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Realme 9 vai bem no visual e na câmera, mas preço não faz sentido

Realme 9 - Divulgação
Realme 9 Imagem: Divulgação

Rodrigo Lara

Colaboração para Tilt, em São Paulo

20/07/2022 04h00

A Realme continua sua investida no mercado brasileiro. Após trazer o modelo premium Realme GT2 Pro, a empresa volta a olhar para a sua gama de intermediários com o Realme 9. O modelo é o terceiro da linha a desembarcar no país, fazendo companhia ao "quase topo de linha" Realme 9 Pro+ e à versão mais simples Realme 9i.

Um dos esforços da fabricante chinesa foi dar um ar mais sofisticado ao aparelho — o que, muitas vezes, contrasta com suas características. O comprador pode achar que tem em mãos um produto de uma categoria superior à que ele realmente pertence.

Essa sensação começa já na caixa, que consegue ser uma versão mais ousada da vista nos celulares da Apple. E pode ser observada em outros aspectos, como o acabamento da traseira (um plástico com pintura perolada). As câmeras têm um número chamativo de megapixels e sensores da Samsung, mas não necessariamente conferem uma qualidade premium ao conjunto.

Essa "maquiagem" toda se desmancha facilmente no uso diário. A ausência de suporte a redes 5G, em pleno 2022, também pesa contra.

Mas não é o caso da carruagem virar abóbora. O Realme 9 não é ruim. Ele traz funções e acessórios interessantes e pode atender bem a quem não faz questão de espremer o aparelho até a última gota de desempenho.


Realme 9

Preço

R$ 2.999 R$ 1.768 (lojas varejistas - 19/07/2022) Comprar
TILT
4,2 /5
ENTENDA AS NOTAS DA REDAÇÃO

A qualidade visual é ótima, mas a taxa de atualização fica atrás dos concorrentes.

Os falantes do aparelho oferecem som claro e alto.

Captura imagens detalhadas, mas resultado final tem tons mais frios do que a realidade.

Modos de fotografia funcionam bem e filtros em tempo real são ótima adição. Mas as imagens saem em tons mais frios do que o ideal.

Para atividades diárias, está de bom tamanho.

Nem peso-pena, nem tijolo, o Realme 9 está em linha com seus concorrentes.

Bateria de 5.000 mAh tem ótima autonomia; tem carregador rápido incluso na caixa.

O formato do telefone é agradável, porém o tamanho avantajado pode incomodar quem tem mãos pequenas.

O visual é elegante e a traseira com efeito perolado dá um charme extra.

O Realme 9 chega caro ao Brasil, especialmente porque é possível comprar outros smartphones da categoria que oferecem mais qualidades.

Pontos Positivos

  • Design
  • Autonomia da bateria
  • Câmera

Pontos Negativos

  • Preço
  • Falta suporte ao 5G
  • Taxa de atualização do display

Veredito

O Realme 9 é um intermediário interessante, com desempenho correto, boas câmeras e excelente visual. O maior problema é o preço, que faz com que ele seja mais caro do que rivais que oferecem melhor performance e funções.

O UOL pode receber uma parcela das vendas pelos links recomendados neste conteúdo. Preços e ofertas da loja não influenciam os critérios de escolha editorial.

Se você quer se encantar com o Realme 9, comece olhando para a traseira. Em termos visuais, a pintura da cobertura plástica é o ponto alto do aparelho. Uma pena que, no Brasil, as cores disponíveis são só preto e branco: o amarelo, grande destaque lá foi, não é oferecido aqui.

Como é de se esperar, a traseira também conta com um ressalto que abriga o nicho de câmeras.

Realme 9: detalhe das câmeras principais - Rodrigo Lara/Tilt - Rodrigo Lara/Tilt
Imagem: Rodrigo Lara/Tilt

Aqui, porém, o Realme 9 acaba sendo vítima de uma de suas características mais interessantes: a espessura de apenas 8 mm. De tão fino, o nicho cria um relevo considerável. Ele faz o celular parecer uma gangorra quando está apoiado numa superfície plana e sem capa de proteção (que acompanha o aparelho).

Realme 9: detalhe lateral do celular - Rodrigo Lara/Tilt - Rodrigo Lara/Tilt
Realme 9: detalhe lateral do celular
Imagem: Rodrigo Lara/Tilt

A tela tem tamanho considerável, com bordas mais perceptíveis na parte inferior. A câmera de selfie fica em um pequeno orifício no canto superior esquerdo, menos evidente do que em concorrentes que a deixam centralizada.

Realme 9: parte frontal do celular junto com a sua caixa - Rodrigo Lara/Tilt - Rodrigo Lara/Tilt
Imagem: Rodrigo Lara/Tilt

Laterais usam o mínimo de botões possível, com liga/desliga na direita e controles de volume na esquerda. Na parte inferior, há conexão USB-C e uma bem-vinda entrada de 3,5 mm para fones de ouvido (ainda que o aparelho não traga nenhum na caixa).

Realme 9: entrada USB-C - Rodrigo Lara/Tilt - Rodrigo Lara/Tilt
Realme 9: entrada USB-C
Imagem: Rodrigo Lara/Tilt

Ele é leve, encaixa bem na mão e bonito de se ver. Mas mantenha sempre longe da água, já que não há resistência a líquidos.

A tela do Realme 9 é o primeiro banho de água fria. Não há nada de errado com a sua tecnologia (Super Amoled), tamanho (6,4 polegadas, ou 16,25 cm) e resolução (Full HD+). É grande na medida certa e reproduz imagens com boa qualidade de cores.

