Tilt - Por outro lado, vocês também têm tecnologia para identificar bebês.
João Weber - Esse projeto de reconhecimento neonatal é muito bacana. Hoje, no Brasil, a questão de troca de bebês em maternidade é um problema muito presente. Infelizmente, ocorre de forma muito frequente. Há sequestros de crianças em maternidades, vendas de crianças, tráfico internacional.
Tilt - Você se sente responsável por uma família não ser desintegrada?
João Weber - É um problema muito sério e não tem a repercussão que deveria ter. Cria um transtorno enorme para as famílias e para o próprio bebê. Volta e meia, você vê notícias de pessoas que foram trocadas na maternidade e descobrem 30 anos depois. A biometria para identificar o recém-nascido traz um benefício enorme para a sociedade, porque a mãe que sai da maternidade tem certeza de que o bebê realmente é o dela, além de prevenir ações criminosas. Garantir a segurança e o direito à identidade dos recém-nascidos desde o nascimento é primordial e essencial.
Um exemplo é o que aconteceu no Distrito Federal. Acharam um recém-nascido abandonado em um beco. Como reconhece? É difícil. Se não tem biometria do bebê, não dá. Neste caso, pegaram a fralda e encontraram o hospital de onde ela vinha. Fizeram uma perícia e acharam um fragmento de impressão digital da mãe. Graças a isso, identificaram a mulher que abandonou a criança. Se já tivesse um sistema que cadastrasse a impressão da palma do bebê, teria mais facilidade para prevenir casos de abandono. Os hospitais de Minas Gerais foram os primeiros [a instalar esse recurso], mas hoje há outros que estão aderindo à nossa tecnologia.
Tilt - Como isso funciona?
João Weber - A gente usa a palma da mão, porque as impressões digitais do recém-nascido são muito pequenininhas ainda. Você precisa de um equipamento muito caro e muito difícil de encontrar para fazer a leitura da impressão do dedinho. A gente usa leitores mais baratos, aqueles para cadastrar impressão digital de adultos. Cabe certinho a palma do bebê.
A coleta da impressão palmar é feita na hora do nascimento e é vinculada à Declaração de Nascido Vivo da criança. O sistema também vincula as informações biométrica da mãe já registradas. Isso garante que, na hora de sair da maternidade, você saiba quem é o bebe e quem é a mãe responsável pela criança.