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Tragédia do Columbia marcou início do fim dos ônibus espaciais há dez anos

Jean-Louis Santini

Em Washington

01/02/2013 13h09

A Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) lembra nesta sexta-feira (1º) os dez anos do acidente com o ônibus espacial Columbia, no qual morreram os sete astronautas a bordo, uma tragédia que marcou o início do fim dos voos dos ônibus espaciais e levou a uma reformulação do programa espacial dos Estados Unidos.

O chefe da agência, Charles Bolden, e outros altos funcionários vão participar de uma cerimônia no cemitério militar de Arlington, na Virgínia, perto de Washington, onde também prestarão homenagens a outros mortos em incidentes relacionados com a explosão do veículo espacial.

A Nasa recordará os sete astronautas falecidos na explosão do Columbia, que ocorreu em 1º de fevereiro de 2003, os três astronautas da Apolo 1, mortos em um incêndio durante um exercício em janeiro de 1967, assim como os sete tripulantes do Challenger. O ônibus espacial Challenger explodiu em 28 de janeiro de 1986, 73 segundos depois de ser lançado do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, no sudeste do país.

O Columbia, primeiro ônibus espacial a ser lançado ao espaço, em abril de 1981, se desintegrou durante sua reentrada na atmosfera. O escudo térmico de uma de suas asas sofreu danos com o impacto de uma peça de espuma isolante que tinha se soltado do tanque externo da nave pouco após seu lançamento, duas semanas antes.

Depois do acidente, o governo do então presidente George W. Bush decidiu por fim ao programa dos ônibus espaciais, embora tenha permitido aos três restantes operar até 2011 para dar tempo para a conclusão da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), respeitando compromissos dos Estados Unidos com seus sócios, disse John Logsdon, ex-diretor do Instituto de Política Espacial da Universidade George Washington, que integrou a comissão nacional que investigou o acidente.

O programa do ônibus espacial esteve a ponto de ser encerrado antes, lembrou o especialista. Em julho de 2005, durante o primeiro voo de um ônibus espacial desde o acidente do Columbia, o mesmo problema que havia sido fatal para esta nave se repetiu, mas sem que o pedaço de espuma isolante separado do tanque externo terminasse perfurando o escudo térmico.

Erro fundamental

A Nasa soube muito cedo, após os primeiros voos dos ônibus espaciais, nos anos 1980, que estas naves não seriam um acesso simples e barato à estação orbital, afirmou Logsdon.

"Penso que - nas palavras da comissão de investigação do acidente - não substituir o ônibus espacial foi um fracasso dos líderes políticos", razão pela qual os Estados Unidos ficaram confinados a uma órbita baixa durante 30 anos, disse.

Mas segundo este especialista, "o erro fundamental foi cometido em 1971 e 1972, quando se decidiu desenvolver uma nave espacial que combinasse transporte de tripulação e carga". Para ele, teria sido melhor e menos caro separá-los.

A cápsula espacial Orion, que está sendo desenvolvida para missões tripuladas à ISS, à Lua, aos asteroides e ao planeta Marte, tem um sistema de segurança que permite que a tripulação fique separada do veículo de lançamento, algo que os ônibus espaciais não tinham na época.

Desde o último voo de um ônibus espacial, em julho de 2011, os Estados Unidos precisa usar as naves espaciais russas Soyuz para transportar astronautas à estação orbital, pagando US$ 60 milhões (cerca de R$ 119 milhões) por assento.

Em 2010, o presidente Barack Obama pôs em andamento um programa de incentivo ao setor privado para desenvolver sistemas para transporte de carga e astronautas à ISS. A SpaceX, uma das empresas selecionadas, já completou com sucesso os dois primeiros voos de sua cápsula Dragon, levando e trazendo de volta carga da ISS.