Nokia 2.3: celular básico tem bateria longa, mas vacila no desempenho
Constância Garcia
Colaboração para Tilt
28/10/2020 04h00
Se você é um jovem adulto que viveu intensamente os anos 2000, com certeza foi impactado por uma marca de celulares que virou febre por aqui. A Nokia, famosa pelos celulares no estilo "tijolão", desembarcou novamente no Brasil em maio, com o smartphone básico Nokia 2.3.
Com preço atrativo, a marca promete câmera dupla com funções especiais, armazenamento de 32 GB, e autonomia de bateria de até dois dias. Mas será que ele aguenta essa barra que é usar o celular em excesso durante a quarentena?
Equipado com bateria de 4.000 mAh, o aparelho, que marca o retorno da Nokia ao Brasil, consegue desempenhar com tranquilidade as funções do dia a dia. Mas, se o usuário procura por um celular com um desempenho interessante, pode se decepcionar. E dizemos isso mesmo considerando seu perfil básico.
Nokia 2.3
Preço
R$ 899 (lançamento) R$ 899 (atual) Comprar3,0
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Pontos Positivos
- Bateria que dura muito
- Android One com atualizações de segurança
- Tela com bom tamanho para uso de redes sociais
Pontos Negativos
- Câmera promete muitos recursos, mas revela problemas
- Celular trava muito e, às vezes, para de funcionar corretamente
- Modo "Foto Recomendada" não funciona
Veredito
O forte do Nokia 2.3 é a bateria potente, que o torna apto para o uso básico com redes sociais e jogos. Mas só isso. A câmera deixa a desejar e o telefone também não consegue suportar um uso mais pesado.
O Nokia 2.3 tem sua carcaça muito parecida com outros telefones Android. O que difere é a inserção da marca na parte da frente e também nas costas do aparelho. Aliás, o design na parte de trás do Nokia 2.3 chama a atenção pelas cores mais vivas, que fazem uma espécie de degradê.
O celular está à venda no Brasil nas cores verde, dourado e cinza. Mas no geral, o modelo apresenta um visual muito parecido com o de outros telefones disponíveis no mercado brasileiro.
Também na parte traseira, o Nokia 2.3 abriga sua câmera dupla de 13 MP, que possui Modo Retrato, famoso nos telefones iOS. Além desse recurso, a marca promete que o telefone escolha as melhores fotos automaticamente, com o sistema Foto Recomendada.
A promessa é excelente mas vemos na prática uma câmera que não atende às expectativas. Depois de acionar o botão para capturar uma imagem, o telefone demora muito para processar a foto. Por esse motivo, as fotografias saem borradas na maior parte do tempo.
O modo retrato funciona dentro da normalidade. No Nokia 2.3, ele se apresenta em cinco formatos diferentes, que apresentam efeitos mais ou menos desfocados ao fundo de cada foto. Mas, como a câmera não é tão poderosa, esta diferença é pouco perceptível.
Se os recursos já eram limitados nas câmeras traseiras, a câmera frontal também não tem muita qualidade. Os 5 MP de resolução resolvem bem para o usuário que deseja apenas tirar selfies para usar em redes sociais. Com o Nokia 2.3, não é possível pensar em fotos com qualidade de imagem alta.
A tela LCD do 2.3 tem resolução HD+ de 6.2 polegadas. O marketing da Nokia diz que ela é "especial para entretenimento imersivo e duradouro". E de fato, para redes sociais e vídeos, ela dá conta do recado, pois a resolução baixa não fará diferença para o que esperamos de um celular básico.
O entalhe da câmera frontal fica na borda superior, em formato de gota. Para quem já se acostumou com esse pequeno detalhe em celulares recentes, ele é bem discreto e não atrapalha a experiência.
O Nokia 2.3 vem de fábrica com o Android One e suporta a atualização para o Android 10. Quando o sistema do celular foi atualizado, melhorou significativamente a performance do telefone.
Como uso há muitos anos o sistema iOS, nos primeiros dias me perdi um pouco no visual do Android. Mas por ser bastante intuitivo, o sistema não traz muitas dificuldades no seu manuseio.
A Nokia disponibiliza atualizações de segurança mensais por até três anos, além de atualizações do sistema operacional por até dois anos. Com essas possibilidades, é esperado que o celular melhore sua performance ao longo dos anos.
