Poco M4 Pro é ótimo celular para jogos, mas você precisa aprender a usá-lo
No começo da década passada, Konami, Activision, Nintendo e tantas grandes produtoras de jogos cravaram uma previsão que desagradou muitos de seus fãs: o futuro dos games está no celular.
A afirmação deixou muita gente receosa. Afinal, era o período de boom do mercado mobile, e muitos não queriam ver seus títulos favoritos indo parar na telinha de um smartphone, algo que na época, era sinônimo de jogabilidade desconfortável.
Hoje, com a consagração de títulos como Fortnite, PUBG, Among Us e Genshin Impact, dá para dizer que esse medo passou. O que permanece é a dúvida: celular "gamer" existe? E o que eu ganho (ou perco) quando escolho um modelo desses?
Se depender da Xiaomi, nada. A fabricante chinesa, que há tempos já lida com um mercado habitado por desenvolvedoras de jogos mobile, como a Tencent, lançou a série Poco. E é nessa linha que surge o Poco M4 Pro — que promete ótima performance para jogos sem deixar faltar em bateria, câmera, espaço e funções adicionais.
Será que procede? Tilt passou algumas semanas com o aparelho e conta para você o que te espera:
Poco M4 Pro
Preço
R$ 2.899 (6 GB de RAM + 128 GB); R$ 3.299 (8 GB de RAM + 256 GB) R$ 1.388 (a partir de - valor consultado em 1º/11/2022) ComprarPontos Positivos
- Bateria com excelente performance (inclusive em jogos)
- Modo dedicado de jogos oferece diversas ferramentas para games
- Recursos extras muito interessantes
Pontos Negativos
- Desempenho afoga um pouco em determinadas situações (entenda melhor na análise a seguir)
- Câmera não é tão interessante assim
- Maioria dos recursos extras não é intuitivo
Veredito
Mesmo que você não esteja buscando um celular para jogos, o Poco M4 Pro é uma ótima opção no mercado, graças ao seu custo atual. O processador dá conta da maioria das tarefas diárias. A interface MIUI pode até pedir um pouco de paciência no início, mas oferece boas funções. Só não espere fotografias de tirar o fôlego.
O UOL pode receber uma parcela das vendas pelo link de compra recomendado neste conteúdo. Preços e ofertas da loja não influenciam os critérios de escolha editorial.
Disponível nas cores amarelo, azul e preto, o Poco M4 Pro é bem leve (179,5 g) e fino — só 8,1 mm de espessura. Não pesa muito no bolso e nem cansa tanto depois de muito uso. Os botões de ligar e de volume estão bem localizados, no centro do aparelho, e a área de reconhecimento digital é bem generosa.
O verso, de plástico e com uma textura bem discreta, não possui efeitos translúcidos ou coloridos. De início, parece uma aposta no "simples bem feito". E acerta em quase tudo, se não fosse o módulo de câmeras no verso — que é enorme. O retângulo exibe as câmeras e o nome do celular bem grande (inclusive com um destaque para os efeitos de inteligência artificial na câmera).
A tela e o verso do aparelho ficam com marcas de dedo muito facilmente — não é à toa que o M4 Pro vem com uma capa transparente. Embora ela também manche, garante que pelo menos o celular não fique riscado.
O Poco M4 Pro possui uma tela Amoled com taxa de frequência (índice que representa a velocidade com cenas e aplicativos são exibidos. Quanto maior o número, melhor) de 90 Hz — mínimo esperado para um aparelho com foco em jogos—, e 120 Hz de frequência de toque, para inserções mais responsivas, mesmo a ajustes muito finos.
Para virar rápido o personagem no Free Fire, isso é ótimo. Para digitar, pode ir se preparando para alguns esbarrões acidentais.
É um celular bem luminoso. A iluminação básica dele é de 700 nits, um número alto, dado o tamanho da tela. O valor pode chegar até a 1000 nits na iluminação máxima. Dá para enxergar bem até mesmo sob o sol do meio-dia, mas se você é de usar o celular na cama antes de dormir, esse aqui fará o sono demorar um pouquinho mais.
A proporção celular para tela é boa: quase 85% do tamanho. Assim como uma série de intermediários da Xiaomi, a câmera frontal segue o modelo vazado no topo do aparelho, sem aquele formato de "gota".
Usabilidade
O Poco M4 Pro vem com seu próprio sistema operacional — o MIUI, já na sua 13ª versão. Em conversa com representantes da empresa, ouvi que a proposta do sistema é unir a "personalização" do Android (no qual ele é baseado) com a "segurança do iOS" (presente no iPhone).
