Blu B3 é feito no Brasil e não custa nem R$ 1.000. Vale a pena ou é furada?
Celular barato no Brasil costuma colocar a pulga atrás da orelha. Com tantos deles aparecendo no varejo e nos sites online, a conclusão normalmente é uma das três: é ruim, não tem suporte em português ou é golpe.
A Blu quer ser a quarta opção neste cenário: o bom e barato. A empresa brasileira anunciou sua linha no final de outubro, com aparelhos que vão de R$ 999 a 1.699 — e que prometem bater de frente com a Motorola e a Samsung, campeãs dos "baratinhos" no mercado nacional.
Projetado em Miami e montado na zona franca de Manaus com componentes importados da China, o Blu é tão multicultural quanto o próprio brasileiro. E especificamente o Blu B3, espécie de "Macunaíma" dos smartphones, chega com uma missão difícil: oferecer uma boa performance e atender a todas as necessidades digitais custando pouco.
Será que ele aguenta o tranco? Tilt passou uma semana usando e conta para você.
Blu B3
Preço
R$ 999Pontos Positivos
- Bom design, fácil de usar
- Performance boa para um processador limitado
- Preço é bem convidativo
Pontos Negativos
- Bateria dura pouco
- Tela muito escura
- Câmera deixa bastante a desejar
Veredito
Se você quer um celular bem básico, que sirva só para funções diárias de navegar na internet, mandar mensagens ou rodar um ou dois aplicativos, o Blu B3 dá conta do recado. Se a ideia é ter um aparelho para "educar" alguém a mexer em celular, ou ainda ser o "primeiro smartphone" de alguém, também serve. Mas não dá para exigir muito dele, especialmente em fotos e bateria.
O UOL pode receber uma parcela das vendas pelo link de compra recomendado neste conteúdo. Preços e ofertas da loja não influenciam os critérios de escolha editorial.
De cara, o Blu B3 chega chamando a atenção pelas dimensões: 16,4 cm de altura, 7,9 cm de largura e 1,1 cm de espessura. Apesar do tamanhão, não pesa tanto assim (205 g).
Disponível apenas na cor preta, o verso do celular é bonito: o módulo de câmeras está destacado no canto superior esquerdo, e a textura é enrugada, firme ao toque.
Só um detalhe, abaixo do logotipo, prejudica um pouco a aparência: o letreiro "Designed in Miami", na mesma cor branca, é grande demais. Colocar o nome do produto ou local de fabricação não é exatamente um problema (a Xiaomi faz isso na linha Poco, por exemplo), mas neste caso, ele rouba a atenção.
Algumas escolhas de design são notavelmente "old school". Entradas de fone e carregamento estão no topo do aparelho. A câmera frontal e a saída de som ocupam uma faixa na parte superior da tela — nada de chanfros ou formatos de gota para aproveitar área. Mas isso não é um grande problema (veja mais abaixo).
Por fim, algo curioso é o conjunto de botões. Do lado direto, dois de volume e um para ligar; no esquerdo, acesso direto ao Google Assistente. A ideia parece boa no papel, mas na prática é redundante: pressionar o botão de ligar por uns segundos a mais cumpre a mesma função.
O aparelho vem com uma capinha ultrarresistente, com um design bem robusto, e que promete aguentar bastante pancada. Durante o evento de apresentação, o presidente da Blu arremessava o celular de um lado para outro da sala, para provar que aguentava pancadas. E quando pegava para mostrar, continuava inteiro.
Ainda na filosofia old school, a tela do B3 possui faixas pretas no topo e na base da tela, cortando um pouco da sua grande área, de 6 polegadas. É uma escolha parecida com a de alguns celulares Nokia e LG de geração passada (e nesse caso, isso não é bom).
A tela, "Curved Glass", não deixa muito claro quem é o fabricante, mas seja quem for, acertou na resistência. O celular pode dividir o bolso com chaves, carteira e moedas, e não arranha — mesmo sem película.
Outra coisa que ficou evidente foi que o B3 não é muito luminoso. Segundo a assessoria, possui um máximo de 400 nits, o que já dificulta para enxergar no escuro. Por outro lado, uma tela com menor luminescência ajuda a economizar bateria.
Usabilidade
Talvez um dos melhores pontos do B3 é que ele aproveita bem o tamanhão para compensar na acessibilidade. A tela larga dá margem para um teclado grande, bem fácil de digitar — algo especialmente útil para pessoas com dificuldade locomotora ou até mesmo se você tende a errar muito ao teclar.
Os ícones e notificações também são todos muito grandes, dando uma boa pista de quem pode ser o público ideal do modelo: pessoas mais velhas, que nunca tiveram um celular desses.
A própria interface, com Android 11 direto de fábrica, é simples e fácil de utilizar. Embora não seja o mais atual, não vai deixar você na mão se quiser usar o celular para além das mensagens no WhatsApp. Segundo a assessoria, a Blu ainda promete mais dois anos de atualizações.
Outros aspecto retrô: não há bandeja para inserir os chips de telefone ou cartão de memória. Você tem que abrir o verso, como nos smartphones mais antigos.
Principal
Não conte com o Blu B3 para boas fotos. Equipado com duas lentes (a principal, de 13 MP, e a secundária, de 2 MP, para profundidade), a câmera apanhou muito no modo manual para focar corretamente em ambientes internos (mesmo os bem iluminados). As imagens ficavam subexpostas (muito escuras) ou superexpostas (com luz demais).
Colocar no modo automático ou no retrato, onde estes ajustes ficam por conta do próprio celular, alivia um pouco estes problemas, mas não completamente. Em alguns ambientes, você pode notar a luz e as sombras estourando na mesma foto.
