Moto G9 Plus tem tela e bateria de sobra, mas câmeras se atrapalham
Lucas Carvalho
De Tilt, em São Paulo
03/02/2021 04h00
É difícil acompanhar o ritmo da Motorola em celulares. A empresa já foi conhecida pelo minimalismo, com apenas três linhas de smartphones, mas hoje inunda o mercado com modelos novos praticamente a cada mês. Aparelhos comprados hoje podem ficar obsoletos ou mais baratos daqui a seis meses. Nesse ritmo frenético, algumas joias podem passar despercebidas. É o caso do Moto G9 Plus, lançado em setembro de 2020 em um mar de outras versões do Moto G.
O G9 Plus se destaca por trazer elementos de smartphones premium, daqueles bem caros, para uma faixa de preço intermediária, mais acessível. Será que ele cumpre o que promete? Descubra a seguir.
Moto G9 Plus
Preço
R$ 2.499 R$ 1.789 (Motorola - 24/02/2021) Comprar5,0
LCD com brilho forte e nenhuma distorção.
5,0
5,0
5,0
4,0
Câmeras extras são limitadas, mas o sensor principal é competente.
4,0
Navegação rápida com poucos engasgos, mas pode piorar com o passar do tempo.
5,0
5,0
Bateria suficiente para dois dias com carregamento super rápido.
5,0
4,0
Traseira de plástico espelhada acumula marcas de dedos.
5,0
Pontos Positivos
- Bateria e otimizações de software e hardware garantem dois dias de uso tranquilos longe da tomada
- Carregamento superrápido ajuda a manter celular sempre ativo
- Tela LCD impressiona com brilho forte, contrastes profundos, cores vibrantes e nenhuma distorção. Quase tão boa quanto uma tela Oled
Pontos Negativos
- Câmeras extras mais atrapalham do que ajudam, embora sensor principal seja de boa qualidade
- Desempenho tem alguns engasgos que podem ficar piores com o passar do tempo
Veredito
O Moto G9 Plus traz um bom equilíbrio entre recursos e preço. A tela e a bateria são dignas de smartphones bem mais caros, mas as câmeras extras e o desempenho não mentem: este é um celular intermediário. Vale a pena se você está procurando um aparelho com bom custo-benefício e não liga para um engasgo aqui e ali, ou não é muito atento à fotografia.
O UOL pode receber uma parcela das vendas pelo link de compra recomendado neste conteúdo. Preços e ofertas da loja não influenciam os critérios de escolha editorial.
O Moto G9 Plus é um celular grande. São 17 centímetros de altura por 7,8 cm de largura e 9,7 milímetros de profundidade. Com 223 gramas, não dá para dizer que é pesado. E as medidas são bem distribuídas, sem qualquer proporção maluca que o deixe desengonçado e difícil de equilibrar.
A traseira é de plástico e acumula muita sujeira, principalmente marcas de dedo, que ficam bem visíveis com o acabamento espelhado que a Motorola escolheu. As câmeras traseiras ficam naquele já tradicional quadrado elevado que virou moda entre as fabricantes. Já a câmera frontal fica num furinho no canto superior direito da tela, bem discreta.
Completam o pacote uma gaveta híbrida para chips (você pode usar dois SIM cards de operadoras ao mesmo tempo ou um SIM card mais um cartão de memória microSD) e a saída de som estrategicamente posicionada na parte de baixo, junto à porta USB-C para carregamento rápido. Na parte de cima, o bom e velho conector para fones de ouvido.
O grande diferencial no design do Moto G9 Plus é a disposição dos botões (e o que eles fazem). O botão de ligar e desligar na lateral direita, por exemplo, também serve de sensor de impressões digitais. E do lado esquerdo há um botão dedicado para convocar o Google Assistente, a inteligência artificial que responde a comandos de voz no Android.
O sensor de impressões digitais ali na lateral é rápido e funciona bem —melhor do que a maioria dos sensores sob a tela que eu já testei em outros smartphones, incluindo os da Motorola. Com o celular desbloqueado, ele também serve para acessar atalhos com dois toques rápidos.
O problema é que a posição do sensor torna-o extremamente sensível a toques acidentais: é quase impossível não esbarrar ali ao usar o celular com uma só mão. Embora o recurso dos atalhos seja interessante, prefiro deixá-lo desligado para evitar esses toques acidentais que atrapalham a usabilidade.