Dependendo de qual sistema você está mais acostumado, essa filosofia pode afetar sua experiência. Para mim, a MIUI é quase um "Linux" do mundo mobile: cheio de recursos interessantes, só que não vai pegar ninguém pela mão para mostrar isso.
Para além de exibir a lista de todos os apps, o sistema filtra por categorias, como Entretenimento, Compras e Comunicação — todos editáveis. Por outro lado, o tutorial de início, por exemplo, sequer chega a tocar os recursos mais interessantes, como o "Dual Apps", ou o Segunda Tela (mais sobre isso adiante).
Esse jeitão meio "faça você mesmo" do MIUI me levou para o YouTube, onde aprendi vários recursos "secretos" do sistema operacional. Muitas vezes a explicação está mais clara lá do que no próprio sistema. Senti falta de uma interface mais didática para usuários de primeira viagem.
Uma questão normalmente desagradável dos aparelhos da Xiaomi é o excesso de "bloatwares" — aqueles apps instalados de fábrica que não são removidos nem com reza braba. Felizmente, o Poco M4 Pro chegou com poucos deles, e os que vieram podem ser apagados (nem sempre é o caso).
Câmera Principal
Assim como a média dos intermediários da Xiaomi, o M4 Pro possui um conjunto de três câmeras, liderado pela principal, uma larga, de 64 MP, e acompanhado de uma ultra-larga (8 MP) e outra macro (2 MP).
Na minha experiência, a largura dela, de 26 mm, fez as fotos normais ficarem muito distorcidas. Quase que precisei manter a câmera sempre no zoom x2 para um resultado melhor. Embora a aproximação chegue até a 10x, a partir dos 5x a perda de qualidade se torna notável — ou seja, se este celular for o seu companheiro em um show, certifique-se de estar bem perto do palco.
Fotos tiradas com o Poco M4 Pro
Apesar disso, o controle das opções de câmera não deixa a desejar para a maioria das funções, com modos como Retrato, Documentos e Noturno, bem como um modo Pro, para ajustes manuais das configurações da foto. Outros formatos, como timelapse e câmera lenta, estão embutidos nos recursos de vídeo, que grava em até 1080p.
Essa aposta mais "intuitiva" do MIUI tem um motivo: o Poco M4 Pro deixa tudo para a Inteligência Artificial integrada ao módulo de fotografia. Ajuste de foco sem perder o rosto? A IA faz. A fotografia é de um prato para o Instagram? A câmera detecta.
Na maioria das vezes, isso poupa dores de cabeça, especialmente com o foco automático, que é rápido e bem responsivo. Porém, a câmera sofreu um pouco nas fotos noturnas, mesmo durante o modo dedicado. Porém, preciso lamentar a ausência de uma opção dedicada para fotografias macro (aquelas bem próximas, de detalhes de objetos).
Câmera Frontal
Na parte da frente, o M4 Pro vem com uma câmera de 16 MP, e quase todos os mesmos modos de fotografia da traseira.
Aqui, o zoom é um pouco mais modesto, mas a qualidade geral da imagem e do foco permanecem boas, graças ao poder conjunto da IA com o sistema operacional. Antes mesmo da selfie, é possível aplicar filtros direto na foto, e usar recursos para aumentar os olhos, afinar o queixo ou suavizar linhas do rosto.
A promessa da Xiaomi é que o seu "celular gamer" tenha performance para aguentar não só jogos, mas uma série de apps sem travar — e é isso que o Poco M4 Pro entrega. Pelo menos, na maior parte do tempo.
Debaixo do capô, o processador, um Mediatek Helio G96, não apresentou gargalos mesmo com diversos aplicativos abertos ou nas sessões de jogatina. Há algum tempo, o MIUI integrou recursos de otimização do sistema operacional para liberar memória durante o uso de um programa muito intenso ou um game mais pesado.
Com versões de 6 e 8 GB, e armazenamento nativo de 128 e 256 GB, respectivamente, é bem possível que leve um tempo até que o Poco comece a patinar por falta de espaço. Mesmo assim, dá para expandir pela entrada microSD. A única parte negativa é que, ao contrário de outros aparelhos da mesma faixa, como a linha Redmi Note 11 ou a série Realme 9, não dá para aproveitar o espaço livre como memória virtual para performance.
