Redmi Note 11 Pro: um 'intermediário premium', mas só na câmera
Quando o diretor-presidente da Xiaomi, Lei Jun, desmembrou a marca Redmi, ele apostou numa estratégia de "dividir para conquistar". A linha Mi passou a ficar com os topos de linha, enquanto a Redmi atende o público mais econômico. Assim, evitavam concorrer entre si com smartphones similares
Talvez por isso, em abril deste ano, quando a linha Redmi Note 11 foi lançada oficialmente no mercado brasileiro, causou um pouco de confusão. Enquanto dois dos aparelhos eram claramente "bons basicões", o Redmi Note 11 Pro chegou ostentando uma câmera de 108 MP, um design interessante e carregamento ultrarrápido. Em troca, pedia nada menos que R$ 3.399, na época do lançamento.
Durante o evento, a fabricante justificou este perfil fora da curva como um "intermediário premium": aparelhos que têm "um algo a mais". Eles querem fisgar aquele consumidor que fica em dúvida na hora de pagar caro por um topo de linha — esta seria a opção "quase topo".
A questão que fica é: suas novidades conseguem peitar outros no segmento? Tilt fez os testes.
Redmi Note 11 Pro
Preço
R$ 3.399,00 R$ 1.919 (Amazon - 03/08/2022) ComprarPontos Positivos
- Design elegante e robusto
- Bateria com uma ótima performance
- Câmera de 108 MP cumpre bem o que promete
Pontos Negativos
- Esquenta muito, mesmo em modos de economia de bateria
- Interface com erros de configuração
- Apps desnecessários e potencialmente incômodos
Veredito
Pelo preço cheio, é difícil recomendar o Redmi Note 11 Pro, especialmente com as instabilidades iniciais e os bloatwares. Agora, se os valores encontrados no varejo baixarem e a Xiaomi oferecer correções nas próximas atualizações, o "intermediário premium" pode virar uma boa escolha.
O UOL pode receber uma parcela das vendas pelos links recomendados neste conteúdo. Preços e ofertas da loja não influenciam os critérios de escolha editorial.
À primeira vista, o Redmi Note 11 Pro parecia de aço. Não é: o verso é um acabamento escovado, mas feito de plástico e vidro. A traseira fosca, nas cores branco, preto e azul, agrada em forma e função, tanto por manter um aspecto elegante quanto por não deixar muitas marcas dos dedos.
O celular tem 6,67 polegadas (cerca de 16,6 cm), e pesa 202 gramas. Nas mãos, não é um problema. Não chega a ser largo demais para cansar os pulsos após horas de uso. Aposta em um design mais robusto, reto, reservando curvas discretas apenas nos cantos.
Há uma entrada USB-C na parte inferior e outra, de 3.5 mm, para fones de ouvido, na parte superior. De modo discreto, os alto-falantes estão em ambos os lados, então é pouco provável que você irá abafar o som do smartphone com as mãos.
Porém, recomendo bolsos largos: tudo isso de tamanho pode atrapalhar na hora de guardar o smartphone - ou pior, até corre o risco de cair.
Tela
A tela AMOLED de 120 Hz é manufaturada pela Samsung, um bom sinal. Rende imagens vívidas e bastante coloridas, em FullHD+. Para economizar bateria, o aparelho ajusta a frequência de acordo com a atividade.
A proteção extra do padrão Gorilla Glass 5 promete aguentar algumas batidas. A sensibilidade ao toque é precisa e, no geral, não há registros de "cliques fantasmas" a partir de manchas dos dedos, por exemplo.
Em condições normais de luz, a iluminação máxima chega a 470 nits, algo que costuma ser mal sinal em ambientes muito claros. Sob o sol, porém, o aparelho aplica um ajuste automático de brilho, suficiente para não atrapalhar o uso.
A fabricante chinesa apostou em centralizar a câmera frontal no topo, mas sem o detalhe em "chanfro" (popularmente conhecido como "forma de gota"). Ao invés disso, fica vazado, como um pequeno furo na tela.
Principal
Um dos pontos que a Xiaomi aposta muito para diferenciá-lo dos concorrentes é o conjunto de câmera. São quatro sensores, liderados pela de 108 MP, com abertura f/1.9, que permite tanta entrada de luz quanto lentes de câmeras profissionais.
As três lentes auxiliares são ultralarga (8 MP, f/2.2), macro (2 MP, f/2.4), e de profundidade (2 MP, f/2.4). Complementam a ação da principal, de modo automático.
No geral, toda essa potência é ótima para fotógrafos. Ter um celular que faz capturas em RAW, com tudo isso de resolução, permite ótimas edições no processo de pós-produção no computador. Um conjunto desses pode servir como uma câmera secundária, muito usada por profissionais de imagem.
Mesmo que você não seja muito fã do modo manual, é provável que aproveite muito. Os padrões pré-configurados permitem boas fotos. Entretanto, é preciso manter a mão firme, já que pequenos movimentos podem mudar o foco e o celular não corrigir a tempo.
Durante este review, as imagens foram tão boas que chegaram a revelar um ponto negativo do celular: o app nativo de foto travou algumas vezes quando tentou abrir este material em altíssima resolução. No final, ele até conseguiu gerenciar essas fotos, mas passou um sufoco.