O problema está na taxa de atualização de 90 Hz. Ok, ela é maior do que a vista, por exemplo, nos iPhone mais simples. Mas fica tímida diante de concorrentes do segmento intermediário, que já trazem displays com 120 Hz e até 144 Hz. Taxas maiores ajudam na visualização de imagens em movimento, como em vídeos e games.

A câmera é, de fato, um dos grandes argumentos de venda. O sensor de captação é um Samsung Isocell HM6 que, segundo a marca, aumenta a precisão de foco, captação de luz e controle de interferências em fotos noturnas.

As imagens produzidas realmente são de boa qualidade, especialmente na definição de detalhes. O foco é rápido e o zoom, se usado com moderação, não compromete. A lente ultra-angular proporciona um campo de visão de 120 graus, útil para enquadrar mais elementos na mesma cena.

A configuração do aparelho, com lente grande angular, ultra-angular e macro, privilegia fotos de média e curta distância. Nesse cenário, o Realme 9 vai bem em todos os modos, seja no tradicional, no urbano (uma espécie de filtro que reforça cores), no noturno (que clareia um pouco demais o ambiente) ou no retrato (que permite um controle em tempo real do nível de desfoque do fundo). O mesmo vale para os filtros disponíveis, que podem ser escolhidos antes do clique.

Realme 9: confira fotos tiradas com as câmeras do celular

A câmera de selfie segue no mesmo nível de competência.

A grande ressalva, ao meu ver, são as cores. As fotos acabam saindo em um tom muito frio, que não corresponde à realidade. É possível fazer uma leve edição para corrigir a distorção, mas o ideal é que a imagem produzida pelo conjunto não exigisse, de cara, esse tipo de procedimento.

A melhor palavra para definir o conjunto de processador, GPU e memória do Realme 9 é "cumpridor". Ele faz bem o que precisa ser feito, mas nada a mais. A frequência máxima de trabalho, 2,4 GHz, coloca o Snapdragon 680 em boa posição, mas não faz dele um estouro.

Não me deparei com gargalos em nenhum momento de uso. E isso inclui rodar games como Asphalt 9 e Call of Duty Mobile. O desempenho, claro, não é de top de linha, mas não decepciona.

Ter a memória de armazenamento expansível por cartão microSD é sempre bem-vindo (embora, hoje em dia, seja mais comum hospedar fotos e outros arquivos na nuvem).

Agora, vamos falar do elefante no meio da sala: a falta de suporte a redes 5G. É uma falta de visão atroz em pleno 2022 (no Brasil, a rede rápida de dados já começou a funcionar). O aparelho já fica com ar defasado, mesmo com sua construção moderna (ele usa o método de 6 nanômetros, que permite incluir mais componentes em menos espaço e melhora a eficiência térmica e energética).

Vem com uma bateria de excelente capacidade, de 5.000 mAh. Em uso moderado, tende a render mais de um dia fora da tomada. Testei conectado ao wi-fi e com uso convencional, com vídeos e redes sociais, e foram quase dois dias de autonomia. Usando um vídeo padrão de Tilt para testes do tipo, em reprodução contínua, o telefone desligou após 12h50.

Para a recarga, a Realme foi generosa: manteve o carregador incluso, e é um modelo de função rápida, de 33 W. Mas, no aparelho que testamos, ele não tinha pinos para o padrão de tomada brasileiro. Imagino que isso será corrigido no produto para o público geral.


Os principais recursos extras são a alocação de memória RAM adicional (além dos 8 GB já disponíveis, é possível adicionar 5 GB provenientes do armazenamento do aparelho) e uma central de controle que pode ser usada sempre que se inicia um game. Nela, é possível checar informações do celular e escolher o seu modo de funcionamento.


Considerando o preço de lançamento, R$ 2.999, o Realme 9 provavelmente vai sofrer no Brasil. Há rivais no mercado que oferecem mais por menos, como o Samsung Galaxy A73 5G.

Até mesmo na própria marca, é possível encontrar o Realme 9 Pro+ pelo mesmo valor, com recursos mais atrativos de desempenho e conectividade.

A tendência, claro, é que, com algum tempo de mercado, o preço caia e ele se torne mais competitivo. Até que isso ocorra, no entanto, o custo-benefício do Realme 9 não é dos mais atraentes.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Especificações técnicas
  • Sistema Operacional

  • Android 12 (Realme UI 3.0)

  • Dimensões

  • 160,2 x 73,3 x 8 mm (AxLxE); 178g

  • Resistência à água

  • Apenas a respingos

  • Cor

  • Preto e branco

  • Preço

  • R$ 2.999

Tela
  • Tipo

  • Super Amoled

  • Tamanho

  • 6,4 polegadas (16,25 cm)

  • Resolução

  • Full HD+ (1080 x 2400 pixels)

Câmera
  • Câmera Frontal

  • 16 MP (grande angular)

  • Câmera Traseira

  • 108 MP (grande angular), 8 MP (ultra-angular) e 2 MP (macro)

Dados técnicos
  • Processador

  • Qualcomm SM6225 Snapdragon 680 4G (octa-core, 2,4 GHz)

  • Armazenamento

  • 128 GB (expansível por cartão microSD)

  • Memória

  • 8 GB (pode chegar a 13 GB ao usar espaço de armazenamento)

  • Bateria

  • 5.000 mAh