No entanto, as travadas se tornam mais notáveis quando o aparelho usa os recursos especiais, como a Segunda Tela (veja logo abaixo). Ao trocar de um login para o outro, o celular penou um pouco para voltar a responder — e nem havia nenhum programa aberto em ambas as telas.
Recursos extras
Um dos pontos em que a Xiaomi tenta romper a polarização Android/iOS é justamente nos recursos extras, como a já mencionada Segunda Tela. Ela cria uma outra área só com apps selecionados, acessada com outro código PIN e outra digital. Na prática, isso permite que duas pessoas usem o mesmo celular, com diferentes apps.
Quando surgiu no mercado chinês, a ideia da Segunda Tela era esconder aplicativos mais delicados, como mensageiros ou de namoro. No Brasil, isso facilmente permite guardar apps bancários para mantê-los protegidos de assaltos.
Da mesma forma, o Poco M4 Pro traz o Dual Apps, que permite usar duas versões de um aplicativo. Isso é especialmente útil se você quer, por exemplo, administrar mais de uma conta de WhatsApp no mesmo número, ou criar uma duplicata dos apps bancários e redes sociais na Segunda Tela, para despistar no furto.
No aspecto gamer, o MIUI 13 traz o Game Booster, que detecta os jogos instalados e os otimizam antes de abrir. A ferramenta não só silencia notificações, como também permite responder mensagens sem parar o jogo, criar "zonas mortas" para que o celular não registre toques acidentais, ou ainda projetar a tela em um monitor ou TV.
Para mim, a melhor parte do Game Booster foi liberar processamento para melhorar a performance. Durante os testes de Tilt, pouquíssimas vezes o celular aqueceu demais durante a jogatina, o que é um bom sinal do recurso na prática.
O modelo não tem 5G.
Esse é um ponto muito agradável do Poco M4 Pro — os 5.000 mAH da bateria. Era de se esperar, já que muitos aparelhos da Xiaomi possuem uma capacidade de carga similar. Mas não dá para reclamar: esta carga toda é bem aproveitada.
Durante os testes, apliquei uma experiência intermitente de usar, jogar um pouco, deixar de lado, responder uma mensagem, tirar fotos e gravar áudios, etc. Levou pouco mais de um dia e meio para a carga ir de 100% a zero. Assim como em qualquer outro aparelho atual, a bateria vai mais rápido durante longas jogatinas, mesmo se os jogos estiverem otimizados pelos apps da Xiaomi. Mas com o Poco M4 Pro, a empresa estima que a carga toda só morra depois de sessões de 12 horas de jogo.
Por fim, na hora de abastecer, ele não passa muito tempo plugado: ele vem com um carregador Dart de 33W, como é padrão nos dispositivos da fabricante chinesa. Nos testes de Tilt, o carregamento completo do aparelho se deu em uma hora. Menos tempo na tomada é mais tempo na sua mão.
Com valores que partiam de R$ 2.899 a R$ 3.299 no lançamento, hoje é possível encontrar o Poco M4 Pro em varejistas oficiais por um bom preço — a partir de R$ 1.398,90 na versão 6 GB de RAM e 128 GB de espaço.
Por um preço desses, o usuário adquire um celular que permanece uma boa opção no mercado brasileiro, cheio de recursos e com bastante aproveitamento.
Se o seu receio for a falta do 5G, a Xiaomi lançou uma versão adaptada para o novo padrão de rede que fica um pouquinho mais cara — R$ 1.749 na versão de 6 GB de RAM / 128 GB de espaço. Se isso não for uma preocupação sua, o celular tende a ser uma boa opção, mesmo que você não aproveite os recursos de jogos.
Sistema Operacional
MIUI 13 (baseado em Android 11)
Dimensões
159.9 x 73.9 x 8.1 mm (a x l x p)
Resistência à água
IP53 (resiste ao contato, mas não à submersão)
Cor
Amarelo, azul e preto
Preço
R$ 1.599 (6 GB de RAM + 128 GB); R$ 1.915 (8 GB de RAM + 256 GB)
Tipo
AMOLED Corning Gorilla Glass 3
Tamanho
6,43 polegadas (aprox. 99,8 cm²)
Resolução
1080 x 2400 pixels
Câmera Frontal
64 MP, f/1.8 (larga), 8 MP, f/2.2 (ultra-larga), 2 MP, f/2.4 (macro)
Câmera Traseira
16 MP, f/2.5
Processador
Mediatek Helio G96
Armazenamento
128 e 256 GB
Memória
6 e 8 GB
Bateria
5.000 mAh
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