Cirurgias do coração realizadas pela manhã têm maior risco, aponta estudo
Os riscos decorrentes de cirurgias de coração aberto quase dobram quando a intervenção ocorre pela manhã e não à tarde, revela um estudo publicado nesta sexta-feira (27) pela revista "The Lancet".
"A cirurgia cardíaca é segura e com poucas complicações em termos gerais, mas quando olhamos os detalhes, parece que a intervenção durante a tarde confere uma proteção ao coração", destaca o principal autor do estudo, David Montaigne, cardiologista da Universidade de Lille, no norte da França.
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O ritmo circadiano é o mecanismo que regula os ciclos de sono e vigília no organismo, influenciando na segregação de hormônios e até na temperatura do corpo.
Quando este é alterado, de forma reiterada e por longos períodos, pode agravar doenças como depressão e transtorno bipolar, e afetar as funções cognitivas e da memória, revelam vários estudos.
"O momento do dia, pelo relógio biológico e o ritmo circadiano, influencia a reação do paciente a este tipo de operação", disse à AFP o doutor Bart Staels, do Centro Hospitalar Regional Universitário (CHRU) de Lille. "A diferença (de risco) não é desprezível".
Os pesquisadores analisaram os dados de 600 expedientes de cirurgias para a substituição de válvulas, de manhã e à tarde.
A análise revelou que os pacientes operados durante a tarde têm um risco duas vezes inferior de apresentar complicações graves após a cirurgia (9,4% contra 18,1%).
Os pacientes operados entre janeiro de 2009 e dezembro de 2015 foram monitorados durante os 500 dias posteriores a cirurgia e "também houve diferenças a médio e longo prazo", disse Staels.
Segundo o estudo, esta diferença está ligada à tolerância à isquemia, a privação de oxigênio que sofrem as células cardíacas devido a interrupção do funcionamento do coração durante a cirurgia.
Pesquisas realizadas com ratos de laboratório revelaram que a proteína Reverb alpha, vinculada aos ritmos biológicos, está mais presente no organismo pela manhã.
"Se ela é suprimida, durante o período do despertar, a suscetibilidade do animal à isquemia muda", destaca o estudo.
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