Fotos tiradas com o Blu B3
Os controles de fotografia não apresentam nada de muito novo: modo panorama, intervalo, "explosão" (várias fotos em uma sequência), filtro e noturno. A gravação em vídeo vai até 1080p a 30 frames por segundo, mas deixa a desejar.
Frontal
Na selfie, o B3 não se sai muito melhor. A câmera, de 8 MP, apresenta as mesmas dificuldades de ajuste fino, e é extremamente sensível à luz.
O modo HDR, que consegue criar alto contraste de cores, até ajuda na hora de tirar uma selfie sem perder detalhes do rosto. O problema é que a ultrassensibilidade à iluminação continua transparecendo, e resulta em fotos "estouradas".
Nesse ponto, a experiência foi bem... mista. Debaixo do capô, o B3 possui um processador T310, da fabricante chinesa Unisoc, com quatro núcleos de 2.0 GHz. E ele parece afogar bastante para dar conta do recado. É só abrir o Google Assistente, ou ter mais de quatro apps abertos ao mesmo tempo, que os travamentos se tornam visíveis.
Isso porque a memória do aparelho não ajuda muito: são só 3 GB de RAM para lidar com um sistema operacional bem pesadinho - e que tende a pedir mais do processador com as próximas atualizações. Para ver o quanto dessa capacidade está comprometida, o B3 mostra logo abaixo o quanto está ocupado, e o quanto ainda pode ocupar.
Falando em ocupar, armazenamento interno não é uma grande preocupação. A versão testada por Tilt veio com 32 GB de espaço, o que é bastante coisa para um aparelho que se destina a ser mais básico.
Por outro lado, o aparelho permitiu ver um vídeo no YouTube ou jogar alguns games com certa folga - algo que, honestamente, não esperava que ele desse conta. A transição entre os apps pode até travar, mas na hora que estão abertos, rodam bem.
Se o "motor" do B3 causa estranheza, o "tanque" então, nem se fala. Equipado com uma bateria de 3.000 mAh, a capacidade fica bem abaixo da média de muitos celulares na mesma faixa de preço ou levemente mais caros, como o Motorola E7 (4.000 mAh) ou o Redmi Note 10S (5.000 mAh).
Nos testes, o celular aguentou um dia inteiro de atividades, entre tirar fotos, baixar arquivos, trocar mensagens, abrir vídeos e jogar um pouquinho. Com a bateria no início do seu ciclo de vida, isso provavelmente não vai atrapalhar. Agora, depois de alguns meses, pode esperar plugar o aparelho na tomada duas vezes ao dia.
E se plugar, melhor arranjar o que fazer: o carregador do B3 é de entrada USB tipo B, e com baixíssima velocidade de recarga. De zero a cem, o smartphone fica cerca de duas horas na tomada.
Recursos Extras
A escolha de adereços é no mínimo curiosa. Junto com o telefone baratinho, a Blu envia um conjunto de fones wireless, o Blu Aria Pod Mini. Com funcionamento via bluetooth, o design lembra bastante os da Apple.
Mas a semelhança para por aí. Os fones não possuem ajustes finos de volume ou música direto ao toque — apenas pausa, play e assistente do celular. Testes de Tilt revelaram que o fone aguenta duas horas de uso ininterruptas. A caixinha atingiu carga completa em pouco mais de uma hora. Ao todo, corresponde por mais nove horas de uso.
Na minha experiência, o Aria Pod Mini não se compara a outros fones TWS. Embora tenha um bom volume e uma carga razoável, o que realmente incomodou foi a intermitência. Na maioria das vezes, mesmo próximo ao celular, o fone silenciava por algumas frações de segundo — muito similar àquelas falhas de um fone com cabo estragado. Difícil de imaginar isso não cortando a vibe de qualquer um.
Não há como saber se isso é sinal de problemas de montagem ou azar deste review. Mesmo com uma performance questionável, o adereço é bem-vindo, sem dúvida. A entrada do carregador dos fones é USB-C, e o cabo extra vem junto na caixa.
Para além dos adereços, o B3 também conta com detector de digitais (é no verso, bem discreto, aos moldes dos Motorolas antigos) e a opção de pagar por aproximação — dois aditivos bem interessantes para um smartphone baratinho.
É de se esperar que, para um celular chegar custando menos de mil reais no mercado brasileiro, alguns cortes foram feitos. E para a Blu, a decisão parece ter sido difícil: foi necessário economizar em bateria, câmeras, processador e tela para entregar um aparelho barato e que ainda dê conta de funções básicas.
Com as expectativas calibradas, o resultado é positivo. Depois de uma semana de uso, as maiores qualidades do Blu B3 (para além de seu preço) parecem ser a resistência, a facilidade de uso e a performance — que parece tirar leite de pedra, ainda mais pelo preço que está disponível.
O problema é que, hoje em dia, não é muito difícil encontrar smartphones bons por essa faixa de preço ou um pouco mais no varejo.
É fácil de imaginar este celular como o primeiro de alguém, fazendo as vezes de "aparelho de bordo" para um motorista de Uber, por exemplo. Ou ainda, aquele presente para o parente que usa o mesmo telefone há 10 anos e você precisa contatar no WhatsApp de vez em quando. Agora, se você procura algo a mais, talvez seja bom continuar procurando.
Sistema Operacional
Android 11 (dois anos de atualização)
Dimensões
16,4 cm x 7,9 cm x 1,1 cm (altura x largura x profundidade)
Resistência à água
Não
Cor
Preto
Preço
999,00
Tipo
Curved Glass (FHD+)
Tamanho
6,0 polegadas
Câmera Frontal
8 MP
Câmera Traseira
13 MP (Principal ) + 2 MP (Profundidade)
Processador
Unisys T-310
Armazenamento
32 GB
Memória
3 GB
Bateria
3.000 mAh
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