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Poco M4 Pro é ótimo celular para jogos, mas você precisa aprender a usá-lo

Celular Poco M4 Pro, da Xiaomi, possui recursos extras para performance de jogos mobile - Gabriel Daros/UOL Tilt
Celular Poco M4 Pro, da Xiaomi, possui recursos extras para performance de jogos mobile Imagem: Gabriel Daros/UOL Tilt

Gabriel Daros

De Tilt, em São Paulo

02/11/2022 04h00

No começo da década passada, Konami, Activision, Nintendo e tantas grandes produtoras de jogos cravaram uma previsão que desagradou muitos de seus fãs: o futuro dos games está no celular.

A afirmação deixou muita gente receosa. Afinal, era o período de boom do mercado mobile, e muitos não queriam ver seus títulos favoritos indo parar na telinha de um smartphone, algo que na época, era sinônimo de jogabilidade desconfortável.

Hoje, com a consagração de títulos como Fortnite, PUBG, Among Us e Genshin Impact, dá para dizer que esse medo passou. O que permanece é a dúvida: celular "gamer" existe? E o que eu ganho (ou perco) quando escolho um modelo desses?

Se depender da Xiaomi, nada. A fabricante chinesa, que há tempos já lida com um mercado habitado por desenvolvedoras de jogos mobile, como a Tencent, lançou a série Poco. E é nessa linha que surge o Poco M4 Pro — que promete ótima performance para jogos sem deixar faltar em bateria, câmera, espaço e funções adicionais.

Será que procede? Tilt passou algumas semanas com o aparelho e conta para você o que te espera:


Poco M4 Pro

Preço

R$ 2.899 (6 GB de RAM + 128 GB); R$ 3.299 (8 GB de RAM + 256 GB) R$ 1.388 (a partir de - valor consultado em 1º/11/2022) Comprar
TILT
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ENTENDA AS NOTAS DA REDAÇÃO

Ótima frequência, luminosidade e sensibilidade

Frequência ultrasensível de 120 Hz é ótima para controles mais precisos em jogos

Não possui recursos com Dolby Surround, mas volume é razoável e possui boa amplitude

Boa qualidade de imagem, mas não possui muitos modos dedicados para fotos específicas

Simples de usar, mas IA embutida poderia ser melhor em alguns aspectos

Grava em 30 frames por segundo em até 1080p, mas não possui nada que impressione

Boa performance na maioria do tempo, mas apanha um pouco no modo Segunda Tela

Muito leve e fino

Ótima duração e velocidade de recarga

Interface do MIUI é ajustável e tem bons recursos, mas não é tão intuitiva assim

Módulo das câmeras parece desnecessariamente largo em contraste com o design

Preço atual o torna uma ótima opção custo-benefício

Pontos Positivos

  • Bateria com excelente performance (inclusive em jogos)
  • Modo dedicado de jogos oferece diversas ferramentas para games
  • Recursos extras muito interessantes

Pontos Negativos

  • Desempenho afoga um pouco em determinadas situações (entenda melhor na análise a seguir)
  • Câmera não é tão interessante assim
  • Maioria dos recursos extras não é intuitivo

Veredito

Mesmo que você não esteja buscando um celular para jogos, o Poco M4 Pro é uma ótima opção no mercado, graças ao seu custo atual. O processador dá conta da maioria das tarefas diárias. A interface MIUI pode até pedir um pouco de paciência no início, mas oferece boas funções. Só não espere fotografias de tirar o fôlego.

O UOL pode receber uma parcela das vendas pelo link de compra recomendado neste conteúdo. Preços e ofertas da loja não influenciam os critérios de escolha editorial.

Disponível nas cores amarelo, azul e preto, o Poco M4 Pro é bem leve (179,5 g) e fino — só 8,1 mm de espessura. Não pesa muito no bolso e nem cansa tanto depois de muito uso. Os botões de ligar e de volume estão bem localizados, no centro do aparelho, e a área de reconhecimento digital é bem generosa.

O verso, de plástico e com uma textura bem discreta, não possui efeitos translúcidos ou coloridos. De início, parece uma aposta no "simples bem feito". E acerta em quase tudo, se não fosse o módulo de câmeras no verso — que é enorme. O retângulo exibe as câmeras e o nome do celular bem grande (inclusive com um destaque para os efeitos de inteligência artificial na câmera).

A tela e o verso do aparelho ficam com marcas de dedo muito facilmente — não é à toa que o M4 Pro vem com uma capa transparente. Embora ela também manche, garante que pelo menos o celular não fique riscado.

Traseira do Poco M4 Pro com capa - Gabriel Daros/UOL Tilt - Gabriel Daros/UOL Tilt
Imagem: Gabriel Daros/UOL Tilt

O Poco M4 Pro possui uma tela Amoled com taxa de frequência (índice que representa a velocidade com cenas e aplicativos são exibidos. Quanto maior o número, melhor) de 90 Hz — mínimo esperado para um aparelho com foco em jogos—, e 120 Hz de frequência de toque, para inserções mais responsivas, mesmo a ajustes muito finos.

