Galaxy Z Fold 2 é o celular mais avançado em anos, mas poucos podem ter
Gabriel Francisco Ribeiro
De Tilt, em São Paulo
04/11/2020 04h00
O Galaxy Z Fold 2, com sua tela dobrável que transforma o aparelho em um tablet, é o melhor e mais avançado celular em anos. O caríssimo smartphone da Samsung, lançado em setembro e que será vendido no Brasil em 13 de novembro, tem um ar futurista e tecnologias com potencial para finalmente sacudir o mercado de celulares, já estagnado há alguns anos.
A nova versão do Fold está em outro patamar em relação aos celulares comuns por causa da sua tela dobrável, cada vez mais refinada. O Galaxy Fold original, do ano passado, era ainda um protótipo de uma tecnologia do futuro e com muitas bizarrices. A maioria desses problemas foi corrigida no novo aparelho.
Usei o novo Galaxy Z Fold 2 como celular principal por cerca de três semanas. Ainda tem espaço para melhorar a linha, mas o avanço de um ano para outro é notável. Claro que há um preço caro a se pagar: ele chega ao país, mesmo com fabricação nacional, por nada menos que R$ 13.999, sendo o aparelho mais caro da Samsung na atualidade.
Atualmente, ele senta na confortável posição de não ter rivais no seu segmento. O único do tipo é o Huawei Mate X, lançado em 2019 e que não ganhou nova versão em 2020 —e também não veio ao Brasil. Entre os dobráveis lançados aqui, a Motorola tem o Moto Razr, mas ele rivaliza com o Galaxy Z Flip, também da Samsung, porque ambos se abrem e fecham verticalmente como os celulares dos anos 2000.
Galaxy Z Fold 2
Preço
R$ 13.9995,0
Não uma, mas duas telas: a interna, com a tecnologia dobrável, é a maior inovação em anos
4,0
Touch da tela dobrável é um pouco pior do que a externa principalmente ao arrastar apps
5,0
Som bom e alto, apesar de outros tops de linha serem melhores
5,0
Câmeras frontais tiram boas fotos em diferentes modos
5,0
Câmera traseira é excelente e está no mesmo nível de concorrentes top de linha
5,0
Vídeos carregam as boas configurações das câmeras
5,0
Nenhum travamento ou lentidão exagerada notada nas três semanas de uso
4,0
É um celular pesado, mas que não incomoda tanto no uso diário
4,0
Bateria é boa, mas podia ser melhor - tela com taxa de 120 Hz afeta
5,0
Tela externa mais estreita torna a usabilidade ótima - tela interna exige uso com duas mãos, claro
5,0
Celular bonito e com o design inovador de se transformar em um tablet
3,0
É um celular caríssimo, mas ao mesmo tempo são dois produtos em apenas um - é o preço da inovação
Pontos Positivos
- Tela dobrável encanta e é a maior mudança no mercado em anos
- Usabilidade é ótima nas duas telas do aparelho
- Desempenho excelente e novas maneiras de usar o celular
- Câmeras fazem um ótimo trabalho em diferentes modos
Pontos Negativos
- Defeito principal é a ausência de resistência a água ou poeira
- Peso atrapalha em alguns momentos
- Aplicativos precisam se adequar às novas possibilidades
- Preço é absurdamente alto e afasta a maioria dos usuários
Veredito
O Galaxy Z Fold 2 é a maior inovação no mercado de celulares desde o surgimento do iPhone - se vai "pegar" ou não, é outra história. Ele corrige os erros do original e muda o conceito de celular ao se transformar em um tablet. O smartphone/tablet merece o status de "celular dos sonhos", mas o preço praticamente impede qualquer um de fazer o sonho virar realidade.
O celular tem uma tela exterior e outra interior —essa última é que tem a capacidade de ser dobrada para fora e transformar o smartphone em uma espécie de pequeno tablet.
Problemas vitais do Fold original foram corrigidos aqui, como a tela externa. Se antes ela era completamente estranha e pouco útil, agora é praticamente uma tela de um celular convencional.
A tela externa agora subiu de 4,6 para 6,2 polegadas (de 11,6 para 15,7 cm) e ficou com bordas mínimas, apenas com um furo na tela no topo para a câmera frontal. De cara parece um pouco estranha por ser mais estreita do que a média, mas isso na verdade melhora muito o uso do smartphone, sendo possível usar o aparelho com uma das mãos com tranquilidade.
Mas é dentro que a mágica acontece. O Z Fold 2 se abre como um livro e revela um visor interno de nada menos que 7,6 polegadas (19,3 cm), também com poucas bordas e um furo na tela para a câmera frontal. E aqui precisamos reforçar: é uma única tela que se dobra mesmo (não duas unidas) e feita realmente de vidro (não é plástico).
Isso graças a uma tecnologia chamada UTG (vidro ultrafino) e a uma dobradiça inspirada em um aspirador de pó da Samsung. A única diferença dela para uma tela comum é um leve vinco vertical visível na tela bem no centro onde passa a dobradiça. Mas não se preocupe: essa depressão é imperceptível no uso diário, principalmente ao ver vídeos.
