Presidente do painel científico da ONU pede esperança no combate às mudanças climáticas
O presidente do painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU (Organização das Nações Unidas) pediu nesta segunda-feira (27) que as lideranças políticas não percam a esperança diante do enorme desafio de enfrentar as mudanças climáticas.
"Não é impossível", lançou Rajendra Pachauri na abertura de um encontro de cinco dias da organização em Copenhague, na Dinamarca, com o objetivo de concluir um importante relatório.
Os líderes políticos deveriam "evitar ser superados pela aparente desesperança ao lidar com as mudanças climáticas", afirmou o chefe da organização premiada com o Nobel da Paz.
Durante a reunião, deve ser aprovada a síntese de um relatório, composto por três grandes volumes divulgados nos últimos 13 meses no Quinto Relatório de Avaliação do IPCC sobre a ciência climática disponível atualmente.
Reunidos a portas fechadas, cientistas e representantes de governos devem bater o martelo sobre um "sumário para desenvolvedores de políticas" e aprovar, na sexta-feira (31), o documento principal, que será publicado no domingo (2).
Os governos deveriam tomar decisões "informados pela ciência", disse Pachauri. "Eu não os invejo. Seu trabalho é enorme", acrescentou, apontando para o "perigo crescente" de retardar o controle das emissões de gases causadores do efeito estufa. "Eu não ignoro esses desafios, mas as soluções existem", acrescentou.
"Enormes avanços estão sendo feitos em relação às fontes alternativas de energia limpa. Há muito que podemos fazer para usar a energia de forma mais eficiente. Reduzir e, finalmente, eliminar o desmatamento, fornece vias adicionais de ação", prosseguiu.
Segundo o mais recente relatório de avaliação do IPCC, as evidências da influência das atividades humanas no aquecimento global são imensas e há indícios de que as mudanças climáticas já estão acontecendo. Os membros das Nações Unidas se comprometeram a limitar o aquecimento do planeta a 2º C com base em níveis pré-industriais. Eles visam a um pacto pós-2020, que seria assinado em 2015, em Paris, como mecanismo para alcançar esta meta.
Mas as emissões de carbono, consideradas as responsáveis pelo aquecimento global, crescem tão rápido que, no pior cenário esboçado pelo IPCC, o planeta pode esquentar até 4,8º C até 2100 e os níveis das marés, subir até 82 centímetros. As consequências prováveis seriam mais inundações, secas, fome, perda de moradias e conflitos motivados por escassez de recursos, como a água doce.
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