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As 7 cidades mais populosas do mundo em 2100

Segundo estudo, a cidade de Lagos, na Nigéria, será a mais populosa do mundo em 2100 - Getty Images
Segundo estudo, a cidade de Lagos, na Nigéria, será a mais populosa do mundo em 2100 Imagem: Getty Images

Cecilia Barría - BBC News Mundo

15/08/2018 14h01

Nas últimas décadas o mundo viu cidades e regiões metropolitanas ficarem tão grandes a ponto de ultrapassarem alguns países quando se comparam suas populações ou mesmo sua riqueza.

Apocalípticas ou distópicas, submersas pelo mar ou cheias de carros voadores... não importa como você imagina os centros urbanos no futuro, mas o certo é que a velocidade com que a população cresce em alguns deles vai mudar a geografia do planeta.

Um estudo recente aponta que as regiões metropolitanas que hoje são as mais populosas do mundo não devem permanecer no topo do ranking no ano de 2100. A projeção foi feita pelos pesquisadores Daniel Hoornweg, da Universidade de Ontário, no Canadá, e por Kevin Pope, da Universidade Memorial da Newfoundland, no mesmo país.

Tóquio, por exemplo, atualmente é o centro metropolitano mais populoso do mundo, com 36 milhões de habitantes. O estudo aponta que ela cairá para a 28º colocação nessa lista, com 26 milhões de pessoas em 2100.

A região metropolitana de Tóquio é hoje a mais populosa do mundo, com 36 milhões de pessoas - EPA - EPA
A região metropolitana de Tóquio é hoje a mais populosa do mundo, com 36 milhões de pessoas
Imagem: EPA

Já a Cidade do México, atualmente na segunda posição, com pouco mais com 20 milhões, deve ver sua população crescer em dois milhões até 2100, mas cairá para a posição 34, de acordo com as projeções feitas pelos demógrafos canadenses.

São Paulo, considerada a quinta maior região metropolitana pelos pesquisadores, com 19,5 milhões, despencaria para a 44ª posição, com uma população ligeiramente menor, de 19,1 milhões.

Assim, os primeiros lugares serão assumidos por cidades de países africanos - Lagos, na Nigéria, Kinshasa, na República Democrática do Congo, e Dar es Salaam, na Tanzânia -, rearranjo que deve provocar uma série de mudanças demográficas, migratórias, socioeconômicas, políticas e ambientais.

Mumbai e Nova Déli, ambas na Índia, são as únicas que permanecem entre as sete maiores. A primeira, que hoje conta com 18,8 milhões de habitantes, passaria do terceiro para o quarto lugar, enquanto Nova Déli, que soma 17 milhões de pessoas, ganharia duas posições.

Regiões metropolitanas mais populosas em 2100

(milhões de habitantes)

Lagos (Nigéria)

88

Kinshasa (Congo)

83

Dar es Salaam (Tanzânia)

73

Mumbai (Índia)

67

Nova Déli (Índia)

57

Cartum (Sudão)

56

Niamey (Níger)

56

Fonte: Hoornweg, Pope

"O poderes econômico e político seguem transitando pelas grandes cidades", diz Daniel Hoornweg à BBC News Mundo, serviço da BBC em espanhol. "Essas megacidades fazem uma diferença gigantesca e desproporcional para as economias locais e global. Também influenciam a concentração de riqueza e a poluição."

Os pesquisadores utilizaram como base de cálculo os dados populacionais do Banco Mundial, de 2006. Os números divergem dos dados da ONU, que utiliza metodologia distinta em relação ao ano base para o cálculos - as Nações Unidas também têm uma definição diferente para os limites geográficos das cidades.

Considerando estes diferentes critérios, a ONU publicou em relatório que também aponta Tóquio como a cidade mais populosa do mundo, com 37 milhões de habitantes, seguida por Déli (29 milhões), e Xangai (26 milhões).

Nesse levantamento, as regiões metropolitanas da Cidade do México e de São Paulo vêm logo atrás, com 22 milhões de pessoas cada uma.

Regiões metropolitanas mais populosas em 2010

(milhões de habitantes)

Tóquio (Japão)

36,1

Cidade do México (México)

20,1

Mumbai (Índia)

20

Pequim (China)

19,6

São Paulo (Brasil)

19,5

Nova York (EUA)

19,4

Nova Déli (Índia)

17

Fonte: Hoornweg, Pope

Mudança de tendência

Historicamente, as maiores cidades do mundo têm desempenhado um papel-chave na economia, representando consideráveis parcelas de tudo que é consumido e produzido nos países. No entanto, o futuro parece incerto. "Existe um temor de que as grandes cidades africanas possam ser uma exceção. Elas crescem em população, mas, em proporção, isso não acontece na economia", diz Hoornweg.

Se o crescimento não for equilibrado, pode haver riscos para a qualidade de vida dos habitantes.

Acredita-se que, à medida que este século avance, pode ocorrer "uma mudança do poder político para a Ásia - primeiro para o leste e, em seguida, para o sul - e depois para a África".

O estudo estima que, até o ano de 2050, nenhuma cidade da China estará entre as dez mais populosas, e que São Paulo e Cidade do México também devem deixar a lista.

Mas por que o ranking muda?

"Todos os países atingem um teto de crescimento populacional, que é uma relação entre taxa de nascimento, mortalidade e migração", diz Hoornweg.

"Nesse momento, Rússia e Japão estão acima desse teto, e isso traz consequências. A China, por outro lado, começará a declinar rapidamente em termos demográficos a partir de 2030. A América Latina passará por fenômeno parecido, mas mais lentamente", afirma.

O desafio das cidades sustentáveis

Os pesquisadores advertem que as regiões metropolitanas com mais 50 milhões de pessoas serão um desafio monumental para os governos, pois serviços básicos como saneamento, educação e saúde pública precisarão ser ampliados exponencialmente.

Projetos de infraestrutura, como estradas e sistemas de trem e metrô, também podem levar décadas para serem finalizados - normalmente, eles crescem em ritmo mais lento que as taxas populacionais.

O crescimento urbano também pode influenciar mudanças climáticas. Das 101 megacidades analisadas, 47 ficam em zonas costeiras, incluindo Lagos, Dar es Salaam e Mumbai, tida como as maiores do futuro. Estudos apontam que o nível do mar pode subir e cobrir parte do território desses centros urbanos.

Já que muitas cidades do sul da Ásia e da África vão assumir as primeiras posições da lista, as megalópoles que hoje estão no topo vão perder esse "status". Contudo, as projeções populacionais podem variar conforme taxas de urbanização, mudanças socioeconômicas, disponibilidade de recursos, sustentabilidade, conflitos e guerras, além de possíveis desastres naturais e climáticos.