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Lacuna entre promessas e ações necessárias para o clima preocupa ONU

Em Paris

24/11/2011 11h18

A disparidade entre os compromissos de redução da emissão de gases com efeito estufa dos países e as ações necessárias para limitar a alta da temperatura do planeta em mais 2ºC continua sendo preocupante, destaca um relatório da ONU publicado nesta quarta-feira.

A poucos dias do começo das negociações sobre a mudança climática de Durban, na África do Sul (do dia 28 de novembro a 9 de dezembro), o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) publicou os resultados revistos de uma análise feita em 2010.

O relatório do ano passado mostrava uma diferença de 5 a 9 gigatoneladas (Gt) equivalentes de CO2 entre as intenções declaradas e as emissões mundiais máximas para a atmosfera em 2020 compatíveis com o limite de 2ºC.

Segundo os números deste ano, a diferença seria na realidade de 6 a 11Gt. "Estes resultados não traduzem tanto uma violação dos países com relação a suas intenções, mas sim uma melhoria na qualidade e na precisão da análise dos modelos", realça o relatório.

Para ter "uma oportunidade em duas de conter as emissões mundiais a níveis compatíveis com o limite de 2ºC", as emissões anuais mundiais equivalentes de CO2 deveriam passar de 48Gt em 2010 para 44Gt em 2020.

"Sem dúvidas há razões para ser otimista", estima Achim Steiner, diretor executivo do Pnuma, para quem, apesar desta disparidade "preocupante", as possibilidades que as medidas oferecem com uma boa relação custo-benefício jamais foram tão numerosas".

O relatório conta com a implantação de compromissos "mais ambiciosos". Seria preciso "melhorar a eficiência energética" com forte redução da produção da energia primária e a diminuição do consumo. A parte das energias fósseis (renováveis e nuclear) deveria passar para 28% da produção de energia primária em 2020 (18,5% em 2005) e a parte das energias renováveis (solar, eólica, hidro-elétrica) a 9% (2,5% em 2005).

Todas essas medidas são "realistas", mas para consegui-las deve ser proposto, em Durban, preencher a "disparidade entre as necessidades e as perspectivas no que se trata de vontade e determinação política", segundo Steiner.