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Nostalgia cara: dobrável Galaxy Z Flip é estiloso, mas não justifica preço

Gabriel Francisco Ribeiro

De Tilt, em São Paulo

12/08/2020 04h00

Quem já era "gente" na década de 90 ou início dos anos 2000 sabe bem o que é ter um celular "flip" —ou seja, com uma dobradiça que abre e fecha seu corpo. Mais de dez anos depois dos primeiros smartphones, que "mataram" esse tipo de aparelho, ele voltou em 2020 graças às novas telas dobráveis. É o caso do Galaxy Z Flip, mas meça suas expectativas, parça.

Usei o Galaxy Z Flip por cerca de dez dias e percebi que seus prós não compensam seus contras e nem seu alto preço. Apresentado em fevereiro pela Samsung, o celular chegou ao Brasil em março por R$ 8.999. Atualmente, já pode ser encontrado na faixa dos R$ 7 mil, um valor ainda muito alto.

Seu preço de lançamento estava acima dos de vários smartphones tops de linha lançados nos últimos tempos pela própria Samsung e concorrentes como Apple, Motorola, LG, Xiaomi e Huawei. Ao mesmo tempo, o Z Flip tem várias características inferiores a esses outros aparelhos —mas nenhum deles, claro, tem uma tela flexível.

É bom salientar que o Z Flip é diferente do Galaxy Z Fold (e o recentemente anunciado Z Fold 2), que mantém as características de top de linha, conta com uma tela interna e é ainda mais caro.

Ao menos o Z Flip pode ostentar em um ponto: ele é melhor do que seu rival direto Moto Razr, smartphone dobrável da Motorola que é pior nas especificações e no design. Por enquanto os dois valem mais como um (caro) objeto saudosista de tempos não tão antigos.

Galaxy Z Flip

Preço

R$ 8.999 (lançamento) R$ 7.000 (atualizado) Comprar
TILT
4,2 /5
ENTENDA AS NOTAS DA REDAÇÃO

5,0

Qualidade é ótima e nem "depressão" no centro incomoda.

4,0

É um toque diferente do que estamos acostumados no vidro e podem rolar pequenas falhas.

5,0

4,0

Inferior a outros celulares tops de linha

5,0

Existem celulares melhores, mas ainda assim é boa. Modo noturno impressiona.

5,0

5,0

Vem com um processador top de linha do ano passado, mas ainda assim dá conta do recado.

4,0

4,0

Aguenta a média dos celulares da atualidade: um dia, com um pouco de sobra para o dia seguinte.

4,0

4,0

1,0

Mais caro que a maioria dos tops de linha só por contar com a tela dobrável --e com alguns recursos inferiores.

Pontos Positivos

  • Design mais bonito do que seu único concorrente
  • Modo noturno excelente na câmera traseira
  • Fica mais compacto para caber em bolsos e bolsas (mas mais "gordo")
  • Tela dobrável foi melhorada em relação ao Fold

Pontos Negativos

  • Não tem resistência a água ou poeira
  • Design dobrável no estilo Flip não é tão útil
  • Câmera é inferior a outros tops de linha
  • Preço caro demais para valer a pena

Veredito

O Galaxy Z Flip é um celular que não justifica seu preço. A tela dobrável e o jeito que lembra celulares do início dos anos 2000 é legal, mas não é tão útil assim. Além disso, tem vários recursos inferiores a outros tops de linha, mesmo sendo mais caro.

Não tem como começar esse review sem falar do que mais chama a atenção no smartphone: o design dobrável. É inerente, ao ter o celular nas mãos, você começar a abrir e fechar o aparelho sem parar. Chega a ser viciante. Não que seja, de fato, tão útil.

Aberto, o Z Flip tem um estilo próximo ao do padrão atual de smartphones: tela grande e um corpo esguio. Achei o aparelho muito escorregadio, algo que só foi consertado depois que coloquei a capinha que vem na caixa para melhorar a pegada.

Fechado, ele se transforma em um objeto portátil que cabe na palma da mão, do tamanho de espelhos de bolso ou pequenos estojos de maquiagem. O design todo é elegante, com corpo que mescla vidro e metal.

Galaxy Z Flip fechado deixa smartphone muito mais portátil Imagem: Gabriel Francisco Ribeiro/UOL

O smartphone é diferente de outros dobráveis recentes. O Fold e o Z Fold 2, por exemplo, se abrem como um livro para revelar uma tela interna maior, do tamanho de um tablet. No caso do Z Flip, o fato de ele ser dobrável só serve, mesmo, para deixar mais compacto quando fechado.

