Cliques do lado de lá

As imagens do espaço feitas por astronautas, sondas e telescópios que mudaram nossa visão sobre o Universo

Cristiane Capuchinho Colaboração para Tilt Montagem UOL / Divulgação

A astronomia é uma das ciências mais velhas da humanidade. Desde a Antiguidade os homens já se interessavam pelos mistérios dos astros que brilhavam sobre a Terra. Por séculos, pensamos estrelas, galáxias e outros planetas a partir do nosso ponto de vista.

A conquista espacial na década de 1960 deu-nos uma visão externa do (desde então) chamado planeta azul, apenas um pequeno "ponto pálido e azul" - e redondo, claro - no meio do Universo.

Confira abaixo algumas das fotografias astronômicas que marcaram (e revolucionaram) a imagem do espaço, que deve ser ainda mais alvos de cliques nos próximos anos.

Divulgação/Nasa Divulgação/Nasa

O nascer da Terra

Tirada de dentro da nave da Apollo 8 em 24 de dezembro de 1968, a foto mostra a Terra aparecendo no horizonte lunar. Acostumados a pensar o espaço a partir da Terra, passamos a ver nosso planeta como um astro no céu lunar por causa desta imagem.

A Apollo 8 foi a primeira missão tripulada a entrar na órbita da Lua. Conhecida mundialmente na horizontal, a fotografia foi tirada originalmente na vertical, na quarta volta que os astronautas davam em torno do satélite terrestre.

Esta é uma das fotos mais populares do arquivo da Nasa, segundo Connie Moore, pesquisadora sênior de fotografias na agência espacial. "Eu recebo ligações pedindo por esta imagem todos os anos a partir de novembro, de pessoas que querem usá-la como cartão de Natal ou presente", contou a pesquisadora ao projeto Arts and Culture, do Google.

Divulgação/Nasa Divulgação/Nasa

O homem na Lua

Em 1969, os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin faziam o inimaginável: eram os primeiros homens a visitar a Lua. Armstrong entrou para a história como o primeiro homem a pisar no terreno lunar, mas a imagem que todos conhecem é de Buzz Aldrin andando sobre a área conhecida como Mar da Tranquilidade. No visor do capacete é possível ver o reflexo de Armstrong.

Em 2017, Aldrin contou que a imagem foi feita de maneira espontânea. Armstrong pediu ao colega que parasse e ele se virou. "Vocês podem ver o movimento da correia", apontou Aldrin. Esta foto estampou a capa da revista brasileira Manchete e de tantas outras publicações mundo afora na época.

Divulgação/Nasa, JPL Divulgação/Nasa, JPL

A mancha vermelha de Júpiter

Dez anos mais tarde, a nave Voyager 1 fez imagens da Grande Mancha Vermelha de Júpiter, uma tempestade com mais de duas vezes o tamanho da Terra.

O fenômeno tem sido observado por astrônomos a partir da Terra desde 1831. Apesar do longo tempo de estudo, ainda não sabemos o motivo de cor vermelha e o que faz com que esta tempestade dure séculos.

Divulgação/Nasa, JPL Divulgação/Nasa, JPL

Pálido ponto azul

Em junho de 1990, foi divulgado o primeiro "retrato" do sistema solar. A uma distância de mais de 6 bilhões de quilômetros da Terra, a sonda Voyager 1 tirou 60 fotografias para construir um mosaico mostrando todo o sistema. Em uma das imagens, nosso planeta Terra aparece como um pequeno ponto de luz em algo muito maior, ou, como descrito pelo astrônomo Carl Sagan, um "pálido ponto azul".

No livro de mesmo nome, Sagan escreveu: "Olhe de novo este ponto. É aqui, é nossa casa, somos nós. Nele, todos que você ama, todos que você conhece, todos sobre quem você já ouviu falar, todos os seres humanos que já existiram."

Divulgação/IMP Team, JPL e Nasa Divulgação/IMP Team, JPL e Nasa

Panorama de Marte

Foi em 1997 que o primeiro veículo-robô aterrisou em Marte, após uma viagem de oito meses até o Planeta Vermelho. Uma vez em terreno marciano, a sonda norte-americana Mars Pathfinder fez imagens panorâmicas do planeta.

Esta foto ficou conhecida como "panorama presidencial", e foi feita para o presidente Bill Clinton. Nela, é possível ver o robô Sojourner mapeando o solo do planeta, e "estudando" a composição de rochas. Mais de duas décadas mais tarde, é difícil ver esta foto e não se sentir um pouco "perdido em Marte".

Divulgação/NASA, ESA, S. Beckwith e HU Divulgação/NASA, ESA, S. Beckwith e HU

Joias em suspensão

O chamado Campo Ultraprofundo do telescópio Hubble mostra cerca de 10 mil galáxias, suas diferentes cores, tamanhos, idades e formatos. A imagem é o resultado da compilação de 800 fotos diferentes feitas ao longo de 11 dias, entre setembro de 2003 e janeiro de 2004.

As menores galáxias e mais vermelhas, cerca de cem, devem estar entre as mais distantes da Terra, e existiram quando o Universo tinha apenas cerca de 800 milhões de anos, ou seja, a primeira parte de uma trajetória de cerca de 13,8 bilhões de anos. As maiores, mais brilhantes, com um espiral bem visível, prosperaram há cerca de 1 bilhão de anos. E pensar que o Homo sapiens surgiu, na melhor das hipóteses, há 350 mil anos.

Divulgação/ESO Divulgação/ESO

Via Láctea em todo seu esplendor

Vista desde tempos imemoriáveis cortando o céu terrestre, a Via Láctea aparece inteirinha nesta imagem de 360° em alta resolução feita pelo projeto GigaGalaxyZoom, da ESO, em 2009.

A foto deixa bastante evidentes os principais componentes da nossa galáxia espiralada: seu disco marmorizado com nebulosas brilhantes que abrigam estrelas jovens e brilhantes, assim como o massivo central da galáxia e suas galáxias satélites. Nela, a Via Láctea não é apenas o que observamos em noites bem escuras, mas uma galáxia inteira com o Sistema Solar dentro.

Divulgação/EHT Collaboration Divulgação/EHT Collaboration

Como nunca antes visto

A primeira imagem real de um buraco negro foi divulgada este ano - até então tudo o que tínhamos eram representações do que era o buraco. A foto foi feita pelo projeto Event Horizon Telescope, com a ajuda de oito radiotelescópios espalhados pelo globo agindo como se fossem um só observatório gigante.

O anel de fogo visto é não é o buraco negro da galáxia Messier 87 em si, mas as ondas de luz que conseguiram escapar de serem sugadas pelo buraco, que é do tamanho de todo nosso Sistema Solar. Esta foto comprova a previsão feita por Albert Einstein em sua teoria da relatividade.

Qual o próximo clique?

A imagem feita há pouco tempo mostra o quão longe ainda podemos ir. Nos próximos anos, devemos ter sondas indo desvendar novos corpos - como luas de Júpiter - e até a possibilidade de humanos pisarem em Marte, dando sua perspectiva para fotos do planeta.

Enquanto isso, a própria corrida espacial passa por transformações, com a entrada de novos países como China, Índia e outros. Cada vez mais o universo vai ser investigado e clicado.

Empresas privadas também entram cada vez mais nessa corrida, com seus próprios planos: alguns de explorações, outros de turismo. Já pensou a Terra vista lá de cima sendo algo popular no Instagram um dia? Quem sabe...

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