Pesquisa italiana observa pela 3º vez neutrino 'raro' do tipo tau
Físicos do Laboratório Subterrâneo de Gran Sasso, perto de Roma, na Itália, anunciaram uma observação extremamente rara: a transformação de um neutrino do tipo "múon" em um neutrino do tipo "tau". É a terceira vez que isso acontece nos últimos três anos, afirmou o grupo nesta quarta-feira (27).
Partícula elementar da matéria, o neutrino é um bilhão de vezes mais presente no Universo do que quaisquer outros constituintes dos átomos. Ele intriga os físicos desde os anos 1960, quando o norte-americano Ray Davies, ganhador do prêmio Nobel, observou que muito menos neutrinos vinham do Sol para a Terra do que calculavam os modelos científicos da época.
As observações do Laboratório de Gran Sasso apoiam a teoria, na qual os neutrinos denominados de múons poderiam se transformar em outra forma ao longo de sua trajetória, assim como fazem os camaleões, tornando-se indetectáveis.
A experiência internacional OPERA, da qual participam 140 físicos de 28 institutos de pesquisa em 11 países, foi criada em 2001 para descobrir as "oscilações" dos neutrinos. Para esta experiência, um feixe de neutrinos produzidos no Centro Europeu de Física de Partículas (Cern, na sigla em francês), em Genebra, se desloca para o laboratório subterrâneo de Gran Sasso, na Itália, seguindo uma trajetória de 730 quilômetros.
Na natureza, existem três tipos de neutrinos, denominados "salvadores": o elétron, o múon e o tau. O OPERA busca os neutrinos do tipo tau, sendo que todos aqueles que deixam o Cern são neutrinos do tipo múon.
O primeiro neutrino tau foi observado pelo OPERA em 2010 e o segundo, em 2012. De acordo com o encarregado da experiência, o professor Giovanni De Lellis, da Universidade Federico 2º de Nápoles e do Instituto Italiano de Física Nuclear, a chegada de um terceiro neutrino "é uma confirmação importante das duas observações precedentes".
A equipe OPERA realizará suas análises durante os próximos dois anos, com o objetivo de pesquisar os outros neutrinos de tau que seriam a prova definitiva deste fenômeno de transformação, indicou o Instituto Italiano de Física Nuclear em comunicado.
A observação das transformações de neutrinos é um elemento fundamental para a física, pois, para oscilar, as partículas devem ter uma massa ou o "modelo padrão", utilizado para explicar o comportamento das partículas fundamentais.
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