União Europeia rejeita estudo francês que aponta relação entre alimentos transgênicos e tumores
A Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (Efsa, na sigla em inglês), uma agência da União Europeia, rejeitou definitivamente nesta quarta-feira (28) as conclusões do estudo francês de que os produtos transgênicos do grupo Monsanto - o milho transgênico NK 603 e o herbicida Roundup - são tóxicos.
"As conclusões do estudo (...) não se apoiam com dados", declarou a agência na avaliação final do artigo do pesquisador francês Gilles-Eric Séralini, publicado em 19 de setembro na revista Food and Chemical Toxicology - a pesquisa relançou a polêmica sobre a suposta toxicidade dos transgênicos, em especial contra o .
"As importantes omissões na concepção e metodologia [do estudo] implicam que as normas científicas aceitáveis não foram respeitadas e, consequentemente, não está justificado voltar a examinar as avaliações prévias sobre a segurança do milho geneticamente modificado NK603", destacou comunicado da Efsa.
A agência europeia explicou que suas conclusões são o resultado de avaliações distintas e independentes realizadas por seus especialistas e por seis membros da União Europeia, entre eles Alemanha, França e Itália.
A recusa da Efsa não é uma surpresa: em sua primeira avaliação, os especialistas consideraram que o estudo tinha omissões que impediam considerar boas suas conclusões. O Criigen, organismo de pesquisa sobre os transgênicos do professor Séralini, criticou a autoridade denunciando sua "má fé".
A agência europeia enumera as omissões que os especialistas dos seis Estados membros identificaram na metodologia do estudo, entre elas objetivos de estudo pouco claros, o número pouco elevado de ratos usados em cada grupo de tratamento, a falta de detalhes sobre a alimentação e o tratamento dos animais ou a ausência de dados estatísticos-chave.
Estudo polêmico
A divulgação do informe - ilustrado com fotos de ratos com tumores enormes para assegurar que as cobaias alimentadas com milho transgênico sofrem de câncer e morrem antes - causou alarme social e relançou a polêmica sobre os transgênicos.
O estudo foi realizado por uma equipe da Universidade de Caen, no noroeste da França, que alimentou durante dois anos duzentos ratos de três formas distintas: exclusivamente com milho transgênico NK603, com milho transgênico NK603 tratado com Roundup (o herbicida mais usado do mundo) e com milho não modificado geneticamente tratado com Roundup.
No entanto, a Efsa já emitiu dúvidas sobre o estudo em sua primeira avaliação no começo de outubro e pediu informação suplementar ao seu autor. Poucas semanas depois, duas comissões científicas francesas, o Alto Conselho de Biotecnologia e a Agência de Segurança, também rejeitaram o estudo criticando seus métodos "inadequados".
Na Europa, é permitido o cultivo de dois transgênicos, a batata Amflora, do grupo alemão Basf (por enquanto, um fracasso comercial), e o milho MON810, da Monsanto, que pediu para renovar sua autorização.
A recusa do estudo de Séralini pode, agora, abrir o caminho para que a Comissão Europeia autorize o cultivo na União Europeia de sete transgênicos - seis variedades de milho e um tipo de soja - e a comercialização de outros cinquenta produtos destinados à alimentação animal e humana.
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