Multinacionais pedem a Trump que respeite Acordo de Paris sobre o clima
Marrakesh, Marrocos, 16 Nov 2016 (AFP) - Mais de 360 empresas, em sua maioria americanas, pediram nesta quarta-feira ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que respeite o Acordo de Paris contra o aquecimento global, em um comunicado divulgado durante a conferência do clima da ONU (COP22).
O tema financeiro e a transferência de ajuda aos países em desenvolvimento devem ser abordados durante as negociações na conferência de Marrakesh, com a participação do secretário de Estado americano, John Kerry.
"Pedimos a nossos líderes eleitos que apoiem claramente a participação contínua dos Estados Unidos no Acordo de Paris", assinado por 196 países em 2015, afirma o texto.
Entra as empresas signatárias da carta aberta dirigida ao presidente Barack Obama, ao eleito Donald Trump e a membros do Congresso estão gigantes como Nike, Starbucks, Gap, HP, Levi's ou DuPont.
O Acordo de Paris, que une pela primeira vez um total de 196 países na luta contra o aquecimento global, foi assinado em dezembro de 2015 na capital francesa, após mais de uma década de negociações complexas.
O acordo, que entrou em vigor em outubro, depois de ser ratificado por Estados Unidos, China e outros grandes emissores de gases que provocam o efeito estufa, deve passar agora à fase implementação, o objetivo da Conferência de Marrakesh (COP22).
Mais de 180 líderes e ministros compareceram na terça-feira a Marrakesh para reafirmar seu compromisso com o acordo.
O republicano Trump foi um dos nomes mais citados da reunião do clima organizada pelo Marrocos, que preside as negociações da COP22.
O presidente eleito prometeu durante a campanha eleitoral que retiraria os Estados Unidos do Acordo de Paris porque considera a mudança climática uma "mito".
Trump não se manifestou sobre o tema desde sua vitória, mas a seu redor aumentam os pedidos ou exigências.
As empresas que assinam o manifesto também pedem "aos líderes eleitos nos Estados Unidos", ou seja a maioria republicana no Congresso, a "continuidade das políticas de baixa emissão" de gases do efeito estufa.
Mudar o modelo energético custará bilhões de dólares, admitem as empresas, que no entanto destacam que a luta também representa uma oportunidade de negócios.
"A enorme expectativa gerada pelas empresas e a comunidade de investidores para enfrentar a mudança climática não pode ser ignorada pelo governo Trump. Este trem já partiu da estação e interpor-se é uma loucura", advertiu Matt Patsy, presidente do fundo de investimentos Trillium Asset, citado no texto.
- Não à incerteza -Em uma entrevista coletiva em Marrakesh para apresentar a carta aberta, Kevin Rabinovich, diretor de sustentabilidade da empresa Mars, declarou: "Somos uma companhia alimentar e na base de toda empresa de alimentos há uma fazenda".
A Mars planeja reduzir suas emissões de gases do efeito estufa (7 milhões de toneladas de CO2 em 2007) em 40% até 2020, e totalmente 20 anos depois, afirmou Rabinovich.
"Nós fazemos isto porque percebemos um sério problema empresarial, não o resultado de quem assume a liderança política", completou.
"Como negócio, não gostamos das incertezas", declarou Gilles Vermot, presidente da área de sustentabilidade da Scheineder Electric.
- Vozes ignoradas -Em Marrakesh, onde o rei do Marrocos Mohamed VI recebeu os líderes africanos para uma reunião regional paralela, as negociações enfrentam grandes obstáculos.
Os países desenvolvidos insistem na mitigação, ou seja apagar focos de emissão de CO2 como usinas de energia elétrica com base no carvão, enquanto os países pobres reclamam ajuda para a adaptação aos novos tempos, entre outras coisas porque não são estes os principais emissores de gases do efeito estufa.
"O financiamento da adaptação, da ordem de 10 bilhões de dólares ao ano, é absolutamente inadequado", afirmou Harjeet Singh, da Action Aid, que integra a rede mundial de ONGs Climate action network.
"Os países em desenvolvimento pedem que este valor seja multiplicado por quatro até 2020, mas suas vozes são ignoradas", completou.
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