Quando o assunto é aplicativo, sei que vocês, brasileiros, andam pensando em só um. Não vou fugir do assunto. Hoje falarei sobre o Caixa Tem.
A princípio, a ideia é louvável. Usar tecnologia para facilitar a vida sempre foi meu objetivo. Desde 1983, já falava sobre a importância de uma plataforma como a App Store. Então gosto bastante da ideia de um app que ajude na pandemia de covid-19!
Mas aí começam a aparecer os problemas. Eu nunca gostei de bancos. Nos anos 1970, quando precisei de um empréstimo para colocar a Apple de pé, me negaram. Acho que são instituições ultrapassadas e o Caixa Tem deixa isso claro.
Por exemplo, o tempo de espera. Horas para conseguir ser atendido? É um absurdo completo. Não estamos falando de luxos, como as filas que fazem para comprarem iPhones novos. O próprio nome do auxílio já diz. É emergencial.
O que me assusta mais são os casos de fraudes envolvendo a aplicação. Tenho orgulho da segurança do iPhone. É tão boa que até o FBI tem dificuldade de quebrá-la. Um órgão governamental deveria investir ainda mais nisso.
Também fiquei incrédulo quando vi que o aplicativo pede que os usuários vão às agências para resolver os problemas. Vai contra tudo que eu defendo. Se o objetivo era criar uma plataforma online, tudo deveria ser resolvido ali.
Não é difícil encontrar reclamações de queda do serviço. Uma das maiores vergonhas da minha carreira era um sistema de nuvem chamado MobileMe. Simplesmente não funcionava. Mas serviu de lição para o iCloud. A Caixa também precisa aprender com isso.
O que me irrita é que o aplicativo está na mão de quem tem poder de decisão: o governo e um grande banco. Costumava falar que não devemos comparar as responsabilidades do zelador com o CEO. Quem faz escolhas não pode dar desculpas para uma má execução.
Qual o veredito?
Negativo. Em 2009 o slogan da Apple dizia que “há um app” para qualquer coisa. Que legal que desenvolveram um para auxiliar os brasileiros nesse momento. Mas é preciso que ele funcione. Não cumpre um dos principais objetivos: manter as pessoas em casa.
Aqui a gente faz um exercício de imaginação para saber o que Steve Jobs, sarcástico como só ele, acharia dos lançamentos atuais. Quinzenalmente em Tilt.