Frontal
Na parte da frente, o celular não impressiona nem decepciona. A câmera selfie de 16 MP, tem abertura f/2.5, o que não chega a receber tanta luz quanto o conjunto frontal, mas também não chega a fazer tanta diferença em ambientes mais escuros.
Dá para gravar vídeos em 1080p, a 30 frames por segundo. É uma boa notícia, por exemplo, para quem quer gravar um vlog, Stories ou uma dancinha no TikTok.
Com 6 GB de memória (extensíveis por memória virtual), 128 GB de armazenamento e um processador MediaTek Helio G96, o Redmi Note 11 Pro demorou para apresentar gargalos. Só abrindo muitos apps foi possível notar algum travamento.
Porém, certos vacilos bobos atrapalham sua competitividade com outros intermediários. Uma série de apps nativos de funções básicas aparecem com os textos desconfigurados, quebras de linha desnecessárias, ou ainda, erros de digitação.
Este ponto se agrava com os ícones na parte superior. Tanto com tela bloqueada quanto desbloqueada, a interface não conseguia exibir direito a porcentagem de bateria, por exemplo. Mau planejamento de interface.
Outro ponto que decepcionou foi a performance com jogos, uma área em que o celular promete bom desempenho com o modo Game Booster. O aparelho esquentou bastante com essa função ligada. Tive que encerrar minhas jogatinas antes do que gostaria. Em troca disso, não houve mudanças significativas de performance.
É possível que os erros apresentados aqui sejam corrigidos com a chegada de mais atualizações. Nesse caso, o aparelho pode sair de um leve incômodo para um bom básico. Hardware para rodar títulos divertidos, ele tem de sobra.
Neste quesito, dificilmente o Redmi Note 11 Pro vai decepcionar. Ele leva uma bateria de 5.000 mAh, cuja carga completa, durante este review, rendeu um dia e meio, alternando entre jogos, vídeos, pesquisas na internet e redes sociais. Usos mais cautelosos poderiam durar dois dias.
Assim como outros aparelhos da Xiaomi, ele vem acompanhado de um carregador Dart de 67W, e que dá conta da recarga completa em uma hora.
Aqui, ele deu uma de "esquentadinho" de novo. Durante testes em modo de economia de bateria, ele aqueceu muito, ao ponto de ficar desconfortável para usar. Curiosamente, seu marketing promove um recurso especial chamado LiquidCool: camadas de grafite e folha de cobre que, em teoria, "resfriam o smartphone mais rápido e aumentam a performance, prolongando o tempo de uso". Não notei.
Tal qual outros aparelhos da Xiaomi, o sistema é o MIUI 13 - uma interface baseada no Android 11, com alguns ajustes. A empresa promete três anos de atualizações e mais quatro de updates de segurança.
Para os usuários de Android, muita coisa no sistema será familiar, como ícones, tarefas, alguns jogos de cores. Para quem gosta de personalizar, o MIUI 13 é uma boa notícia: a loja virtual da Xiaomi oferece muitos temas, alguns inspirados em filmes, animes ou séries. Provavelmente, algum vai te agradar.
Por outro lado, você vai precisar reaprender a usar o sistema. Embora familiar, o modo de arrastar a tela não é o mesmo do Android. No geral, isso não é um problema, já que o próprio celular possui alguns tutoriais de interface. Mas é algo bom para se ter em mente antes de adotar o aparelho.
Infelizmente, a Xiaomi ainda não aprendeu sua lição com os bloatwares: apps nativos que não possuem muita utilidade, exibem propagandas e já presentes em modelos anteriores.
Colocar este tipo de espaço na privacidade do aparelho pode não ser apenas chato, mas também perigoso. Durante minha experiência, quando rodei uma simples função de "liberar memória" em um app nativo, recebi uma propaganda scareware (um desses anúncios de "seu celular está infectado", que levam pessoas a baixar malwares).
Pesando os prós e contras, o preço do site (R$ 3.499,00) não compensa. Curiosamente, no varejo você encontra a versão 5G por valores bem menores — até R$ 1.949,00, em comparação ao avaliado aqui (R$ 2.050,00).
É provável que, com a chegada do novo padrão de rede 5G no Brasil, a versão 4G se torne ainda mais acessível. De qualquer forma, ambas compensam bastante pelo que é oferecido.
A classificação como "premium" até pode ser questionada, mas se você não tiver problemas com bloatwares e topar aprender um novo sistema operacional, o Redmi Note 11 Pro pode ser um bom intermediário para o dia a dia.
Sistema Operacional
MIUI 13 (baseado em Android 11)
Dimensões
16,4 x 7,61 x 0,8 cm (A x L x P)
Resistência à água
Não
Cor
Branco, Azul e Preto
Preço
R$ 3.399,00 (lançamento oficial); R$ 2.050 (varejo)
Tipo
Gorilla Glass Corning 5
Tamanho
6,67 polegadas
Resolução
1080 x 2400 pixels (FullHD)
Câmera Frontal
Câmera larga (16 GB)
Câmera Traseira
Quad câmera: principal (108MP), macro (2MP), profundidade (2MP) e ultra-larga (2MP)
Processador
MediaTek Helios G96
Armazenamento
128 GB, expansível com memória
Memória
6GB (expansível com memória emulada)
Bateria
5.000 mAh
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