Um restaurante sem mesas, sem balcão, sem garçom, sem sequer nome na fachada, onde o cliente não pode entrar. Parece estranho? Assim são as "dark kitchens" (ou cozinhas escuras, na tradução livre), que funcionam apenas para o preparo de alimentos para entregas —normalmente, com a ajuda da galera que trabalha para aplicativos como iFood, Rappi e Uber Eats.
O conceito de porta a porta já existia antes, mas foi a pandemia da covid-19 que acelerou o processo. Uma pesquisa da Mobills, startup de gestão de finanças pessoais, mostrou que as vendas por entrega quase que dobraram entre janeiro e maio do ano passado em comparação o mesmo período em 2019. Os gastos com os principais aplicativos de entregas de alimentos (Rappi, iFood e Uber Eats) cresceram 94,67%, no período. Outro dado vem da ABF (Associação Brasileira de Franchising): a fatia do delivery no faturamento das franquias de alimentação dobrou, passando de 18% para 36% de março a agosto.
Quando muitos passaram a trabalhar de casa (e não tinham tempo ou habilidade de cozinhar) ou deixaram de sair para jantar, os restaurantes viram nas cozinhas "fantasmas" uma saída para superar o rombo que a falta de clientes "in loco" causou.
Imóveis menores e/ou pior localizados, sem espaço para mesas e funcionários que atendam o público, ajudam a equilibrar as contas.