Pena que, apesar de tão perto, o telescópio deve ficar longe do nosso alcance. A entrada do Brasil no consórcio, pleiteada em 2009 pelo governo Lula, está parada desde sua aprovação do Congresso, em 2015. Faltou a chancela da presidente Dilma Rousseff (PT), que sofreu um impeachment, e ninguém depois dela fez o processo andar. O ESO chegou a convidar dois observadores brasileiros para visitar as instalações chilenas, mas a dupla nunca foi nomeada.
"Não existe nenhuma conversa neste momento. Tivemos contato com os ministros da Ciência, mas a última vez que isso aconteceu foi em 2014. Em 2018, tentamos novo contato, mas não houve sucesso. Não posso julgar se há ou não interesse, mas estamos abertos ao Brasil. Entendemos que a situação é muito difícil, então decidimos pausar", explicou o diretor do ESO.
Na época das negociações, críticos da entrada do Brasil no ESO questionavam o gasto em meio a uma situação econômica difícil e citavam outras parcerias que poderiam ser feitas com telescópios de locais mais distantes do mundo. Segundo a Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), 87% dos astrônomos filiados eram a favor da parceria.
O presidente da SAB, Reinaldo Carvalho, diz que membros do governo sinalizam uma intenção do atual ministro da Ciência, o astronauta Marcos Pontes, de retomar as negociações, mas não qualquer prazo para que isso ocorra.
"Ele [Marcos Pontes] falou em 2019 que acha o projeto excelente, capaz de transformar a ciência astronômica do Brasil. Combinamos de fazer uma comissão envolvendo a SAB, o ESO e os Ministérios da Ciência e Economia. Esses quatro agentes precisam sentar e discutir, mas ficou para 2020, porque ele teria uma ideia melhor da situação econômica do país", afirma Carvalho.
Procurado por Tilt, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações não respondeu aos questionamentos feitos acerca da parceria com o ESO.