Isso não é lá tão vantajoso. Tudo bem que ele não fica tão esticado para fora de bolsos e impedindo de caber em bolsas, mas ao mesmo tempo o aparelho acaba ficando mais "gordinho". É trocar uma coisa por outra. E, em tempos de pandemia em que mal saímos de casa, a tecnologia fica mais "inútil". Claro que a Samsung não poderia prever isso, mas vale a menção.

Galaxy Z Flip pode parar em qualquer posição da abertura Imagem: Gabriel Francisco Ribeiro/UOL

O design, ao menos, é melhor do que o do Moto Razr, que conta com mais bordas quando o celular está aberto e tem um visual mais "antigo" para se parecer mais com o Razr original. O Z Flip está mais adequado aos tempos modernos.

O celular, de fato, é bonito. Talvez o primeiro smartphone dobrável que não chega com alguma bizarrice. Mesmo assim não é tão útil, e o Z Fold 2 promete mais, já que corrigiu vários erros da primeira versão.

Quando está fechado, o celular conta com uma minúscula tela na parte de fora que serve apenas para mostrar basicamente horário, data e status da bateria. Sua única finalidade é evitar que você abra o smartphone para checar data e hora.

Já aberta, a tela de 6,7 polegadas é muito bacana. O tamanho é ótimo para consumir conteúdos, jogar e ver filmes: nos mesmos moldes de outros celulares top de linha, com poucas bordas e apenas um furo na tela no topo para a câmera frontal. O fato de ela ser flexível —e contar com adesivos e outras proteções extras— não interfere muito na qualidade de imagem.

Tela do Galaxy Z Flip é grande e nos padrões atuais de celulares Imagem: Gabriel Francisco Ribeiro/UOL

De fato, a tela tem uma leve depressão bem no centro, onde se dobra no seu próprio corpo. Achei esse detalhe bem discreto e não interferiu muito no uso do celular. Evoluiu bastante em relação ao que vi no Galaxy Fold.

O Z Flip ainda tem um diferencial em relação ao Razr: sua tela pode parar em qualquer ângulo da abertura. Isso é interessante para o próprio smartphone servir como base, mas confesso que não usei muito isso.

As câmeras são um dos pontos em que o Z Flip não faz jus ao seu alto valor. Na traseira, são apenas duas lentes, ambas de 12 MP —uma principal e outra grande angular. Não há uma lente teleobjetiva como a maioria dos smartphones caros da atualidade.

Câmera traseira principal do Galaxy Z Flip sob a luz do sol Imagem: Gabriel Francisco Ribeiro/UOL

Câmera traseira grande angular do Galaxy Z Flip sob a luz do sol Imagem: Gabriel Francisco Ribeiro/UOL

Com menos câmeras, diminui-se também a variedade de fotos e a qualidade delas em alguns momentos. Mas é bom dizer que o conjunto traseiro faz um ótimo trabalho em diferentes condições de iluminação.

Foto sem modo noturno com a câmera traseira principal do Galaxy Z Flip Imagem: Gabriel Francisco Ribeiro/UOL

Modo noturno com a câmera principal do Galaxy Z Flip Imagem: Gabriel Francisco Ribeiro/UOL

O modo noturno, por exemplo, é espetacular e superior até ao do iPhone 11. As fotos ganham um grande destaque e o contraste é bem ressaltado em meio à pouca iluminação. Já o desfoque de fundo sofre um pouco no Z Flip.

A câmera frontal é a que mais decepciona no aparelho. Ela é única, de 10 MP. Há uma certa perda de definição em algumas imagens e fica atrás de concorrentes, como o já citado iPhone e até outros modelos da própria Samsung, como o Galaxy S20 ou o Galaxy Note 10.

Câmera de selfie do Galaxy Z Flip Imagem: Gabriel Francisco Ribeiro/UOL

Câmera de selfie do Galaxy Z Flip com desfoque de fundo Imagem: Gabriel Francisco Ribeiro/UOL

O desfoque de fundo da câmera de selfie também conta com várias falhas, já que é feito por software. Ele também só desfoca o fundo ao reconhecer um rosto. Ao usar máscara, não consegue identificar ninguém.

No geral, as fotos com o Z Flip ficam boas, mas falta a qualidade que a gente espera de um celular do seu preço.

