Já ouviu o papo de que invadir um iPhone é mais difícil que um Android? É verdade. Segundo os especialistas ouvidos por Tilt, a arquitetura fechada da Apple torna o acesso aos seus segredos mais complicado.
"Ganhar o acesso root [controlar o sistema, passando por cima do bloqueio de segurança] é mais trabalhoso no iPhone, porque o processo pode danificar os dados e torná-los inacessíveis", conta Kin.
A dificuldade varia entre sistemas, modelos e marcas. A cada lançamento —e são dezenas deles todos os anos— peritos e as empresas precisam correr para descobrir novas formas de desvendar os modelos e achar brechas. Um iPhone 5 é mais fácil de desbloquear que um iPhone 12, porque o sistema já é mais conhecido.
"Não existe documentação externa disponível do sistema iOS. Tudo é feito na unha. Os laboratórios pegam o modelo que saiu e estudam, usando como base os anteriores. Isso leva mais tempo do que pegar uma arquitetura aberta como Android e ver como o cara adaptou o recurso", conta Evandro Lorens.
Da mesma forma, é mais difícil entrar num celular que num computador, porque os PCs têm três sistemas estáveis e bem definidos de organização (Windows, Linux e MacOS), enquanto o sistema Android é aberto e cada fabricante faz suas próprias configurações.
Mas "não existe sistema totalmente invulnerável", ressalta o diretor da APCF (Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais). Daí a importância, para a pessoa dona do celular, de sempre atualizar o sistema.
"Tem todo um mundo das falhas de software, projeto ou código que podem ser encontradas num sistema e exploradas para ganhar acesso. São bugs não documentados ainda, que preservamos internamente para evitar que a fabricante corrija", diz ele.