Para virar rápido o personagem no Free Fire, isso é ótimo. Para digitar, pode ir se preparando para alguns esbarrões acidentais.

É um celular bem luminoso. A iluminação básica dele é de 700 nits, um número alto, dado o tamanho da tela. O valor pode chegar até a 1000 nits na iluminação máxima. Dá para enxergar bem até mesmo sob o sol do meio-dia, mas se você é de usar o celular na cama antes de dormir, esse aqui fará o sono demorar um pouquinho mais.

A proporção celular para tela é boa: quase 85% do tamanho. Assim como uma série de intermediários da Xiaomi, a câmera frontal segue o modelo vazado no topo do aparelho, sem aquele formato de "gota".

Entalhe em forma de furo da câmera frontal do Poco M4 Pro - Gabriel Daros/UOL Tilt - Gabriel Daros/UOL Tilt
Imagem: Gabriel Daros/UOL Tilt

Usabilidade

O Poco M4 Pro vem com seu próprio sistema operacional — o MIUI, já na sua 13ª versão. Em conversa com representantes da empresa, ouvi que a proposta do sistema é unir a "personalização" do Android (no qual ele é baseado) com a "segurança do iOS" (presente no iPhone).

Dependendo de qual sistema você está mais acostumado, essa filosofia pode afetar sua experiência. Para mim, a MIUI é quase um "Linux" do mundo mobile: cheio de recursos interessantes, só que não vai pegar ninguém pela mão para mostrar isso.

Para além de exibir a lista de todos os apps, o sistema filtra por categorias, como Entretenimento, Compras e Comunicação — todos editáveis. Por outro lado, o tutorial de início, por exemplo, sequer chega a tocar os recursos mais interessantes, como o "Dual Apps", ou o Segunda Tela (mais sobre isso adiante).

Esse jeitão meio "faça você mesmo" do MIUI me levou para o YouTube, onde aprendi vários recursos "secretos" do sistema operacional. Muitas vezes a explicação está mais clara lá do que no próprio sistema. Senti falta de uma interface mais didática para usuários de primeira viagem.

Uma questão normalmente desagradável dos aparelhos da Xiaomi é o excesso de "bloatwares" — aqueles apps instalados de fábrica que não são removidos nem com reza braba. Felizmente, o Poco M4 Pro chegou com poucos deles, e os que vieram podem ser apagados (nem sempre é o caso).

Câmera Principal

Assim como a média dos intermediários da Xiaomi, o M4 Pro possui um conjunto de três câmeras, liderado pela principal, uma larga, de 64 MP, e acompanhado de uma ultra-larga (8 MP) e outra macro (2 MP).

Na minha experiência, a largura dela, de 26 mm, fez as fotos normais ficarem muito distorcidas. Quase que precisei manter a câmera sempre no zoom x2 para um resultado melhor. Embora a aproximação chegue até a 10x, a partir dos 5x a perda de qualidade se torna notável — ou seja, se este celular for o seu companheiro em um show, certifique-se de estar bem perto do palco.

Fotos tiradas com o Poco M4 Pro

Apesar disso, o controle das opções de câmera não deixa a desejar para a maioria das funções, com modos como Retrato, Documentos e Noturno, bem como um modo Pro, para ajustes manuais das configurações da foto. Outros formatos, como timelapse e câmera lenta, estão embutidos nos recursos de vídeo, que grava em até 1080p.

Essa aposta mais "intuitiva" do MIUI tem um motivo: o Poco M4 Pro deixa tudo para a Inteligência Artificial integrada ao módulo de fotografia. Ajuste de foco sem perder o rosto? A IA faz. A fotografia é de um prato para o Instagram? A câmera detecta.

Na maioria das vezes, isso poupa dores de cabeça, especialmente com o foco automático, que é rápido e bem responsivo. Porém, a câmera sofreu um pouco nas fotos noturnas, mesmo durante o modo dedicado. Porém, preciso lamentar a ausência de uma opção dedicada para fotografias macro (aquelas bem próximas, de detalhes de objetos).

Câmera Frontal

Na parte da frente, o M4 Pro vem com uma câmera de 16 MP, e quase todos os mesmos modos de fotografia da traseira.

Aqui, o zoom é um pouco mais modesto, mas a qualidade geral da imagem e do foco permanecem boas, graças ao poder conjunto da IA com o sistema operacional. Antes mesmo da selfie, é possível aplicar filtros direto na foto, e usar recursos para aumentar os olhos, afinar o queixo ou suavizar linhas do rosto.

A promessa da Xiaomi é que o seu "celular gamer" tenha performance para aguentar não só jogos, mas uma série de apps sem travar — e é isso que o Poco M4 Pro entrega. Pelo menos, na maior parte do tempo.

Debaixo do capô, o processador, um Mediatek Helio G96, não apresentou gargalos mesmo com diversos aplicativos abertos ou nas sessões de jogatina. Há algum tempo, o MIUI integrou recursos de otimização do sistema operacional para liberar memória durante o uso de um programa muito intenso ou um game mais pesado.