O botão dedicado ao Google Assistente pode ser interessante para quem usa muito o comando de voz, mas, no meu caso, acabou ignorado na maior parte do tempo. Infelizmente não é possível reconfigurar o botão para dar a ele novas funções do sistema.
O Moto G9 Plus vem com um painel LTPS LCD de 6,8 polegadas, ou 17,2 centímetros de um canto a outro na diagonal. É um painel grande, que exibe 2,592 milhões de pixels (1.080 x 2.400), o popular "Full HD+", com suporte a HDR10, o padrão de alto alcance dinâmico que promete pretos mais escuros equilibrados com brancos mais claros.
A tela realmente é um ponto forte do G9 Plus. O LCD aqui é de tão boa qualidade que quase se passa por um Oled. Há pouca distorção nas cores em ângulos mais inclinados de visão, os pretos são realmente escuros (embora não totalmente quanto no Oled) e o brilho é forte o bastante para dar conta do uso ao ar livre sob a luz do sol.
A resolução, embora não seja tão alta, dá conta do recado muito bem —você não consegue ver pixels individuais, garanto. Mesmo sem qualquer chamariz como uma taxa mais de alta de atualização, o visor do Moto G9 Plus é bem competente para o tamanho, reproduzindo cores precisas e confortáveis para ver vídeos, filmes, séries e jogos.
Equipado com o processador Snapdragon 730G, 128 GB de armazenamento (dos quais só 114 GB chegam livres para uso) e 4 GB de memória RAM, o Moto G9 Plus não é nenhum monstro, mas também não decepciona. Para tarefas do dia a dia, como navegar nas redes sociais, responder mensagens e ouvir música, o conjunto dá conta do recado.
Há um engasgo aqui e ali, principalmente em algumas situações: trocar rapidamente de um app para outro, tentar rolar muito rápido o feed da sua rede social favorita ou mesmo jogar games mais pesados como "Free Fire" e "Asphalt 9" —estes rodam com gráficos em qualidade mais baixa. Mas não é nada que chegue a tirar do sério.
Resta saber até quando o Moto G9 Plus vai dar conta do recado. Nós testamos o celular durante pouco mais de um mês e, a cada novo aplicativo instalado e a cada megabyte alojado na memória de cache, novos pequenos engasgos e lentidão surgiam em diferentes cantos do software. Até aqui, nada que incomode. Mas o acúmulo desses soluços pode virar um problema mais sério de travamento daqui a um ano.
Passamos o G9 Plus pelo aplicativo de análise de desempenho Geekbench, que registrou 547 pontos ao estressar somente um dos núcleos do processador e 1.755 pontos ao forçar os oito núcleos ao mesmo tempo. É melhor do que concorrentes como o Galaxy A71 e A51, da Samsung, e até que os celulares da linha Moto G8.
O conjunto de câmeras traseiras do Moto G9 Plus vem com quatro sensores. São eles:
- O principal de 64 MP;
- Uma lente grande-angular de 8 MP;
- Uma lente macro de 2 MP
- E um sensor de profundidade de 2 MP.
O quarteto opera junto para tirar fotos com maior versatilidade. A câmera grande-angular, por exemplo, permite capturar mais conteúdo numa imagem só. A lente macro serve para chegar bem perto de objetos sem perder o foco. E o sensor de profundidade ajuda com efeitos como o de modo retrato, que deixa o fundo desfocado, e o de cor em destaque, que deixa tudo cinza, exceto a cor que você selecionar.
Mas, na prática, o conjunto não é lá muito confiável. A lente grande-angular gera uma distorção notável nos cantos das fotos e erra muito nas cores, além de perder muitos detalhes. Já a câmera macro, feita para não perder o foco ao tirar fotos de perto, faz exatamente o contrário e tira o foco para dançar toda vez que é acionada.
As fotos com fundo desfocado ficam boas se o fundo for neutro. Quando há muita informação, quase sempre rola uma confusão e alguns pedaços da imagem ficam borrados ou nítidos por engano, principalmente em detalhes como fios de cabelo. O mesmo acontece no modo de cor em destaque, que nem sempre entende exatamente qual é a cor que você quer destacar.
A câmera principal de 64 MP é a única que se salva consistentemente. As cores e contrastes são bons, o foco é rápido e a definição é satisfatória. Por padrão, as fotos tiradas com esse sensor são geradas em 16 MP, mas, se quiser, você pode desbloquear o modo de alta resolução no app da câmera e gerar imagens enormes com os 64 MP que ela promete.