Com a tecnologia Amoled, ambas as telas têm uma qualidade, brilho e contraste de cores excelente. A interna conta com a nova taxa de atualização de 120 Hz adaptável, que faz conteúdos como jogos rolarem mais suavemente.
No fim das contas, senti que elas se complementam. Usava o smartphone para ler notícias, ver WhatsApp ou olhar algumas redes sociais com a tela externa. Quando queria ver um vídeo, jogar, ver fotos ou ler um texto com mais atenção, abria o smartphone para usar a tela interna.
Ah, vale dizer que a maioria dos aplicativos acompanha o movimento de abertura do celular e continua do mesmo ponto em que estava. Alguns, como o Instagram e jogos, não são compatíveis com isso e são reiniciados no processo.
O Z Fold 2 ainda tem a capacidade de parar a abertura do aparelho em qualquer ponto, criando um apoio com o próprio celular. Isso é bacana, mas por enquanto apenas o YouTube acompanha esse movimento e divide o conteúdo na tela interna —nenhum outro streaming ainda foi aperfeiçoado para isso, o que mostra que os aplicativos precisam se adequar à nova tecnologia.
O design do Galaxy Z Fold 2 lembra bastante o que foi visto no Note 20 Ultra, principalmente na traseira. Ela segue o mesmo estilo, com uma moldura sobressalente para as (grandes) lentes da câmera e a bela nova cor bronze que dá um ar elegante.
É claro que um celular dobrável carrega algumas diferenças no design. Ele é mais grosso: quando está fechado, imagine uma espessura de cerca de dois smartphones normais da atualidade colados um no outro. O canto esquerdo, onde está a dobradiça, é levemente mais elevado do que o direito. Isso deixa o smartphone mais protuberante no bolso.
Mas seu design não incomoda em nada na usabilidade —e olha que eu sou uma pessoa bem chata nesse quesito, sempre reclamando dos celulares cada vez maiores como a linha Galaxy Note.
De uma forma geral, achei o design do Z Fold 2 perfeito nesse ponto: a tela externa se encaixa bem em uma só mão por ser estreita e a tela interna é naturalmente usada com as duas mãos, como um tablet. Já o fato de ele ser mais "grosso" do que celulares comuns também ajuda na pegada. Se fosse mais fino, o smartphone poderia escapar mais das mãos.
Ele é até leve se considerarmos o seu tamanho e suas tecnologias —tem 282 gramas. O peso não me incomodou tanto, mas ainda assim pode melhorar: usar o aparelho deitado cansa bem o braço, assim como manter elevado por algum tempo para tirar uma foto ou vídeo, por exemplo.
As câmeras do Galaxy Z Fold 2 fazem um ótimo trabalho, apesar de oferecerem algumas configurações inferiores a outros smartphones da Samsung como o Galaxy Note 20 e o S20 Ultra. Na comparação com a concorrência externa, ele está no mesmo nível dos atuais tops de linha.
São, ao todo, cinco lentes diferentes: três câmeras traseiras (uma principal, uma grande angular e uma teleobjetiva), uma câmera frontal na tela interna e uma câmera frontal na tela externa. Não me decepcionei com nenhuma delas.
Galaxy Z Fold 2: teste de câmera
A câmera traseira é o maior destaque, com variados modos de fotografia. As três lentes tiram fotos com ótima qualidade, bom contraste de cores e riqueza de detalhes. É bacana variar entre as diferentes opções (grande angular, principal, desfoque de fundo, zoom e tudo o mais) até encontrar a melhor imagem.
O modelo perde um pouco no zoom em relação aos outros tops de linha da Samsung. O do Z Fold 2 pode chegar a até 10x, enquanto o S20 Ultra tem até 100x e o Note 20 Ultra até 50x.
Já o modo noturno faz um ótimo trabalho. Usando o recurso, fotos tiradas no meio do mato e no puro breu fazem a noite virar praticamente dia. O desfoque de fundo também cria imagens bacanas, realçando bem o objeto principal.
Um recurso inédito do Z Fold 2 —e que mostra como o celular dobrável pode mudar o uso do smartphone— é a capacidade de tirar uma "selfie com a câmera traseira". É só apertar um botão no app da câmera com o celular aberto que a tela externa passa a mostrar a imagem da câmera frontal em tempo real enquanto você tira uma foto.
Usei esse recurso várias vezes para tirar selfies melhores (com o timer ligado, já que é ruim mexer no aparelho sem ver), já que a câmera traseira é superior às frontais. A novidade também pode ser útil naquelas viagens que fazemos sozinho: você pode pedir a um estranho tirar uma foto sua e "coordenar" o enquadramento da imagem se vendo na câmera traseira, sem ser surpreendido com uma foto ruim na devolução do celular. Achei bem útil.
Com isso, até usei um pouco menos as câmeras frontais. Entre elas, preferi usar a da tela externa quando estava na rua, já que é mais fácil segurar o celular e chama menos atenção. Tanto a câmera frontal interna quanto a externa vão bem e também têm um bom desfoque de fundo.
