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Escândalo do Wikileaks chega às negociações do clima

06/12/2010 20h42

CANCÚN, 6 dezembro 2010 (AFP) - Os telegramas do governo dos Estados Unidos divulgados pelo site Wikileaks abalaram nesta segunda-feira as negociações sobre a mudança climática em Cancún (México), com a revelação de que os países ricos trabalharam juntos visando impor um acordo à Cúpula do Clima de 2009, em Copenhague.

Segundo o jornal britânico The Guardian, em telegrama americano revela um encontro entre o principal negociador dos EUA para a Mudança Climática, Jonathan Pershing, e a comissária europeia Connie Hedegaard.

Neste encontro, realizado no dia 11 de fevereiro, Hedegaard diz que a Aliança de Pequenas Ilhas pode ser "nosso melhor aliado para impor um acordo climático, devido às suas necessidades de financiamento".

"Isto não pode ser considerado uma negociação de mudança climática, e sim uma imposição", denunciou hoje Pablo Solón, negociador boliviano em Cancún, ao qualificar a pressão dos ricos de "ingerência e chantagem" da diplomacia americana.

"Acredito que é a administração americana que deve responder, basicamente, porque é a visão americana reportando - parcialmente - o que consideravam interessante nas conversações", respondeu a comissária europeia hoje sobre a suposta chantagem contra os países mais expostos ao aquecimento global.

Representantes de 194 países tentam obter um acordo para reduzir as emissões de gases do efeito estufa na Conferência do Clima promovida pelas Nações Unidas em Cancún, até o próximo dia 10 de dezembro.

A conferência anterior, em Copenhague, fracassou ao não obter um acordo vinculante.