Descoberta atividade hidrotermal em lua de Saturno
A descoberta de microscópicas poeiras de rocha perto do planeta Saturno sugere uma atividade hidrotermal dentro da lua Enceladus, abrindo a possibilidade para a existência de vida no satélite natural, revela um estudo liderado pela universidade norte-americana de Boulder.
A sonda Cassini foi, em 2004, a primeira a entrar na órbita de Saturno, o que permitiu estudar os anéis do planeta gigante. A missão era um projeto comum da NASA, da Agência Espacial Europeia (ESA) e a agência espacial italiana ASI, cujas descobertas continuam a ser analisadas.
A descoberta, que foi tema de uma publicação, nesta quarta-feira, na revista científica Nature, é fruto de quatro anos de estudos aprofundados de dados enviados pela sonda, de simulações informáticas e experiências de laboratório.
"É muito animador ter podido utilizar estas poeiras rochosas, ejetadas no espaço por gêiseres, para aprender mais sobre as condições sobre - e sob - o fundo do oceano de uma lua congelada", declarou o pesquisador Sean Hsu, do laboratório de física atmosférica da universidade de Boulder, citado em comunicado.
As poeiras rochosas, ricas em silício, são o primeiro indício claro de que esta lua congelada abriga atividade hidrotermal, manifestada por infiltrações de água de mar que, reagindo ao contato da crosta rochosa, emitem uma solução quente carregada de minerais.
Os cientistas deduziram, a partir de suas avaliações, que as poeiras rochosas teriam se formado quando a água fervente contendo minerais dissolvidos vindos do interior rochoso da lua entrava em contato com água mais fria ao subir para a superfície. Depois, essas poeiras seriam ejetadas no espaço por gêiseres.
A descoberta é um elemento suplementar que alimenta a tentadora possibilidade de que a lua Enceladus possa abrigar um ambiente adaptado a organismos vivos.
Em comentário publicado na Nature, o pesquisador francês Gabriel Tobie, da Universidade de Nantes, traçou um paralelo interessante entre a descoberta em Saturno e um campo hidrotermal na Terra, apelidado "Cidade Perdida".
Trata-se de um conjunto de cavernas de calcário com 60 metros de altura, descobertas no solo do oceano Atlântico no início dos anos 2000.
Os funis ejetavam fluidos ricos em hidrogênio e metano a temperaturas de 90º C, criando um hábitat para microrganismos resistentes.
A "Cidade Perdida" foi considerada um modelo de como a vida microscópica pode ser mantida em outros planetas.
"As descobertas atuais confirmam" que esta hipótese é válida, disse Tobie.
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