Com versões de 6 e 8 GB, e armazenamento nativo de 128 e 256 GB, respectivamente, é bem possível que leve um tempo até que o Poco comece a patinar por falta de espaço. Mesmo assim, dá para expandir pela entrada microSD. A única parte negativa é que, ao contrário de outros aparelhos da mesma faixa, como a linha Redmi Note 11 ou a série Realme 9, não dá para aproveitar o espaço livre como memória virtual para performance.

No entanto, as travadas se tornam mais notáveis quando o aparelho usa os recursos especiais, como a Segunda Tela (veja logo abaixo). Ao trocar de um login para o outro, o celular penou um pouco para voltar a responder — e nem havia nenhum programa aberto em ambas as telas.

Recursos extras

Um dos pontos em que a Xiaomi tenta romper a polarização Android/iOS é justamente nos recursos extras, como a já mencionada Segunda Tela. Ela cria uma outra área só com apps selecionados, acessada com outro código PIN e outra digital. Na prática, isso permite que duas pessoas usem o mesmo celular, com diferentes apps.

Quando surgiu no mercado chinês, a ideia da Segunda Tela era esconder aplicativos mais delicados, como mensageiros ou de namoro. No Brasil, isso facilmente permite guardar apps bancários para mantê-los protegidos de assaltos.

Da mesma forma, o Poco M4 Pro traz o Dual Apps, que permite usar duas versões de um aplicativo. Isso é especialmente útil se você quer, por exemplo, administrar mais de uma conta de WhatsApp no mesmo número, ou criar uma duplicata dos apps bancários e redes sociais na Segunda Tela, para despistar no furto.

No aspecto gamer, o MIUI 13 traz o Game Booster, que detecta os jogos instalados e os otimizam antes de abrir. A ferramenta não só silencia notificações, como também permite responder mensagens sem parar o jogo, criar "zonas mortas" para que o celular não registre toques acidentais, ou ainda projetar a tela em um monitor ou TV.

Para mim, a melhor parte do Game Booster foi liberar processamento para melhorar a performance. Durante os testes de Tilt, pouquíssimas vezes o celular aqueceu demais durante a jogatina, o que é um bom sinal do recurso na prática.

O modelo não tem 5G.

Esse é um ponto muito agradável do Poco M4 Pro — os 5.000 mAH da bateria. Era de se esperar, já que muitos aparelhos da Xiaomi possuem uma capacidade de carga similar. Mas não dá para reclamar: esta carga toda é bem aproveitada.

Durante os testes, apliquei uma experiência intermitente de usar, jogar um pouco, deixar de lado, responder uma mensagem, tirar fotos e gravar áudios, etc. Levou pouco mais de um dia e meio para a carga ir de 100% a zero. Assim como em qualquer outro aparelho atual, a bateria vai mais rápido durante longas jogatinas, mesmo se os jogos estiverem otimizados pelos apps da Xiaomi. Mas com o Poco M4 Pro, a empresa estima que a carga toda só morra depois de sessões de 12 horas de jogo.

Por fim, na hora de abastecer, ele não passa muito tempo plugado: ele vem com um carregador Dart de 33W, como é padrão nos dispositivos da fabricante chinesa. Nos testes de Tilt, o carregamento completo do aparelho se deu em uma hora. Menos tempo na tomada é mais tempo na sua mão.

Com valores que partiam de R$ 2.899 a R$ 3.299 no lançamento, hoje é possível encontrar o Poco M4 Pro em varejistas oficiais por um bom preço — a partir de R$ 1.398,90 na versão 6 GB de RAM e 128 GB de espaço.

Por um preço desses, o usuário adquire um celular que permanece uma boa opção no mercado brasileiro, cheio de recursos e com bastante aproveitamento.

Se o seu receio for a falta do 5G, a Xiaomi lançou uma versão adaptada para o novo padrão de rede que fica um pouquinho mais cara — R$ 1.749 na versão de 6 GB de RAM / 128 GB de espaço. Se isso não for uma preocupação sua, o celular tende a ser uma boa opção, mesmo que você não aproveite os recursos de jogos.

Especificações técnicas
  • Sistema Operacional

  • MIUI 13 (baseado em Android 11)

  • Dimensões

  • 159.9 x 73.9 x 8.1 mm (a x l x p)

  • Resistência à água

  • IP53 (resiste ao contato, mas não à submersão)

  • Cor

  • Amarelo, azul e preto

  • Preço

  • R$ 1.599 (6 GB de RAM + 128 GB); R$ 1.915 (8 GB de RAM + 256 GB)

Tela
  • Tipo

  • AMOLED Corning Gorilla Glass 3

  • Tamanho

  • 6,43 polegadas (aprox. 99,8 cm²)

  • Resolução

  • 1080 x 2400 pixels

Câmera
  • Câmera Frontal

  • 64 MP, f/1.8 (larga), 8 MP, f/2.2 (ultra-larga), 2 MP, f/2.4 (macro)

  • Câmera Traseira

  • 16 MP, f/2.5

Dados técnicos
  • Processador

  • Mediatek Helio G96

  • Armazenamento

  • 128 e 256 GB

  • Memória

  • 6 e 8 GB

  • Bateria

  • 5.000 mAh