Formato de células receptoras de luz nos olhos pode explicar causa da dislexia
Pesquisadores franceses acreditam ter encontrado uma causa anatômica e aparentemente tratável da dislexia, que estaria localizada em minúsculas células receptoras de luz nos olhos --revela um estudo divulgado nesta quarta-feira (18).
Entre as pessoas que não estão afetadas por essa disfunção que afeta a leitura, esses receptores não têm a mesma forma em ambos os olhos: são assimétricos.
Quando o sujeito vê uma imagem, o cérebro escolhe o sinal enviado pelo olho dominante --o ser humano tem um que prevalece sobre o outro-- para recriá-la.
Já nos disléxicos essa zona é simétrica nos dois olhos, segundo o estudo publicado na revista "Proceedings of the Royal Society B".
Isso faz o cérebro ter a incapacidade de escolher entre os dois sinais enviados por ambos os olhos, o que explicaria a confusão que os disléxicos sofrem na hora de ler e escrever, por exemplo, as letras "b" e "d".
"Nossas observações nos permitem pensar que encontramos uma causa potencial da dislexia", disse à AFP um dos autores do estudo, Guy Ropars, da Universidade francesa de Rennes.
Além disso, "tanto para as crianças quanto para os adultos", o "diagnóstico é relativamente simples", já que é determinado observando os olhos, afirmou.
Ropars e seu colega Albert Le Floch chegaram a essas conclusões, comparando dois grupos de 30 estudantes --um disléxico, e outro, não.
Seu tratamento também pode estar ao alcance da mão: "Descobrimos que há um intervalo de tempo entre a imagem primária", vista pelo olho, "e a imagem-espelho", recriada pelo cérebro, "e isso nos permitiu desenvolver um método para borrar a imagem-espelho que tanto confunde os disléxicos", mediante uma lâmpada LED.
Alguns dos participantes afetados por essa disfunção chamaram-na de "lâmpada mágica", embora os pesquisadores tenham advertido que são necessários novos estudos para confirmar que a técnica realmente funciona.
"Existem outras possibilidades de tratamento para compensar essa simetria, utilizando a plasticidade do cérebro. Certamente, (no futuro) poderão ser adaptadas pelos médicos", afirmou.
A dislexia afeta cerca de 700 milhões de pessoas no mundo, ou seja, uma em cada dez.
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