Tilt - Às vezes, parece que nem percebemos que a inteligência artificial está nos ajudando. Ela já nos ajuda mesmo, está sendo implementada de um jeito eficaz, ou isso é algo para o futuro?
JS - Esse é um bom jeito de pensar sobre inteligência artificial, porque as pessoas pensam que a inteligência artificial vai matar humanos. Será como foi na revolução industrial --todos acreditamos que essa foi uma revolução muito importante, que serviu como uma extensão do poder humano. Dessa vez [com a inteligência artificial], é uma extensão da inteligência.
Por trás disso está o avanço da modelagem estocástica e da álgebra linear, esse tipo de matemática. Chamamos isso de descida de gradiente estocástica (SGD, do inglês stochastic gradient descent). É isso que nos fez descobrir muitas coisas que podem ser feitas por uma máquina --como os [softwares de inteligência artificial] AlphaGo e AlphaGo Zero [da empresa DeepMind, criados para jogar o "xadrez chinês" Go], que, sem experiência humana, podem vencer um campeão. Esse tipo de máquina tem uma função muito restrita e clara, com milhões de parâmetros e treinamento de big data para tentar alcançar um objetivo.
Por causa desse tipo de matemática, após três ondas de inteligência artificial, chegamos ao avanço --e não importa se na visão, reconhecimento de voz ou processamento linguístico natural, essas são as três áreas mais importantes.
Quando pensamos na direção autônoma, por exemplo, isso ainda é de "baixo nível", porque está limitado à visão e fala. Falta alcançar um nível mais alto de autonomia para realmente chegar à chamada inteligência artificial geral. Isso ainda está muito distante. Então não precisamos nos preocupar com a máquina que mata humanos.