Uma tecnologia que tem rendido muita discussão é o reconhecimento facial. Decidi, então, falar um pouco sobre isso com vocês…
Nos protestos antirracistas nos EUA, a polícia prendeu uma pessoa errada com a tecnologia. Agora Microsoft e IBM não vão mais vender isso para governos. Acho bom. Somos empresas de tec, não de segurança.
Entendo que parte dessa discussão respingue na Apple. O reconhecimento facial já existia, mas foi com nosso Face ID, no iPhone X, que se popularizou. A concorrência começou a estudar isso por causa da Apple. E nem todas dão tanto valor à privacidade como nós.
Mas não sou contra a tecnologia, na verdade sou um baita fã dela. Sempre detestei senhas. Por isso desenvolvi o “deslize para destravar” nos nossos iPhones, e também fui grande entusiasta do destravamento por digital. Usar nosso rosto como senha? É genial.
O Face ID foi criado sete anos depois que parti, mas a ferramenta é bastante inspirada em mim. Foi ideia minha que o aplicativo Fotos agrupasse as imagens de acordo com os rostos dos fotografados. Foi o começo do reconhecimento facial da Apple.
Há uma diferença entre o desbloqueio via Face ID e a vigilância por reconhecimento facial. Nosso sistema foi feito para reconhecer um usuário. Não é um acervo de rostos. Sua cara nunca sai do iPhone ou mandamos esse dado para a nuvem, para sua segurança.
Alguns policiais forçam acusados a destravarem seus próprios iPhones com o Face ID. Acho um desrespeito. Quando um protótipo do iPhone foi roubado, resolvi com o mínimo de contato com a polícia. Imagine ver minha tecnologia sendo usada assim.
Agora a Apple permite cruzar dados entre o app Home e o sistema de casa inteligente. Assim, quando um amigo seu aparecer, você recebe uma notificação já com o nome dele. Acho que é o limite da ideia, mas mais do que isso pode ficar invasivo.
Qual o veredito?
É positivo! Gosto muito da tecnologia, e ela já foi usada, por exemplo, para ajudar pessoas cegas a entender quem ao seu redor está sorrindo. Amo isso. Mas é preciso ter muito cuidado. Seu uso indevido pode violar seriamente a privacidade dos nossos clientes.
Aqui a gente faz um exercício de imaginação para saber o que Steve Jobs, sarcástico como só ele, acharia dos lançamentos atuais. Quinzenalmente em Tilt.