Roberto Nogueira nasceu no sertão do Ceará, não sabia ler até os 10 anos, só viu energia elétrica aos 16 e, como muitos "moleques de roça", tinha o sonho de ir a São Paulo. Mas, diferentemente deles, sua ideia sempre foi voltar a sua cidade natal, a pequena Pereiro, e montar uma oficina de manutenção de eletrônicos, que virou uma paixão assim que viu o rádio do pai funcionando.
Ele voltou, mas não para consertar televisores, e, sim, para liderar o maior dentre os pequenos provedores de internet do Brasil. Roberto e a Brisanet, empresa da qual é presidente, são a cara de um movimento curioso no Brasil: são companhias como as dele, e não as gigantes das telecomunicações, as responsáveis por ampliar os limites das fronteiras da internet no país e levar novos usuários para a rede.
Só no ano passado, essas milhares de empresas ativaram 85% dos 2,3 milhões de novas conexões brasileiras. E não pense que se trata de internet precária. Usando fibra óptica, elas oferecem 52% da ultra banda larga do país - alguns pacotes chegam a velocidades de até 450 Megabit por segundo. Motores da inclusão digital no Brasil, os pequenos provedores não tiveram caminho fácil. Assim como o retorno de Roberto a Pereiro, que esteve repleta de reviravoltas.
Quem vive na roça até os 20 anos fica preso àquela região, como que por um cordão umbilical. Roda o mundo todinho e quer voltar. Depois de crescer nesse mundo, conhecer a tecnologia, ver como funciona, não dá mais para ficar parado