Outro ponto importante para usuários de iPhone: assim que liguei o Nokia 2.3, surgiu na tela a opção de importar as informações de outro telefone com sistema iOS. Como o período de testes era curto, não optei por este resgate. Mas imagino que seja simples transferir os dados de um telefone para o outro.
Apesar do bom desempenho durante o uso geral, o Nokia 2.3 apresenta alguns bugs importantes. Em um deles, o teclado trava e para de funcionar completamente. Para reverter o processo, é preciso bloquear a tela. O erro acontece em oportunidades repetidas. Durante o teste, ficou evidente que ele ocorre nos momentos em que abro repentinamente um app de mensagens enquanto o app da Netflix está em uso.
Outro ponto importante na tela fica para o desbloqueio facial, que simplesmente não funcionou em nenhuma vez que tentei usar. Como uso óculos, escaneei e cadastrei meu rosto com e sem o acessório e mesmo assim não funcionou. A praticidade de desbloquear o telefone apenas olhando para o celular foi por água abaixo.
Esperava pelo menos que o Nokia 2.3 suportasse, sem maiores problemas, conexão via wi-fi. Mas, para minha surpresa, o celular por diversas vezes não conseguia se conectar à minha rede doméstica. Mesmo usando o celular ao lado do roteador, em alguns momentos, ele simplesmente não conseguia se conectar. Nessas ocasiões recorri ao 4G, que funcionou normalmente.
Mas não desistamos dele ainda. Se o seu intuito é comprar um celular que aguente horas de uso, o Nokia 2.3 é perfeito para isso. Com apenas uma carga, foi possível usar o celular de maneira bem acima do que geralmente os celulares suportam.
Depois da primeira carga, que levou pouco tempo para chegar aos 100% de bateria, consegui assistir seis episódios de série na Netflix, jogar bastante, ouvir música e acessar redes sociais. Para minha surpresa, mesmo com esse uso em excesso do celular, a bateria durou quatro dias.
Vale ressaltar que os "truques" de diminuição do nível de brilho da tela ou até mesmo ativar o modo economia de bateria não foram usados neste período. Graças à bateria de 4.000 mAh, o Nokia 2.3 conseguiu superar a promessa de bateria para até dois dias e é o ponto alto do aparelho.
A ferramenta extra mais funcional de todas no celular é o botão exclusivo de acesso ao Google Assistente. Em poucos passos, foi possível configurar o uso do botão e, sempre que acionado, o Google Assistente funcionou de forma correta. Apesar de ser um recurso que não pesa tanto na decisão da compra —afinal, quem quer um celular só porque tem botão exclusivo para assistente de voz?— não deixa de ser um diferencial.
Se você procura um telefone que oferece autonomia de bateria e recursos medianos para acesso à internet, redes sociais e jogos, o Nokia 2.3 custa atualmente cerca de R$ 835 à vista. Apesar do preço atrativo, é bom deixar claro que em funções que demandem mais potência do celular, o aparelho decepciona.
Na concorrência, você poderá ver por aí na mesma faixa de preço o Samsung Galaxy A20s, que apesar de ser um pouco mais caro (R$ 1.000) tem 3 GB de RAM, contra 2 GB do modelo da Nokia. Temos ainda o Motorola Moto G8 Play com o mesmo preço mas com câmera tripla (13 MP + 8 MP + 2 MP), contra a dupla do modelo finlandês.
Vale lembrar ainda que a Nokia já anunciou o sucessor deste modelo. O Nokia 2.4 deve ser vendido no Brasil, mas por enquanto não sabemos data nem preço de lançamento. De qualquer forma, o 2.3 muito em breve deve se tornar um modelo ultrapassado.
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Sistema Operacional
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Android 10
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Dimensões
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157.69 x 75.41 x 8.68mm; 183 gramas
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Resistência à água
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Não
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Cor
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Verde ciano, areia, carvão
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Preço
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R$ 899
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Tipo
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HD
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Tamanho
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6,2 polegadas
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Resolução
-
1.520 x 720 pixel
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Câmera Frontal
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5 MP
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Câmera Traseira
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13 MP + 2 MP
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Processador
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MediaTek Helio A22
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Armazenamento
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32 GB
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Memória
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2 GB
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Bateria
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4000 mAh