Um logo luminoso de uma empresa fictícia aparece entre estrelas no céu sobre uma cidade. A imagem abre o site da startup russa StartRocket, quer lançar outdoors orbitais no espaço para divulgar marcas, transmitir mensagens e até disponibilizar informações de emergência. A Pepsi chegou a se interessar pelo projeto, mas acabou voltando atrás temendo críticas.
Há dois anos, a imprensa chinesa noticiou que uma empresa planejava lançar no espaço uma "lua falsa" em 2022. Na verdade seria um satélite carregando um enorme espelho espacial para refletir a luz do sol na Terra, com o objetivo de melhorar a iluminação pública. A reportagem não encontrou novidades sobre a iniciativa.
Os especialistas ouvidos por Tilt se mostraram apreensivos quanto a essas iniciativas. Para Rossetto, o uso do espaço para marketing com cubesats [um tipo de satélite miniaturizado] é algo possível, mas depende se as empresas acreditarem que ter suas marcas visíveis do espaço vale o investimento.
"Além disso, uma demanda como essa intensificará o problema do lixo espacial, pois serão mais constelações orbitando a Terra", salienta.
No caso da "lua falsa", é difícil saber se o investimento seria válido. Afinal, é preciso levar em conta o tempo de vida, o risco de falha e a coordenação a atividade desse satélite entre regiões distintas, o que pode gerar estresse político.
Luc Piguet, da ClearSpace, afirma que "apesar de não parecer", o espaço é um recurso limitado e, por isso, deveriam existir regras para o seu uso e defende seu desenvolvimento de maneira sustentável. "Hoje em dia, é mais ou menos como um faroeste. Deveriam existir mais regras e nós tê-las, mais cedo ou mais tarde", afirma.
Thiago Gonçalves, da UFRJ, afirma que todas essas iniciativas são péssimas ideias e mudariam, como já tem feito, a maneira como o homem vê o céu. Neste ano, por exemplo, os brasileiros viram a olho nu os satélites da Starlink. "A gente tem sempre que lembrar que os céus noturnos são patrimônio da humanidade, são a maneira que a gente tem de se conectar com a natureza. A gente não pode simplesmente colocar uma luz artificial na frente e separar a humanidade do céu", disse Gonçalves.