O mais interessante para a câmera frontal interna é que o app da câmera entende quando você deixa o celular dobrado em 90 graus, dividindo a tela. Na parte de cima é mostrada a visão da lente em tempo real, enquanto a de baixo mostra a última foto tirada e outras opções da câmera. Esse apoio é muito bom para gravar vídeos ou tirar fotos no timer.
A bateria do Galaxy Z Fold 2 até que vai bem, se considerarmos que estamos falando de um celular que vira tablet. Em média, consegui fazer a energia durar um dia, com normalmente uma pequena sobra para o dia seguinte. O mais bacana é que o carregamento rápido faz a bateria ser totalmente recarregada em uma hora e meia (olha aí como é importante oferecer carregadores novos, Apple).
E olha que o Z Fold 2 faz a gente usar mais o smartphone: a tela gigante te prende mais, principalmente para ver conteúdos e para jogar games. Além disso, a taxa de atualização de 120 Hz da tela interna gasta mais energia. Considerando tudo isso, o desempenho da bateria é bom, mas podia ser melhor.
No teste feito por Tilt de descarregamento ao reproduzir um vídeo em loop, o Z Fold 2 ficou atrás do Moto G8 Plus (recordista do ano) e do Moto G8 Power, celulares focados em bateria. Entre os tops de linha, ele fica um pouco atrás do Galaxy Fold original e do Galaxy Z Flip, mas um pouco à frente do S20 Ultra e do Note 20 Ultra.
Com um processador top de linha deste ano, o Z Fold 2 também não faz feio no desempenho. Em três semanas usando o smartphone, não tive nenhum problema de travamento, aplicativo fechando ou lentidão marcante. É de fato um celular feito para ser usado no limite.
Isso é muito importante, porque ao virar um tablet, ele permite um uso muito mais intenso do que o de um celular comum. É por esse motivo que me preocupo com a possibilidade de ser lançada uma versão intermediária do Z Fold 2, que pode pecar nesse quesito.
No teste de benchmark com o aplicativo Geekbench 5, o Z Fold 2 fica atrás do Moto Edge+ no desempenho multinúcleos do processador, mas foi o melhor do ano no desempenho de núcleo simples —isto é, focando em uma tarefa por vez.
Já citei vários recursos únicos do dobrável, mas faltam alguns, claro. O principal é o modo multitarefa: ele já foi visto em outros celulares como a linha Note, mas é muito melhor no Z Fold 2 por causa da tela enorme interna, que torna excelente usar três aplicativos ao mesmo tempo.
Falta nele apenas a caneta S Pen da linha Galaxy Note, mas rumores apontam que ela estará presente no lançamento do Z Fold 3. O sistema e a interface da Samsung também estão cada vez melhores, mas nesse ponto ainda prefiro a estabilidade do iOS.
O Z Fold 2 também tem um leitor de digitais que fica no botão de ligar/desligar do celular. Na primeira semana esse botão funcionou muito bem, mas à medida que sujava um pouco mais, ficou mais impreciso. Era preciso limpá-lo com um pano seco ou com a própria camiseta para retomar o bom funcionamento.
O grande ponto negativo do smartphone é não ter nenhuma resistência a água ou poeira. Para um celular do seu preço, isso é muito preocupante, já que torna o aparelho muito mais frágil e exposto. No meu uso diário, o smartphone não foi afetado pelo vapor de água do banheiro e nem pelo contato acidental com água próxima à pia - mas isso preocupa, ainda assim.
Não dá para recomendar a compra de um celular que chega pelo preço do Galaxy Z Fold 2. É uma grana absurda para se pagar em qualquer aparelho eletrônico, na minha opinião.
Ao mesmo tempo, seu custo-benefício não é de todo o mal. Considere o Z Fold 2 um aparelho dois em um: funciona tanto como um celular quanto como um pequeno tablet, ambos top de linha. E nós sabemos que o preço dos gadgets está cada vez mais alto. Mas o aparelho é ótimo e, para mim, a maior mudança no mercado desde o surgimento do iPhone.
Se você tiver dinheiro de sobra para gastar em um celular desse tipo, maravilha. Caso não tenha, como a maioria de nós, resta torcer para a tecnologia futurista das telas que se dobram se popularizar e baratear rapidamente. Falta apenas isso, já que o Z Fold 2 foi a prova final de que as telas dobráveis já são funcionais.
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Sistema Operacional
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Android
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Dimensões
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159.2 x 68 x 16.8 mm (fechado) e 159.2 x 128.2 x 6.9 mm (aberto)
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Resistência à água
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282 gramas
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Cor
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Bronze e preta
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Preço
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R$ 13.999
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Tipo
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Super Amoled (externa) e Amoled Dinâmico (interna)
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Tamanho
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6,2 polegadas (externa) e 7,6 polegadas (interna)
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Resolução
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816 x 2260 pixels (externa) e 1768 x 2208 pixels (interna)
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Câmera Frontal
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10 MP (tela externa e interna)
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Câmera Traseira
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tripla (12 MP principal, teleobjetiva e grande angular)
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Processador
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Snapdragon 865+
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Armazenamento
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256 GB
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Memória
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12 GB
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Bateria
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4.500 mAh