A diferença é que, com a resolução total, o arquivo da imagem ocupa mais espaço. Mas para o Instagram, o modo automático está de bom tamanho.
Moto G9 Plus: veja fotos feitas com o celular
A câmera principal ainda vem com uma função chamada "Night Vision", usada em outros modelos da Motorola. Ela promete melhorar os resultados de fotos tiradas no escuro. Na minha experiência, esse recurso ficou instável. Muitas vezes, só o que ele faz é aumentar o brilho artificialmente sem melhorar a nitidez. Em outras situações ele até torna a imagem mais nítida, mas deixa o brilho estourado e erra no foco. Em outras palavras, não conte com ele para salvar suas fotos noturnas.
Já na câmera de selfies não tenho do que reclamar. O sensor de 16 MP tira fotos bem detalhadas, com cores vibrantes e contraste competente. O seu papel principal —deixar o rosto do usuário em destaque, bonito e sem exagerar nos filtros artificiais—é cumprido com tranquilidade.
Os 9,7 milímetros de espessura do Moto G9 Plus se justificam, em parte, pela bateria de 5.000 mAh do modelo. A fabricante diz que esse volume todo de energia é suficiente para dar conta de dois dias de uso. Nos nossos testes, foi mais ou menos isso o que encontramos.
No nosso teste de bateria, que consiste em deixar um vídeo rodando em looping com a tela cheia, no brilho máximo, Wi-Fi ligado, sem notificações, 4G e Bluetooth desligados, além de todos os apps de segundo plano fechados, o Moto G9 Plus aguentou 13 horas e 32 minutos. O desempenho é melhor que o do Moto G8 Power, outro aparelho da Motorola com tela LCD e bateria de 5.000 mAh.
Para recarregar, graças ao enorme carregador TurboPower de 30 W, o G9 Plus foi de 0% a 100% em pouco mais de uma hora. Impressionante.
Quando eu não estava tentando matar a bateria, mas apenas usando o celular para navegar nas redes, ver vídeos no YouTube, ouvir música no Spotify e jogar, o G9 Plus aguentou oito horas de tela ligada. Foram quase dois dias inteiros (e uma noite inteira) sem precisar colocar o smartphone na tomada.
Afinal, o Moto G9 Plus vale a pena? Pelo preço de lançamento de R$ 2.499, não. Mas hoje, no site oficial da Motorola, o celular já pode ser encontrado por R$ 1.799, o que o torna bem competitivo.
Nessa faixa de preço, ele ganha de qualquer outro Motorola lançado no último ano e até dos concorrentes da Samsung e Xiaomi, tanto em termos de desempenho quanto de bateria. Tudo bem, R$ 1.799 ainda não é exatamente barato, mas está dentro do padrão do mercado para um celular com uma tela grande e de boa qualidade, desempenho satisfatório (por enquanto) e bateria para dar e vender.
O principal defeito é o design —a traseira de plástico acumula marcas de dedo e o sensor de digitais na lateral pode atrapalhar. Nada que não se resolva com uma capinha ou um pulo no app de configurações. A câmera pode não ser perfeita, mas dá conta do recado e não deixa a desejar diante dos rivais.
Se você decidir investir o seu dinheiro no Moto G9 Plus, tenha em mente que um "Moto G10" talvez já esteja chegando. Mas é pouco provável que o sucessor torne o seu G9 obsoleto da noite para o dia. Vale lembrar que a queda de desempenho pode ser cruel com o passar do tempo. Não conte que este aparelho continuará eficiente em mais de dois anos.
De qualquer maneira, no mar de opções que a Motorola e outras fabricantes de celulares Android colocam à disposição do consumidor, o Moto G9 Plus é um competidor bacana que merece um pouco mais da sua atenção.
Night Vision (visão noturna)
Modo retrato
Câmera principal e grande-angular
-
Sistema Operacional
-
Android 10
-
Dimensões
-
170 x 78,1 x 9,7 mm
-
Resistência à água
-
Não
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Cor
-
Ouro rosé e azul indigo
-
Preço
-
R$ 2.499 (lançamento)
-
Tipo
-
LCD LTPS
-
Tamanho
-
6,8 polegadas
-
Resolução
-
1080 x 2400
-
Câmera Frontal
-
16 MP
-
Câmera Traseira
-
Quádrupla (64 MP + 8 MP + 2 MP + 2 MP)
-
Processador
-
Snapdragon 730G
-
Armazenamento
-
128 GB
-
Memória
-
4 GB
-
Bateria
-
5.000 mAh