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Buraco na camada de ozônio sobre Antártida começa a encolher

David Menaker/Traveler Photo Contest
Imagem: David Menaker/Traveler Photo Contest

30/06/2016 19h59

O buraco na camada de ozônio sobre a Antártida começou a encolher, trazendo uma boa notícia para o meio ambiente décadas depois de um acordo internacional para eliminar progressivamente a emissão de certos poluentes, disseram pesquisadores esta quinta-feira (30).

Um estudo revelou que o buraco encolheu cerca de quatro milhões de quilômetros quadrados - uma área do tamanho da Índia - desde 2000.

"É uma grande surpresa", disse a autora principal, Susan Solomon, uma química atmosférica no MIT (Massachusetts Institute of Technology), em uma entrevista à revista científica americana Science.

"Eu não achei que isso iria acontecer tão cedo", acrescentou.

O estudo atribuiu a recuperação da camada de ozônio ao "declínio contínuo do cloro atmosférico proveniente de clorofluorcarbonetos (CFCs)", ou componentes químicos que eram emitidos por limpeza a seco, geladeiras, spray de cabelos e outros aerossóis.

Em 1987, a maioria dos países assinaram o Protocolo de Montreal, que proibiu o uso de CFCs.

"Agora, podemos estar confiantes de que as coisas que fizemos colocaram o planeta no caminho para a recuperação", disse Solomon.

A coautora Anja Schmidt, pesquisadora em impactos vulcânicos na Universidade de Leeds, concordou, descrevendo o Protocolo de Montreal como "uma verdadeira história de sucesso que proporcionou uma solução para um problema ambiental global".

Atividade vulcânica

O buraco na camada de ozônio foi descoberto na década de 1950, e alcançou um tamanho recorde em outubro de 2015. Solomon e seus colegas afirmam que o episódio aconteceu devido à erupção do vulcão chileno Calbuco naquele mesmo ano.

O vulcão atrasou ligeiramente a recuperação do ozônio, que é sensível ao cloro, à temperatura e à luz do sol.

"Injeções vulcânicas de partículas causam uma destruição maior que o normal no ozônio", disse Schmidt.

"Essas erupções são uma fonte esporádica de minúsculas partículas no ar que fornecem as condições químicas necessárias para que o cloro dos CFCs introduzido na atmosfera reaja eficientemente com o ozônio na atmosfera sobre a Antártida", completou.

O ozônio passa por um ciclo regular a cada ano, com sua redução começando em agosto, no final do inverno escuro da Antártida.

O buraco normalmente atinge seu tamanho máximo em outubro.

A tendência geral em direção à recuperação se tornou evidente quando os cientistas estudaram as medições feitas por satélites, instrumentos terrestres e balões meteorológicos no mês de setembro, em vez de outubro.

"Eu acho que as pessoas, eu inclusive, estiveram focadas demais em outubro, porque é quando o buraco de ozônio é enorme", disse Solomon, ressaltando que o mês está, porém, sujeito a outras variáveis, como pequenas alterações meteorológicas.

O coautor Ryan Neely, professor de ciência atmosférica em Leeds, disse que o escopo do estudo permitiu à equipe "quantificar os impactos separados de poluentes emitidos pelo homem, de mudanças na temperatura e nos ventos, e de vulcões no tamanho e na magnitude do buraco de ozônio da Antártida".

"Observações e modelos de computador concordam. A cura do ozônio da Antártida começou", completou.