clientes", afirma Diego Dzodan, presidente-executivo da Facily. Ele explica que, no ano passado, houve uma explosão de pedidos e os processos da Facily não estavam "maduros" o suficiente.
É possível dizer que o argentino Dzodan já está "graduado em Brasil". Não só por ter família no país e pela repercussão de sua startup. Antes de fundá-la, foi líder do Facebook para a América Latina, entre 2015 e 2018. Acabou ficando preso por um dia sob acusação de não cooperar com a Justiça brasileira em um caso envolvendo o WhatsApp - algo sem precedentes, mas que foi rapidamente resolvido.
Problemas à parte, a Facily passou a ter relevância em um cenário de crise por oferecer itens como arroz, feijão e óleo a preços acessíveis e frete baixo.
Em entrevista a Tilt, Dzodan falou sobre as recentes demissões, a revolução do Pix para a classe CDE e como a companhia tem lidado com os obstáculos dos últimos meses.