A responsabilidade do YouTube é evidente, mas os especialistas dizem que este é um problema grande demais para deixar as soluções apenas nas mãos da plataforma.
"Vai começar o festival da filtragem", explica Affonso. "Para caçar conteúdos que possam induzir a disseminação de pornografia infantil, a empresa deve aumentar o rigor dos seus mecanismos de filtragem, removendo não apenas vídeos ostensivamente proibidos, mas também aqueles que o algoritmo ache que sejam ilícitos."
Nisso, mira a pornografia e acerta o Pokemón Go. Contas dedicadas ao jogo tiveram vídeos removidos, porque falam em combat points (CP), termo em inglês para pontos de combate. CP é também a sigla para child porn, ou seja, pornografia infantil.
"Isso mostra como o YouTube passou a deixar que os algoritmos façam a limpeza da plataforma sem qualquer noção de contexto ou revisão humana antes da remoção e do cancelamento de contas", diz o advogado.
"Se qualquer ser humano (e nem precisa ser um treinador de Pokémon) visse cinco segundos do vídeo entenderia que o canal não era dedicado à pornografia infantil", complementa.
Para Perez-Neto, é um "equívoco" encontrar um único culpado para o problema. Ele defende que o YouTube atue com mais rigor não apenas no algoritmo, mas em suas práticas. "O Instagram conseguiu limpar parte da pornografia com bots e codificação. Mas é preciso muito cuidado para não cair nas armadilhas que o Facebook tem caído [de nunca acertar a mão na hora de censurar conteúdos]. Isso traz riscos para a liberdade de expressão", argumenta.
Rodrigo Nejm, da Safernet, também enfatiza a ampliação da revisão humana para entender contexto e intenção dos comentários sem ferir a liberdade de expressão. "Além da maior conscientização dos usuários, reportando perfis de infratores e de menores de 13 anos", coloca.
Para ajudar a proteger crianças e adolescentes, a influencer de maternindade Roberta Ferec separou algumas dicas importantes (que podem ser vistas logo abaixo).
Como mãe, ela decidiu estudar o impacto da tecnologia e a importância do equilíbrio digital, principalmente na vida de crianças.