O desempenho é mais um ponto em que o Z Flip é, na teoria, inferior a rivais. O smartphone dobrável chega com um processador top de linha, mas do ano passado. - mesmo tendo sido lançado com o Galaxy S20, que veio com um processador deste ano. A impressão é que a Samsung quis baratear o Z Flip ao colocar nele um chip do ano anterior. Ao menos não é um processador intermediário, como ocorre no Razr.

Ainda assim, não dá para reclamar muito do desempenho: o celular não travou nenhuma vez e rodou bem rápido durante o meu uso. Só não dá para garantir que a longevidade dessa rapidez seja tão boa quanto a do S20.

Nos testes de benchmark feitos com o aplicativo Geekbench 5, o Z Flip ficou só um pouco atrás do S20 Ultra, o que me faz acreditar mais na sua performance. Nos números, ele também está atrás do Moto Edge+.

A bateria do Z Flip está bem na média boa dos celulares da atualidade. Quando forcei mais o smartphone (mexendo bastante e assistindo a vários jogos na retomada do Campeonato Paulista), ela durou cerca de um dia, precisando ser carregada antes de dormir.

Galaxy Z Flip fechado de lado: celular fica mais "gordinho" Imagem: Gabriel Francisco Ribeiro/UOL

Já quando deixei o celular mais de lado, ainda mais em tempos de home office e pandemia, durou dois dias. Na média do uso rotineiro que fazíamos antes do isolamento social, creio que o aparelho aguentasse cerca de um dia com uma sobra para o dia seguinte.

O Note 20 ainda tem um carregamento rápido que consegue carregar totalmente o celular em uma hora e 25 minutos. É rápido, mas inferior ao do Note 10+, que fazia o mesmo em uma hora e quatro minutos.

O Galaxy Z Flip não tem o leitor de digitais embutido na tela como vários celulares da Samsung. Em vez disso, o leitor fica na lateral, no botão de ligar e desligar o aparelho. Achei a alternativa boa e melhor do que colocar na traseira, como rola em alguns modelos.

Outro ponto que merece atenção é que o Galaxy Z Flip não tem nenhuma resistência a água ou poeira, algo que praticamente todos os smartphones da atualidade já têm. Isso é um perigo e injustificável para um smartphone com seu preço.

Dito tudo isso, considero o Galaxy Z Flip como o celular com o pior custo-benefício entre os lançamentos recentes. Ele tem um preço mais caro que a maioria dos tops de linha da atualidade, mas ao mesmo tempo com recursos inferiores a eles.

Tudo bem, eu sei: a tela flexível é uma tecnologia nova e encarece o smartphone. Mas de jeito nenhum vale a pena comprar o Z Flip só por causa disso. A tecnologia é bacana, mas não se justifica por si só.

No caso do Z Flip, a tela dobrável é mais uma "firula" do que útil de fato. Afinal, o celular segue grande e simplesmente fica mais compacto só para ser levado no bolso (e mesmo assim fica mais grosso). Não faz muito sentido pagar um alto preço só para ter essa comodidade.

Quando as telas dobráveis estiverem mais estabilizadas e baratas, talvez todos os celulares tenham esse formato e aí tudo bem. Agora definitivamente não vale pagar mais caro só para ter um smartphone flip. Se você quer uma tela dobrável que te dê benefícios de fato, opte pelo Fold ou o Z Fold 2.

Imagem: Divulgação

Galaxy Z Flip

Preço: R$8.567,61*

O UOL pode receber uma parcela das vendas pelos links recomendados neste conteúdo. Preços e ofertas da loja não influenciam os critérios de escolha editorial.

Desfoque de fundo

Sem desfoque de fundo
Com desfoque de fundo
Imagem: Gabriel Francisco Ribeiro/UOL | Gabriel Francisco Ribeiro/UOL

Modo noturno

Foto sem modo noturno
Foto com modo noturno
Imagem: Gabriel Francisco Ribeiro/UOL | Gabriel Francisco Ribeiro/UOL
Especificações técnicas
  • Sistema Operacional

  • Android

  • Dimensões

  • 167.3 x 73.6 x 7.2 mm (aberto)

  • Resistência à água

  • Não tem

  • Preço

  • R$ 8.999 (lançamento)

Tela
  • Tipo

  • Amoled Dinâmico

  • Tamanho

  • 6,7 polegadas

  • Resolução

  • 1080 x 2636

Câmera
  • Câmera Frontal

  • 10 MP

  • Câmera Traseira

  • Dupla (ambas de 12 MP)

Dados técnicos
  • Processador

  • Snapdragon 855 Plus

  • Armazenamento

  • 256 GB

  • Memória

  • 8 GB

  • Bateria

  • 3.300 mAh

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